domingo, maio 12, 2013

Brasil!


POLÍTICA

O enigma Dilma, por Merval Pereira

Merval Pereira, O Globo
A presidente Dilma fez um apelo ao Congresso para que aprove em tempo hábil a MP dos Portos, mas há gente na base criticando muito a atuação das ministras Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e Ideli Salvatti, das Relações Institucionais.
Elas, juntamente com a própria presidente, são conhecidas ironicamente no Congresso como “as meninas superpoderosas”, um desenho animado americano.
Ao contrário de Florzinha, Lindinha e Docinho, no entanto, nossas três superpoderosas vêm perdendo seus poderes à medida que o tempo passa, e hoje há muito descontentamento entre os deputados com a negociação, e a própria presidente tem sido muito criticada como a principal responsável pela maneira autoritária como o Palácio do Planalto encaminhou ao Congresso essa e outras medidas.


Há a sensação generalizada de que a presidente Dilma não gosta de política, não recebe políticos, não entende as questões políticas e só quer submissão. Não entende, enfim, as necessidades de suas bases. Há por trás dessas críticas preconceitos de parte a parte, fora os erros de ação.
O fato de três mulheres comandarem as ações políticas de um governo centralizador pelas características institucionais do país, mas, sobretudo, pelo estilo autoritário da própria Dilma Rousseff, faz com que floresçam num plenário machista reações de rejeição ao trio.
Por outro lado, há uma clara rejeição de Dilma à negociação política, ao disse me disse que caracteriza a ação de bastidores, aos vazamentos de conversas reservadas no gabinete do Palácio do Planalto, às especulações sobre as escolhas que fará para os tribunais superiores, coisas comuns na atividade política que tiram a presidente do sério. Além do fato de que ela e seu marqueteiro, João Santana, sabem que não gostar de política aumenta sua popularidade.
Por isso sua relação com os partidos da base, inclusive ou principalmente com o PT, é boa na aparência, mas sempre conflituosa. Este é um estranho caso em que um precisa do outro, embora ambos gostassem de não precisar.

GERAL

Venda de armas já supera nível anterior a Estatuto do Desarmamento

Silvia Amorim, O Globo
Ao chegar em casa, num condomínio fechado no interior de Minas Gerais, em janeiro deste ano, F. e a mulher foram surpreendidos na porta por três assaltantes. Amordaçados, com armas apontadas para a cabeça e depois trancados no banheiro, eles viram a casa passar por um arrastão. Menos de dois meses depois, F. acorda durante a madrugada com o telefonema do irmão que está hospedado em sua casa na suíte ao lado da dele.
Ladrões estavam tentando entrar na residência, desta vez pela janela do banheiro. Naquele dia, F. decidiu que teria uma arma dentro de casa. Desde o mês passado, ele dorme com uma pistola no quarto comprada legalmente e registrada na Polícia Federal. A história do casal mineiro não é um caso isolado. Em 2012, o número de registro de armas de fogo concedido a cidadãos comuns foi o maior no país desde o Estatuto do Desarmamento.


GERAL

Orçado em R$ 16 bilhões, custo de Belo Monte já supera os R$ 30 bi

Renée Pereira, Estadão
A Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, foi orçada em R$ 16 bilhões, leiloada por R$ 19 bilhões e financiada por R$ 28 bilhões. Quase dois anos depois do início das obras, o valor não para de subir. Já supera R$ 30 bilhões e pode aumentar ainda mais com as dificuldades para levar a construção adiante.
Com a sequência de paralisações provocadas por índios e trabalhadores, estima-se que a obra esteja um ano atrasada. Se continuar nesse ritmo, além dos investimentos aumentarem, a concessionária poderá perder R$ 4 bilhões em receita.


Vinícius Lisboa, Agência Brasil
Militantes a favor da legalização da maconha no Brasil se reuniram na tarde de ontem (11) na Avenida Vieira Souto, na orla de Ipanema, em mais uma Marcha da Maconha (foto abaixo), manifestação anual que ocorre em diversas cidades do país desde 2002. Os manifestantes seguravam faixas que pediam a descriminalização do uso e também em homenagem ao cantor jamaicano Bob Marley, cuja morte completou 32 anos neste sábado. A maior parte dos presentes era jovem.
A passeata estava marcada para as 14h, mas começou às 16h20. A concentração foi entre as ruas Maria Quitéria e Joana Angélica. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 2 mil pessoas estavam na manifestação por volta das 17h. A organização do evento informou que o número de participantes chegou a 10 mil, igualando a marca atingida no ano passado.

