domingo, maio 05, 2013

Brasil!


HUMOR

A charge de Chico Caruso


POLÍTICA

O poder em tempo de facebook, por Fernando Henrique Cardoso

Eu já estava me preparando para apelar aos brasileiros e às brasileiras a fim de assinarmos um texto enérgico, exigindo ação do Conselho de Segurança na Ásia, punição exemplar para o terrorismo islâmico e até um armistício na guerra dos poderes entre nós.
Vendo e ouvindo o noticiário da semana que passou, entretanto, tive a impressão (ou a ilusão) de que o risco da guerra atômica que a Coreia do Norte iria desencadear está afastado. O atentado em Boston foi coisa de americano naturalizado e não de terrorista da al Qaeda. E o choque inevitável entre o Congresso e o STF terminou em abraços.
Dei marcha atrás. Pude ler calmamente dois livros interessantes. O primeiro foi o de Manuel Castells (foto) -  “Redes de indignación y esperanza”. Com precisão, vivacidade e enorme quantidade de informações, Castells passa em revista o que aconteceu na Islândia, em Túnis, no Egito, na Espanha (o movimento dos “Indignados”) e nos Estados Unidos, onde o movimento pela ocupação de espaços públicos (“Occupy”) teve certo vulto.


Por trás desses protestos está o cidadão comum informado e conectado pelas redes sociais e por toda sorte de modernas tecnologias de informação. Havendo um clima psicossocial que as leve à ação e algum fator desencadeante, as pessoas podem sair do isolamento para se manifestar.
Dependendo do fator desencadeante (desemprego, autocracia e imolação de alguém como forma de protesto, em certos casos, ou perda de emprego e de esperança, noutros), as pessoas se mobilizam, juntam-se em grupos ou multidões e contestam o poder.
Como e por que o fazem? Para que as ações ocorram, não bastam as tecnologias. É preciso uma chispa de indignação a partir de um ato concreto de alguém (ou de alguns).
Mais importante do que a origem do protesto, entretanto, é a forma como ele se manifesta e se propaga. A imagem é central para permitir um contágio rápido, por sites como o YouTube ou Facebook.
A chispa, entretanto, só ateia fogo e produz reações quando se junta profunda desconfiança das instituições políticas com deterioração das condições materiais de vida.
A isso se soma frequentemente o sentimento de injustiça (com a desigualdade social, por exemplo, ou com a corrupção diante do descaso dos que mandam), que provoca um sentimento de ira, de indignação, geralmente proveniente de uma situação de medo que dá lugar a seu oposto, à ousadia. Passa-se, assim, do medo à esperança.

GERAL

Uma proposta para a maioridade penal, por Elio Gaspari

Elio Gaspari, O Globo
Vinte e seis estados americanos têm leis conhecidas pelo nome de “Três Chances e Você Está Fora” (“Three Strikes and You Are Out”). De uma maneira geral, funcionam assim: o delinquente tem direito a dois crimes, quase sempre pequenos. No terceiro, vai para a cadeia com penas que variam de 25 anos de prisão a uma cana perpétua.
Se o primeiro crime valeu dez anos, a sociedade não espera pelo segundo. O sistema vale para criminosos que, na dosimetria judiciária, pegariam dois anos no primeiro, mais dois no segundo e, eventualmente, seis meses no terceiro.
Essa versatilidade poderia ser usada no Brasil para quebrar o cadeado em que está presa a sociedade na questão da maioridade penal. Uma pesquisa do Datafolha mostrou que 93% dos paulistanos defendem a redução da maioridade para 16 anos. De outro lado, alguns dos melhores juristas do país condenam a mudança.


É verdade que a população reage emocionalmente depois de crimes chocantes, como o do jovem que, três dias antes de completar 18 anos, matou um estudante, mas essa percentagem nunca ficou abaixo de 80%.
Seria o caso de se criar o mecanismo da “segunda chance”. A maioridade penal continuaria nos 18 anos. No primeiro crime, o menor seria tratado como menor. No segundo, receberia a pena dos adultos. Considerando-se que raramente os menores envolvidos em crimes medonhos são estreantes, os casos de moleza seriam poucos.
O jovem que matou o estudante Victor Hugo Dappmann depois de tomar-lhe o celular já tinha passado pela Fundação Casa por roubo. O menor que queimou viva a dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza também era freguês da polícia. Estaria pronto para a maioridade penal.

