quarta-feira, agosto 31, 2011

Dilma inaugura central de telemarketing sob protesto em Recife

A presidente Dilma Rousseff (Roberto Stuckert Filho/Presidência)
GRACILIANO ROCHA
ENVIADO A RECIFE


Em seu último compromisso oficial na viagem a Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff participou nesta terça-feira (30) da inauguração de uma central de atendimento telefônico que deve gerar 14 mil empregos.
Do lado de fora do prédio onde a presidente discursou, cerca de 200 operadores de telemarketing realizaram um protesto contra as condições de trabalho na empresa.
A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Operadores de Telemarketing e não foi vista pela presidente, que entrou e saiu do prédio da Contax, uma das líderes do segmento de telemarketing e relacionamento com o cliente. A petista evitou falar com jornalistas.
Dilma chegou ao prédio, visitou a área de teleatendimento, descerrou uma placa comemorativa e depois proferiu um discurso de quatro minutos em que defendeu o fortalecimento das empresas de serviços no Brasil e exaltou o fato de mulheres representarem 70% da mão-de-obra do setor.
"Essa força de vencer está expressa nas oportunidades que as pessoas no Brasil agarram com duas mãos as oportunidades que têm", declarou.
A Contax investiu cerca de R$ 100 milhões para instalar na capital pernambucana a central de 42 mil metros quadrados --a maior unidade do gênero da América Latina.
Metade do valor foi financiada pelos estatais BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Banco do Nordeste do Brasil.
Fundada em 2000, a empresa faturou no ano passado R$ 2,4 bilhões e atende a telefônica Oi e grupos bancários como Itaú e Bradesco.
MORTES E VAIAS
O protesto não se dirigiu diretamente a Dilma, mas sindicalistas cobraram dela que fiscalize o setor. O presidente do sindicato, Tiago Santos, responsabilizou a empresa por duas mortes de funcionárias.
Eduarda Camila da Silva morreu a caminho do hospital depois de passar mal durante o turno de trabalho, mas a causa da morte, no mês passado, ainda não foi determinada. Aline Silva morreu, em 2010, em um acidente com uma das vans que transportam os funcionários.
O sindicalista, que é filiado ao PCR (Partido Comunista Revolucionário), também reclamou que funcionários recebem menos de um salário mínimo (R$ 545) após descontos.


OUTRO LADO
Por meio de assessoria, a Contax afirmou que as acusações do sindicato são descabidas. A empresa afirmou que não contrata transporte precário para levar os trabalhadores para casa.
A empresa diz que deu assistência à família de Aline Silva.
Sobre o caso de Eduarda Camila Silva, a Contax afirmou que socorreu a funcionária, que foi encontrada desmaiada no banheiro, e a levou ao hospital. Segundo a empresa, a família dela recusou assistência após a morte.
A companhia disse que paga salário mínimo para o empregado que tem carga diária de seis horas de trabalho e não mantém funcionários sem carteira assinada.

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