Foto: Alexandre Cassiando / O Globo

GERAL

125 anos de Abolição: Maioria dos negros já é de classe média

Antonio Gois e Alessandra Duarte, O Globo
Após 125 anos da abolição da escravatura, o Brasil ainda está longe de ser uma nação livre de desigualdades raciais. Uma análise dos indicadores econômicos e sociais dos últimos 20 anos revela, no entanto, que o país tem avançado.
Tabulações feitas pelo GLOBO em pesquisas do IBGE mostram, por exemplo, que a proporção de brasileiros que se autodeclaram pretos ou pardos no ensino superior dobrou em dez anos, saltando de 19% para 38%. Como resultado, cresceu o percentual de negros em quase todas as carreiras universitárias. Ao mesmo tempo, a distância que separa brancos de não brancos no país em termos de renda per capita também diminuiu.

ECONOMIA

Brasil é o 10º mais protecionista do mundo

O Globo
Mais protecionista do que nunca, o mundo impõe ao novo diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, que assume em setembro, o desafio de brigar com números alarmantes. Dados do relatório Global Trade Alert (GTA), aos quais O GLOBO teve acesso, mostram que os países jamais aplicaram tantas medidas restritivas ao comércio.
Movimento semelhante havia sido feito logo após o início da crise financeira global, em 2008. Nos últimos 12 meses, a Rússia, que acaba de entrar para a OMC, foi, de longe, o país que mais se fechou, com 48 novas medidas restritivas. Em seguida, vem a combalida Argentina, com 28. O Brasil aparece na décima posição, com nove.

MUNDO

Um ano depois, ‘presidente normal’ afunda nas pesquisas francesas

Fernando Eichenberg, O Globo
Há cerca de um ano, em 15 de maio de 2012, François Hollande (foto abaixo) pisava no tapete vermelho estendido no pátio de entrada do Palácio do Eliseu para assumir a Presidência da França no lugar de Nicolas Sarkozy, a quem acabara de derrotar nas urnas. Bastaram 12 meses no poder para que o socialista eleito como o presidente da mudança sentisse o peso e as armadilhas do cargo num país em graves dificuldades, imerso numa Europa em profunda crise econômica.
Sua cota de popularidade sofreu uma erosão de 38 pontos percentuais: de 62% de opiniões favoráveis, em maio do ano passado, para 24% agora, segundo as últimas pesquisas. Nenhum outro presidente da chamada 5ª República (instituída em 1958) registrou uma queda tão acentuada no primeiro ano de seu mandato.


MUNDO

Nobel da Paz rompe com regime sul-africano

O Globo
O arcebispo emérito da Cidade do Cabo e Prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu (foto abaixo), amigo de toda a vida do ex-presidente Nelson Mandela e considerado por muitos a voz da consciência da África do Sul, anunciou que não pretende mais votar no Congresso Nacional Africano (CNA), partido emergido da luta antiapartheid que comanda o país desde o governo Mandela (1994-1999).
Tutu escreveu em um editorial publicado na última quinta-feira no “Globe and Mail” que, “embora não seja um mebro de carteirinha de nenhum partido político”, ele não voltaria a votar no CNA “depois da maneira pela qual as coisas aconteceram”.


POLÍTICA

O segundo grande (as)salto, por Guilherme Fiúza

Guilherme Fiúza, O Globo
No programa partidário do PT na TV, Lula e Dilma comemoraram uma década no poder. Criador e criatura fizeram uma espécie de dueto, alternando frases estimulantes sobre seus feitos nos três mandatos consecutivos e sobre o que ainda vem por aí. “A questão básica agora é a qualidade”, anunciou Dilma. Os brasileiros certamente acordaram eufóricos no dia seguinte.
Depois de dez anos de governo, o PT tem a bondade de oferecer qualidade ao país. Agora ninguém segura. Nessa escalada virtuosa, depois da qualidade o governo popular talvez ofereça felicidade. E depois – suprema ousadia – honestidade.