POLÍTICA

Oposição quer saída de ministro após tentativa de blindar Rosemary

PSDB e Mobilização Democrática (MD) vão exigir explicações do ministro da Secretaria-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, sobre ação paralela para sabotar investigação contra Rosemary Noronha, revelada por VEJA
Laryssa Borges, VEJA Online
Os partidos oposicionistas PSDB e Mobilização Democrática (MD) anunciaram neste sábado que vão exigir na próxima semana explicações formais do ministro da Secretaria-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e da Casa Civil sobre a instauração de um processo paralelo para investigar a ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, revelado por VEJA desta semana.
O líder tucano na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (PSDB-SP), chegou a defender o afastamento do ministro após a tentativa de blindagem da ex-servidora.
Como mostrou a reportagem de VEJA, sob o pretexto de “acompanhar e orientar” as investigações sobre as traficâncias de Rosemary, Carvalho articulou para inviabilizar a apuração que estava sendo feita contra a ex-funcionária.
Na verdade, a apuração paralela coordenada pela pasta de Carvalho serviria depois como munição para que a defesa de Rosemary Noronha questionasse a competência da Comissão de Sindicância da Casa Civil e tentasse anular no futuro os trabalhos do colegiado.

POLÍTICA

A militância política falsa (e paga) na internet

Renan Calheiros, Aécio Neves e Agnelo Queiroz têm ao seu lado uma rede de militantes que só existem na internet - e na imaginação dos marqueteiros
Gabriel Castro e Marcela Mattos, VEJA Online
Experimente buscar pela hashtag #Agnelo_Queiroz no Twitter. Surgirão dezenas de mensagens de apoiadores do governador petista do Distrito Federal. Por que um gestor questionado por sua atuação pífia e por ligações com infratores tem tanta popularidade na internet?
Já Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, sabe que não reuniria muitos apoiadores se convocasse um protesto a seu favor. Mas, na rede, a opinião parece mais equilibrada.


Uma simples busca pelo nome do peemedebista em caixas de comentários deixará a impressão de que o senador possui um heterogêneo e extenso grupo de apoio.
Desde que voltou ao comando do Congresso, em fevereiro, o senador Renan Calheiros tenta refazer sua imagem. O esforço passa por uma estratégia de guerrilha virtual.
Na última sexta-feira, por exemplo, um deles tentava neutralizar os impactos da notícia de que os garçons de Renan recebem 18 000 reais por mês do Senado: "Eu sou garçom e sei que é possível ganhar uma grana dessa! Bom é o Renan Calheiros, que reconhece isso!".
A ocupação de espaços destinados aos leitores em portais jornalísticos também é parte essencial da estratégia.
O gabinete de Renan tem um histórico de parceria com P&P Inteligência de Marketing, do publicitário Wilmar Soares Bandeira. Ele é ex-secretário de Comunicação do governo de Alagoas e trabalhou na campanha eleitoral de Renan em 2010. A empresa recebeu 244 000 reais desde novembro de 2010.
Wilmar tem uma justificativa um tanto suspeita: diz que sai pela internet produzindo comentários em nome de Renan simplesmente porque gosta do senador. E por que usar nomes falsos?
"Eu gosto de fazer comentários; e às vezes você até dá um nome qualquer", tenta explicar. O empresário afirma que não presta serviços a Renan desde setembro.

POLÍTICA

Dilma tem problemas para armar palanque de 2014

Temer tenta contornar resistências no PMDB, mas setores do partido defendem exame da aliança por estado
Fernanda Krakovics e Maria Lima, O Globo
Ainda falta mais de um ano para o início da campanha da reeleição, em 2014, mas o PT e a presidente Dilma Rousseff já estão convivendo com enormes dificuldades para a composição do palanque eleitoral. Os problemas estão principalmente no PMDB, mas também no PDT e no PR.
Eleito como parceiro prioritário da chapa da reeleição, o PMDB do vice-presidente Michel Temer está rachado de Norte a Sul do país, com muitas dúvidas sobre ter palanque próprio ou simplesmente apoiar a presidente Dilma.
Nos últimos meses, a presidente despachou Temer para uma missão delicada: percorrer os estados problemáticos para promover a reaproximação com governadores rebelados do PMDB, como André Puccinelli (MS), ou para minar possíveis palanques competitivos de adversários, como em Goiás, onde Temer atraiu para o PMDB o megaempresário José Batista Júnior, do frigorífico JBS/Friboi, afastando-o do palanque do presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
O problema mais acirrado está no Rio de Janeiro, onde o PMDB de Sérgio Cabral não aceita o chamado palanque duplo para Dilma no estado. Cabral exige que o senador petista Lindbergh Faria renuncie à pré-candidatura para apoiar o vice-governador, Luiz Fernando Pezão.

