segunda-feira, maio 30, 2011

Conversa com Palocci foi 'em tom mais elevado', diz Temer

Jorge Bastos Moreno, O Globo
A crise entre a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer quebrou várias regras elementares da política e, pelo menos, uma do jornalismo, curiosamente, a fundamental - a definição do que é notícia. Coube ao mestre Luiz Garcia a mais resumida delas: "notícia é a quebra da rotina".
Pois bem, um ato mais do que rotineiro no dia a dia de Brasília, e que se banalizou nas gestões FH e Lula, está sendo divulgado, pelas duas partes, como o fato mais solene que marcará a reconciliação entre Dilma e seu sucessor imediato: a foto da transmissão de cargo hoje de manhã, na Base Aérea, de onde ela embarca para uma viagem de 30 horas ao Uruguai.
Ato normalmente restrito ao público interno, e que vem se tornando dispensável justamente pela rotina em que se transformou, será aberto à imprensa, com direito a fotos e imagens. Com direito, não. Com a exigência.
- Fotos, muitas fotos e imagens - pediu um assessor palaciano, ao organizar o evento. Quem quiser poderá transmitir ao vivo os abraços sorridentes da reconciliação.
A antinotícia fala por si, mas não resolve a crise política. Notícia seria, sim, se, na reunião de Dilma com a bancada do PMDB no Senado, nesta quarta-feira, estivessem os nove dissidentes do partido, principalmente o ícone deles, o senador Jarbas Vasconcelos (PE). Era o que prometia Michel Temer.
Mas no início da noite de ontem, o senador pernambucano avisou que não estará presente porque trata-se de uma encontro da presidente Dilma com a base de apoio no Senado, e ele não integra o grupo.
Em entrevista ao GLOBO, na qual tenta esclarecer a sua briga com o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, Temer nega ter usado a expressão "ministério de merda!", em referência à pasta da Agricultura, ocupada pelo seu afilhado político Wagner Rossi - o primeiro a quem Palocci ameaçou de demissão, em represália à votação do Código Florestal com anistia para desmatadores.
Michel Temer reconhece, porém, que a conversa foi áspera. Quem a testemunhou, também, o ministro Moreira Franco, confirma: "O Michel, realmente, não usou palavrão, mas, se usasse, teria sido menos grave do que o que realmente disse, educadamente".

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