Foto: Instituto Lula / Divulgação

Houve inclusive um ligeiro mal-entendido em torno da mensagem petista na TV. O partido prometeu ao povo, daqui para frente, “o segundo grande salto brasileiro”.
Como a mensagem é um tanto enigmática, algumas pessoas entenderam que o PT estaria anunciando o “segundo grande assalto brasileiro” – dando a entender que os autores do primeiro assalto não serão mesmo presos, e portanto estariam aptos a repetir o golpe.
Mas essa é uma conclusão precipitada. Todos sabem que o PT não depende dos réus do mensalão para reeditar a trampolinagem. Nesse quesito, o que não falta ao partido é peça de reposição.
Especialistas estão tentando decifrar o que afinal o partido quis dizer com esse tal “segundo grande salto”. Alguns acreditam que seja uma referência cifrada aos sapatos que Rosemary usava em Roma, onde os contribuintes brasileiros bancaram sua recreação na elegante embaixada brasileira.
A despachante de estimação de Lula e Dilma, especializada em tráfico de influência junto às agências reguladoras, não foi convidada pelos padrinhos para a comemoração dos dez anos no poder – uma indelicadeza, considerando seus vastos serviços prestados ao governo popular. Se bem que Dilma escalou o ministro mais importante do governo, Gilberto Carvalho (da Secretaria-Geral da Presidência) para embaralhar as investigações contra Rosemary, o que já é um presentão.
O salto alto de Rose é, sem dúvida, um símbolo do poder petista. E o “segundo grande salto” talvez seja um recado tranquilizador aos companheiros de que os negócios subterrâneos prosseguirão normalmente, mesmo sem a rainha de Roma.

POLÍTICA

Dilma Rousseff explica o segundo emprego de Afif Domingos

“Não vou renunciar ao cargo de vice-governador porque fui eleito”, reincidiu Guilherme Afif Domingos nesta sexta-feira. Mais uma tapeação de quinta categoria.
Em 2010, o eleito foi Geraldo Alckmin, que voltou ao Palácio dos Bandeirantes com o apoio de uma aliança antipetista. Brasileiro vota no cabeça de chapa. Vice vem na garupa.
Afif não foi escolhido pelos eleitores, mas pelos pajés do DEM oposicionista ─ que depois trocaria pelo invertebrado PSD.
Sem ficar ruborizado, o 39° ministro de Dilma Rousseff alega que resolveu continuar no posto que abandonou para não decepcionar os eleitores atraiçoados, que já lhe riscaram a testa com a marca da infâmia.


Quem ouve Afif sem se sentir nauseado deve ter achado muito claro e convincente o palavrório despejado por Dilma Rousseff para justificar a engorda do primeiro escalão.
“E por que um novo ministério?”, perguntou a presidente na cerimônia de posse em que Afif ensinou como deve beijar a mão da dona quem acabou de juntar-se à criadagem da casa-grande. Em países que fazem sentido, a resposta à própria pergunta induziria um bebê de colo a imediata internação da declarante num hospício de segurança máxima.
“No Brasil nós temos de ter e de reconhecer que é necessário um processo de expansão para depois abrir um processo de redução e assinamento”, desandou a Doutora em Nada.
O Brasil que resiste à Era da Mediocridade ficaria menos perplexo se os dois parceiros contassem a verdade. Como sabe até a caxirola que a madrinha dos inventores de araque ganhou de Carlinhos Brown, Afif foi incorporado à multidão de ministros porque contrato é contrato.
Numa das cláusulas do acordo costurado por Dilma e Gilberto Kassab, ficou combinado que parte do aluguel do PSD seria paga com o repasse de um pedaço do primeiro escalão (cofres incluídos) ao ex-adversário que hoje não é de esquerda, nem de direita e nem de centro; é do governo, qualquer governo.
O resto é conversa de 171, número que rima tanto com o vendedor que não diz o que sabe quanto com a compradora que não sabe o que diz.

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