POLÍTICA

Palocci investe em consultorias, mas não se afasta do poder

Com Dilma e Lula nos bastidores, ex-ministro diz que deixou a política
Germano Oliveira, O Globo
O ex-ministro Antonio Palocci, 53 anos, desistiu de seguir a carreira política e agora quer se dedicar apenas à empresa de consultoria macroeconômica, a Projeto, que retomou com intensidade, mas cuja atividade deseja manter no anonimato.
Nos bastidores, porém, continua dando conselhos à presidente Dilma Rousseff e é interlocutor assíduo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ex-prefeito de Ribeirão Preto por duas vezes e ex-deputado, Palocci já avisou ao PT e aos amigos que “já cumpriu o dever cívico” na atividade política e que não deseja mais disputar ou ser indicado para cargo público.
— Estou fora da política. Já cumpri o dever cívico e não pretendo retomar a carreira — disse Palocci a assessores que o acompanham na Projeto, a empresa de consultoria que mantém num luxuoso prédio de escritórios no sofisticado bairro dos Jardins, nas proximidades da avenida Paulista, em São Paulo.

GERAL

União tenta reaver na Justiça imóveis funcionais em Brasília

Há 83 apartamentos nesta situação; alguns são usados por aposentados e parentes de funcionário morto
Chico de Gois, O Globo
Destinados, inicialmente, a servidores de outros estados que vinham trabalhar em Brasília e que não eram efetivos, os apartamentos funcionais da União são ocupados por toda sorte de funcionários, alguns até mesmo aposentados ou parentes de servidor morto, o que contraria a regra.

Foto: O Globo

Há pelo menos 83 servidores que ocupam os imóveis e que, de acordo com o Portal da Transparência, não têm nenhum cargo na administração federal. O governo tem 86 ações judiciais tentando reaver imóveis ocupados de forma irregular.

GERAL

De antigo império da soja à maior favela rural no interior do Brasil

Assentamento em MS é símbolo de reforma agrária fracassada, sem assistência técnica
Germano Oliveira, O Globo
O ex-militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Ilmo Ivo Braun, um catarinense de 64 anos, mal consegue caminhar. O pé inchado não o deixa andar pela lavoura de milho, plantada em seu pequeno lote de seis hectares, recebido a título de reforma agrária.
Ele mora sozinho, sem filhos, na casinha sem reboco, construída com os R$ 15 mil recebidos do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), há 11 anos. Esse foi o único subsídio recebido desde que ele obteve a terra, depois de passar um ano acampado numa barraca de lona à espera do tão sonhado quinhão de terras.
Sem apoio para plantar, Ilmo arrenda o lote para grandes fazendeiros da região. Dinheiro que complementa os R$ 678 que ganha de aposentadoria.
O arrendamento é ilegal. Mas foi a alternativa que encontrou para não cometer o mesmo crime de vizinhos, que aceitaram a tentadora oferta de R$ 150 mil para vender a propriedade.

GERAL

Favelas cariocas começam a ganhar as cores do arco-íris

Homossexuais derrubam preconceito e conquistam a aceitação de vizinhos
Laura Antunes, O Globo
Definitivamente, revelar uma opção sexual ao mundo não é fácil. Imagine, então, sair do armário numa comunidade controlada pela mão pesada do tráfico ou das milícias e onde a religião, muitas vezes, dita normas de conduta. O anúncio pode detonar um rastilho de deboches, constrangimentos e humilhações diversas.
Quem, num passado recente, enfrentou essa situação tem viva na memória as marcas da discriminação. Mas, felizmente, a questão da diversidade parece vir trilhando um novo caminho, no qual o respeito dá um tom de cordialidade às relações. Exemplos não faltam.

