sábado, março 09, 2013

Dirigente diz que pagou lobista para ter jogador na seleção


Leão, técnico da seleção brasileira, durante entrevista coletiva em 2001
Leão, técnico da seleção brasileira, durante entrevista coletiva em 2001 - Renato Pizzutto
"Eu já empurrei jogador para a seleção dando comissão. Esse é o mundo do futebol, estou há 40 anos neste negócio e sei como funciona", Luciano Bivar, presidentre do Sport













Doze anos depois de sua contestada participação na seleção brasileira, sob o comando do técnico Emerson Leão, o ex-volante Leomar está no centro de uma acusação nesta sexta-feira: Luciano Bivar, presidente do Sport, clube que o jogador defendia à época, disse ter pago pelos serviços de um lobista para que o ex-jogador, hoje de 41 anos, fosse convocado pela seleção brasileira em 2001. O então técnico da seleção, Emerson Leão, que havia passado pelo clube pernambucano no ano anterior, negou que tenha atendido a desejos de terceiros e pediu que as declarações do dirigente sejam apuradas. Leão comandou a seleção em dez partidas entre outubro de 2000, após a demissão de Vanderlei Luxemburgo, e junho de 2001, quando foi demitido, depois de ficar em quarto na Copa das Confederações, dando lugar a Luiz Felipe Scolari.
Com Leão, a seleção obteve três vitórias, quatro empates e três derrotas. Na Copa das Confederações, com aval do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, levou um time misto no qual o esforçado Leomar foi capitão, e que tinha outros jogadores pouco badalados, como o meia Carlos Miguel, então no São Paulo, e o atacante Magno Alves, do Fluminense. Na campanha, empates contra Canadá e Japão e derrotas para França e Austrália selaram o destino do técnico. Leomar era citado por Leão, na época, como um homem de confiança, que tinha sido seu capitão no Sport - embora tenha dito, numa entrevista, que se tratava de um "jogador nota 7, regular". O volante esteve como titular nas últimas seis partidas do técnico à frente da seleção.
"Naquela época contratamos um lobista para fazer a imagem do Leomar junto à comissão técnica da seleção. Isso acontece todo dia. Se falar com o Felipão, ele vai dizer quantos telefonemas recebe do Qatar e da Rússia. Eles mandam vídeos e estatísticas de jogadores", disse Bivar. Na entrevista que deu a rádio Transamérica de Pernambuco, Bivar foi mais direto: "Eu já empurrei jogador para a seleção dando comissão. Esse é o mundo do futebol, estou há 40 anos neste negócio e sei como funciona." O dirigente se recusou, no entanto, a dar o nome do responsável por executar esse serviço. Além disso, apesar de ter contratado o lobista, disse acreditar que Leomar acabou convocado por méritos próprios. "Esse lobista é do século passado e eticamente não poderia revelar o nome dele. Mas não sei se o Leomar foi convocado só pelo lobby ou se a comissão técnica achou que ele tinha talento, que é no que acredito."
Leão rebateu veementemente as declarações de Bivar e garantiu que, ao longo dos oito meses que passou no comando da seleção, não recebeu uma única oferta de empresários para que priorizasse a convocação de algum jogador. "O único lobby que existiu para a convocação do Leomar foi o bom ano dele como jogador do Sport. Como não me permitiram convocar jogadores dos times de fora, foi dada uma oportunidade a ele. Nada mais que isso. Sinceramente, nunca recebi uma proposta desse tipo. Nem cheguei a conversar pessoalmente com o presidente Ricardo Teixeira quando treinei a seleção. O Antonio Lopes (então coordenador de seleções) jamais interferiu em qualquer coisa. Ele sabia das convocações antes de serem divulgadas, mas quando a lista já estava pronta."  Leão pediu mais informações a Bivar. "Ele disse que não lembra mais com quem fez o lobby. Já que falou, que mostre os culpados. Estou à disposição para qualquer tipo de esclarecimento. Todo mundo sabe que empresários não gostam muito de mim. Eles falam: 'O Leão está naquele clube, não adianta nem oferecer jogador para ele'. O que vale para mim é a qualidade do atleta."
(Com agência Gazeta Press)

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