domingo, novembro 04, 2012

Coleta seletiva de lixo tem alcance social em Crateús

Programa de reciclagem oferece melhor qualidade de vida para as famílias dos catadores do município

O programa foi implantado em fevereiro na sede e já atua em oito bairros fotos: Silvania Claudino
Crateús. Este é um dos poucos municípios do interior do Ceará que vem trabalhando a coleta seletiva. Social e ambientalmente viável, o programa engatinha no sentido do alcance da viabilidade econômica para a gestão municipal, segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam), órgão executor da iniciativa. De acordo com relatório apresentado pela Semam, as dificuldades dizem respeito ao volume coletado seletivamente baixo, mercado instável e a operacionalização da ação.

Mesmo assim, considera que o programa superará os atuais desafios, com o aperfeiçoamento e expansão do serviço, construção de novas parcerias, bem como com a solidificação da Associação dos Catadores, que tem menos de um ano de fundação.

O relatório aponta que o custo mensal da Prefeitura por quilograma de resíduo coletado é maior que o valor médio de venda, indicando a fragilidade econômica do programa.

O entendimento é que é preciso reverter essa situação por meio da ampliação do volume do material coletado, superação das dificuldades operacionais e de mercado.

"O esforço é pela sustentabilidade futura do programa, que já está trazendo grandes ganhos ambientais, como a limpeza da cidade e o cuidado com o meio ambiente, bem como ganhos sociais gerando renda para as famílias dos sócios da Associação. Com a maturidade da ação, alcançaremos a viabilidade econômica com a maior quantidade de material coletado e a comercialização. E isso é questão de tempo", afirma o secretário municipal de Meio Ambiente, Wanderley Marques.

O programa foi implantado em fevereiro na sede e já atua em oito bairros. E em dois distritos da zona rural. A Semam conta com o apoio do Conselho de Políticas e Gestão ambiental (Conpam), Projeto Mata Branca, Instituto Brasil Solidário, Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Ceará (Arce) e a Associação dos Catadores Recicratiú.

O programa de coleta seletiva, desenvolvido em parceira com os poderes público e privado, tem gerado ocupação e renda por meio da inclusão de catadores de materiais recicláveis na gestão dos resíduos sólidos do município, além de buscar a sustentabilidade ambiental.

Análise
De acordo com o relatório, que tem por objetivo analisar os desafios e as perspectivas do programa de coleta seletiva desenvolvido no município, assim como apontar alternativas para melhorar a eficiência e a sustentabilidade do programa, a Prefeitura investe em torno de R$ 7 mil mensais no serviço (caminhão para coleta, energia e despesas em geral) e a Associação tem uma receita aproximada de R$ 3 mil/mês. A renda é rateada entre os 12 catadores.

Da análise dos indicadores das dimensões social, operacional e econômica, foi possível observar a situação atual, suas conquistas e dificuldades, assim como estabelecer novas metas e projeções para o aperfeiçoamento e a continuidade do programa de coleta seletiva do município.

Social
A coleta seletiva é realizada em oito dos 18 bairros do município, em dias alternados à coleta convencional, com apoio de caminhão alugado pela Prefeitura. Antes da criação do programa, os catadores filiados trabalhavam diretamente no lixão, ou em catação na zona urbana, de maneira insalubre.

Sustento
Se para a Prefeitura o Programa ainda é inviável economicamente, para os catadores significa o sustento da família e um trabalho bem mais digno do que no lixão local.

Manoel Ferreira que o diga. Há 20 anos no lixão, desde o início do ano aguardava uma vaga na Associação junto aos filhos, que já tinham garantido suas vagas no início do programa. E sonhavam em levar o pai.

"A renda aqui é quase a mesma, mas trabalho bem menos, na sombra, com condições melhores, sem poeira e insetos. E ainda recebo cesta básica. Estou me sentindo bem melhor e vejo que pode melhorar e ganhar um pouco mais", diz.

Sérgio Wilson, filho de seu Manoel, é o vice-presidente da Recicratiú, também está satisfeito com o trabalho desenvolvido. "Muito melhor que no lixão, é na sombra, tem os equipamentos e estou satisfeito com o que faço aqui", conta.

De acordo com eles, a renda mensal é entre R$ 300 e R$ 400. Wilson conta que está aprendendo a negociar com os compradores do material e acredita que a tendência é da iniciativa crescer.

As pessoas que trabalham com a coleta de materiais recicláveis, em sua grande maioria, vivem em situação de vulnerabilidade social.

O programa tem como característica principal a valorização e a capacitação desses trabalhadores. Diversas atividades já foram realizadas nesse sentido, como rodas de conversa, cursos de associativismo, fortalecimento da autoestima, vídeos motivacionais e dinâmicas de grupo.

Mais Informações:
Semam, Centro de Treinamento, Altamira: (88) 3692.3315/ Recicratiú, Rua José Sabóia Livreiro, 1661 - tel.: (88) 92441.230 - Altamira

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