quinta-feira, agosto 26, 2010

OS ELEITOS DE DILMA

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Com vantagem folgada nas pesquisas, candidata do PT já começa a montar o esboço do que será sua eventual equipe ministerial



A ordem no quartel-general da campanha de Dilma Rousseff é evitar o salto alto e o clima de já ganhou. Mas, diante da ampla vantagem que a ex-ministra da Casa Civil abriu nas pesquisas de opinião para presidente da República, petistas graduados já começam a esboçar o perfil do que poderá ser o “núcleo duro” do novo governo, a partir de janeiro de 2011. A prudência manda que não se mexa em time que está ganhando. Logo, importantes personagens do primeiro escalão da atual administração ou serão mantidos ou serão remanejados. Mas integrantes da linha de frente da campanha também figuram entre os mais cotados para fazer parte do novo Ministério. Nem todos, porém, devem se considerar donos de assento cativo num eventual terceiro mandato petista. “O tema ministério ainda é meio tabu, sabemos que será preciso abrir espaço para os políticos de partidos aliados, mas pastas tidas como fundamentais não podem ser negociadas”, adverte um poderoso membro do staff de Dilma.
Apesar do sigilo, o primeiro time de Dilma Rousseff deverá ser formado por pessoas que não fazem parte do atual Ministério. É o caso do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, do secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Candidato ao Senado por Minas, Pimentel é um dos nomes fortes para assumir a Casa Civil, pasta comandada por Dilma até abril deste ano. Um dos coordenadores da campanha do PT ao Planalto, o político mineiro é homem de confiança de Dilma, a quem conhece desde os tempos de luta contra a ditadura. E seria o encarregado de tocar os projetos mais importantes do próximo governo. Para Dilma, ele é um executivo de “mão cheia” e teria o perfil ideal para a função. “Seria capaz de dar um cheque em branco ao Pimentel”, elogiou a candidata em recente reunião de campanha.
Outro homem forte da campanha, o ex-ministro Antônio Palocci já teve o nome especulado para a Casa Civil. Mas confidenciou, nas últimas semanas, o desejo de assumir a pasta da Saúde, considerada, segundo pesquisa do Ibope, a maior fonte de preocupação de 40% das famílias brasileiras. A indicação de Palocci, que é médico, tem o carimbo do presidente Lula. Em entrevista à ISTOÉ, o presidente não titubeou ao ser indagado sobre o papel do ex-ministro, em caso de vitória de Dilma. “Acho que no Brasil nós temos, se é que temos, raríssimas pessoas com a inteligência política do Palocci. Ele é muito jovem e certamente dará contribuições enormes a este país”, disse. Lula vê em Palocci o maior responsável pelos fundamentos sólidos da economia brasileira.
Luciano Coutinho também é nome certo. Afinadíssimo com Dilma na formatação do PAC, Coutinho dificilmente deixará de ocupar o Ministério da Fazenda. Se confirmado no cargo, o atual presidente do BNDES deverá trabalhar em parceria com o atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, cotadíssimo para assumir a presidência do Banco Central. Desde que coordenou o programa econômico na campanha de Lula pela reeleição, em 2006, Barbosa não para de ganhar espaço no PT. Considerado pessoa com “competência acima da média” por Dilma, ajudou a viabilizar o PAC, o Minha Casa Minha Vida e foi um dos idealizadores dos estímulos fiscais que ajudaram o País a enfrentar a crise internacional.
Pela sintonia com Dilma, os ministros das Comunicações, Franklin Martins, e do Planejamento, Paulo Bernardo, devem permanecer onde estão. Para a ex-ministra, Franklin “acertou na mão” ao redefinir as regras para a publicidade institucional e tem se revelado um importante elo com setores da mídia. Sempre presente durante os balanços do PAC, Paulo Bernardo é um dos poucos ministros que têm liberdade para ligar para Dilma a qualquer hora do dia. Bernardo quase assumiu a Casa Civil, após a desincompatibilização da ministra. Mas, pela familiaridade com a pasta, a secretária-executiva Erenice Guerra foi a escolhida. E tem agradado, a ponto de ter o nome citado para ocupar o cargo de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete da Presidência. Seria uma espécie de faz-tudo da presidenta.
Entre aqueles que serão remanejados está o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega. Fontes ouvidas por ISTOÉ garantem que Mantega assumirá a presidência da Petrobras. Ex-presidente da estatal, José Eduardo Dutra também é lembrado para o Ministério de Minas e Energia. E o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) cobiça o Ministério da Justiça, cargo para o qual esteve cotado depois que Tarso Genro se afastou para disputar o governo gaúcho. O que Dilma tem revelado aos mais próximos é que os demais ministérios só serão definidos em comum acordo com o PMDB. Hoje o partido do candidato a vice, Michel Temer, ocupa seis ministérios. No governo Dilma, essa cota deverá ser maior.

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