Bonde das Bonecas. FotoO Globo

Em Rio das Pedras, na Zona Oeste bomba um pub frequentado pelo público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros). E olha que a comunidade é um reduto cabra-macho, sim senhor. Juntamente com a Rocinha, a favela é um dos destinos preferidos dos nordestinos que vêm morar no Rio.
Nos bailes da periferia também há novidades positivas. Oriundos de Cinco Bocas, uma favela de Brás de Pina, cinco jovens estouraram no Youtube com o grupo funk Bonde das Bonecas.
Um dos vídeos teve mais de três milhões de visualizações em dois meses. Na comunidade viraram ídolos e trouxeram novo visual para o figurino do batidão. Eles sempre se apresentam com as cores do arco-íris.
— A gente se orgulha de nosso trabalho ajudar a diminuir o preconceito. Se éramos olhados de lado, agora pedem para fazer fotos com a gente. — diverte-se Rafael Cullen , de 19 anos, dançarino do Bonde das Bonecas.

ECONOMIA

Risco ambiental à espreita na próxima licitação de petróleo

Blocos do Rio Grande do Norte ao Amapá, que vão a leilão este mês, ficam perto de santuários ecológicos
Bruno Rosa e Ramona Ordoñez, O Globo
Ao lado do inimigo. Será possível a convivência da exploração de petróleo com verdadeiros santuários naturais, como manguezais e áreas de reprodução de tartarugas marinhas e corais?


Este será um dos maiores desafios da 11ª Rodada de Licitações, que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) vai realizar nos dias 14 e 15 próximos.
A poucos dias do leilão, ambientalistas alertam que pouco se conhece, nas regiões onde estão os blocos da margem equatorial (região que vai da costa do Rio Grande do Norte ao Amapá), sobre as correntes marinhas, ventos e marés.
Este conhecimento é necessário para evitar que, em caso de vazamento, o óleo atinja a costa repleta de unidades de conservação. Os blocos estão entre 60 e 100 quilômetros da costa.

ECONOMIA

BNDES não cumpre exigência ambiental no crédito a Belo Monte

Contrato prevê suspensão de desembolso em caso de irregularidades
O Globo
Financiada pelo BNDES, a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, tem recebido tratamento privilegiado do banco.
Embora o contrato determine a suspensão dos desembolsos em caso de descumprimento das exigências ambientais ou atrasos na adoção de medidas para minimizar o impacto da obra no meio ambiente, na prática, essa determinação não está sendo seguida.
Mesmo descumprindo exigências ambientais, o que já resultou na aplicação de multa pelo Ibama, a obra segue recebendo regularmente os recursos do financiamento de R$ 22,4 bilhões, o maior crédito da história do banco.

ECONOMIA

Turista ‘mão aberta’, brasileiro entra na mira do Reino Unido

Promoção comercial busca fatia dos R$ 4 bi gastos no exterior por mês
O Globo
O governo britânico está mirando no turista brasileiro para turbinar sua economia. O motivo é simples: o Reino Unido identificou que o turista daqui é o mais “mão aberta” do mundo.
Segundo o VisitBritain, equivalente inglês à Embratur, o brasileiro gasta duas vezes mais do que outros estrangeiros. São, em média, 1.100 libras (cerca de R$ 3.300) por viagem.

Para atrair brasileiros, Harrods aceita pagamento em reais. Foto: Carl Court / AFP

Para atrair mais brasileiros — hoje são quase 300 mil por ano — o país quer desfazer a imagem de que é um destino caro e resolveu investir pesado em ações de promoção comercial.
A ideia é abocanhar ao menos parte do mercado cativo dos EUA, principal destino dos viajantes. Os brasileiros gastam R$ 4 bilhões por mês, em média, ao redor do mundo. E, desse montante, o Reino Unido vê apenas R$ 1 bilhão por ano.
— São experiências de consumo diferentes. O turista que vai para a Inglaterra quer o customizado e não o pasteurizado — diz Samuel Lloyd, gerente do VisitBritain para a América Latina. 

ECONOMIA

Entre 1970 e 2011, número de pobres caiu 42 milhões

Proporção da pobreza recuou de 68,3% para 10,1% da população
Lucianne Carneiro, O Globo
Em pouco mais de quatro décadas, a pobreza despencou no Brasil. A proporção de pobres na população caiu de 68,3% em 1970 para 10,1% em 2011, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, consolidados pela economista e pesquisadora do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) Sonia Rocha.
O número de pobres no Brasil passou de 61,137 milhões para 18,724 milhões, ou seja, são 42,413 milhões a menos de pobres na sociedade. O estudo, que será apresentado no XXV Fórum Nacional, aponta ainda que a fatia dos pobres avançou nas regiões Sudeste e Norte.
— A pobreza teve forte queda entre 1970 e 2011 e a redução da desigualdade foi fundamental nesse processo — diz a economista.

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