quarta-feira, outubro 27, 2010

Crateús!


As funções, ou razões da existência de uma cidade são: habitar, trabalhar, circular, recrear. É para essas coisas que uma cidade existe. Sem isso, não há razão de ser. Tenho saudade da minha cidade de trinta anos atrás. A cidade era diferente! Parece que a população e as autoridades ainda não acordaram para o que realmente está acontecendo. Já há um bom tempo as janelas e portas das nossas casas e prédios estão sendo gradeadas, cercadas por muros cada dia mais altos (os mais ricos, para complementar a segurança, colocam cercas elétricas e enormes cães raivosos). Só dói quando eu penso na minha cidade de tempos não tão distantes, quando brincávamos nas ruas sem medo, até altas horas. A população e as autoridades precisam acordar para o caos em que nos encontramos, caracterizado pela violência (nos últimos meses, todas as pessoas que foram assassinadas por aqui, disseram que estavam envolvidas com drogas!), injustiça, insegurança, desemprego, miséria, prostituição, drogas e desigualdade social. A nossa cidade hoje colhe os frutos de políticas erradas e equivocadas, da omissão e da falta de vontade política de muitos que não buscaram – e nem buscam -  implementar junto às comunidades mais carentes programas educativos, esportivos e artísticos eficientes que dessem oportunidades aos nossos jovens de sonhar com uma cidade melhor, onde haja mais paz e harmonia social.  
Justiça social? É quando todos os cidadãos participam da divisão justa do bolo social. Mas o pior é que a maioria é espectadora; muitos aplaudem, poucos refletem sobre esse caos em que vivemos. Como disse o pacifista norte-americano Martin Luther King: “Nossa geração não lamenta tanto os crimes dos perversos quanto o estarrecedor silêncio dos bondosos.” Às vezes eu tenho uma ligeira impressão de que a indignação nos dias de hoje não é vista como uma boa qualidade humana. Isso pode ser escapismo: muitos querem se passar por bons só para não se incomodar, não ter que se aborrecer. A moda hoje é: ser alienado disfarçado de bom. Eu não, quero ser mesmo a ovelha negra!
 Precisamos ver a nossa cidade sem óculos escuros, sem estar dentro de um carro, com seus vidros fechados, precisamos conversar com o povo humilde, ser menos alienados. Precisamos buscar alternativas para diminuir o sofrimento das pessoas, para tornar a nossa cidade mais humana. Que sociedade plural é essa que queremos construir, onde os donos do capital mantêm seus subordinados com salários de fome e lhes tolhe a possibilidade de construir um futuro seguro e mais digno? Por enquanto, vejo pelas ruas da cidade muitos jovens sem emprego, sem uma expectativa de vida e afundados em drogas!






Márcio Melo

1 comentários:

  1. Nilo, coloca o autor do texto abaixo, ficou muito legal, mas está como se fosse escrito por você, aí pega mal.

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