quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Estão votando sem saber o quê

Só depois de noticiado é que os parlamentares souberam, na verdade, que projeto, realmente, eles tinham aprovado
Os deputados estaduais cearenses aprovam a maioria das matérias levadas a plenário sem o mínimo conhecimento do que está sendo votado. A prova foi a surpresa causada, ontem, pela publicação de uma nota na Coluna "Comunicado", deste Diário do Nordeste, dando conta da aprovação de uma "Homenagem discutível", que foi a instituição do dia 3 de janeiro como o Dia do Profissional da Segurança Pública.
Deputada Fernanda Pessoa, da base oposicionista, afirma que apresentou o seu projeto em razão da greve dos policiais militares do Ceará FOTO: JOSÉ LEOMAR

Provavelmente, quando da votação do projeto de lei, somente a deputada Fernanda Pessoa (PR), autora da proposição estava consciente no que estava aprovando. O Governo, que tem maioria absoluta na Assembleia, não gostaria de ter a matéria aprovada e deverá vetá-la

Segundo a deputada Fernanda Pessoa, integrante da pequena oposição, a escolha da data - que passou desapercebida pela maioria dos deputados -, foi proposital, pois 3 de janeiro foi um dia em que ela percebeu "a importância do profissional da segurança pública para o Estado". A deputada nega que tenha sido motivada a propor tal projeto por influência do vereador Capital Wagner, naquela data seu suplente na Assembleia.

Investida
O deputado Ely Aguiar (PSDC) foi um dos parlamentares que reconheceu ter aprovado o projeto desapercebidamente. Apesar disso, ele afirma que, pessoalmente, não vê nenhum demérito na data, uma vez que lembra profissionais que participaram do "maior movimento paredista" vitorioso da Polícia Militar. Na avaliação dele, no entanto, o projeto de Fernanda Pessoa foi uma "investida contra o Governo do Estado". "Caberia, então, aos líderes e assessores governamentais ficarem atentos a isso", disparou.

Diante da aprovação do projeto, o parlamentar chama ainda atenção para a falta do bom debate na Assembleia em relação às matérias apresentadas e às causas sociais, como seca e segurança pública. Para ele, a Casa tem deputados preparados, mas que estão servindo apenas para "homologar o que o governador manda".

"Hoje você não vê mais aqui ideologia política, só de interesse. Infelizmente, os objetivos políticos estão caindo quando o Governo oferece algo. O que é terrível. Por isso que o Brasil não cresce", disse.

Já o ex-líder do governador Cid Gomes na Assembleia, deputado Antônio Carlos (PT), avalia que o projeto foi uma "sacada inteligente" da deputada Fernanda Pessoa. Ele, que também se mostrou surpreso à aprovação da matéria, justificou a reação, afirmando que não participou da votação.

O deputado Heitor Férrer (PDT), por sua vez, também se mostrou surpreso em relação à aprovação do projeto e disse acreditar que a proposta de Fernanda Pessoa foi proposital. O pedetista, no entanto, avalia que a homenagem é justa. O parlamentar ressaltou ainda que, assim como esse projeto, outros que não têm "consequência direta no cotidiano da sociedade" também são aprovados sem grande discussão. Correligionário de Férrer, o deputado Ferreira Aragão comentou apenas que, independente da data, "todo dia é dia de falar de segurança pública".

Partidarizar

Atual líder do governador na Casa, o deputado José Sarto (PSB) também se disse surpreso com a aprovação da matéria. Na avaliação dele, a motivação apontada por Fernanda Pessoa para a escolha da data foi equivocada e demonstra o interesse da deputada em "partidarizar" o tema.

Para ele, a data não é determinante para a comemoração, uma vez que 3 de janeiro foi um dia controverso e polêmico do movimento paredista da PM no Estado do Ceará. "Isso (o projeto) é irrelevante. Segurança pública é sempre importante discutir", disparou. 

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