sexta-feira, junho 21, 2013

NOTA TÉCNICA: ABASTECIMENTO EMERGENCIAL DE CRATEÚS

Principal trecho:
Diante desta situação, o único reservatório capaz de transferir água para garantir o abastecimento de Crateús, pelo menos até fevereiro de 2014, seria o Flor do Campo, que apesar da redução verificada ainda acumula 16,7 milhões de m3 (dado do final de maio de 2013). A água liberada através da galeria do açude Flor do Campo escoa por gravidade até o açude Carnaubal e, para garantir maior eficiência do uso da água a ser armazenada no açude Carnaubal, a COGERH construirá, com recursos próprios e do Tesouro Estadual, uma adutora de montagem rápida de 13,6 km ligando este açude ao sistema de captação do abastecimento de Crateús, reduzindo as perdas e retiradas para outros usos ao longo do rio.
A alternativa da construção de outra adutora de montagem rápida, desde o açude Flor do Campo até o açude Carnaubal, teoricamente contribuiria para uma maior economia de água nesse procedimento. Contudo, um estudo mais apurado, do ponto de vista hidráulico, mostrou que a diferença de reserva do açude Flor do Campo no final de 2014, comparando-se a liberação através de adutora e diretamente pelo leito do rio, não é significativa, desaconselhando o investimento estimado em cerca de 11 milhões de reais para a construção da adutora. Isto decorre do fato de que, mesmo que a adutora fosse construída num prazo de 3 meses, portanto, bastante curto, o açude Flor do Campo ficaria sujeito, nesses meses, a uma elevada evaporação, devido a maior superfície de evaporação. Na outra alternativa, como a liberação teria início em breve e por um curto período, menos de 2 meses, uma parcela da água que seria evaporada seria transferida para o açude carnaubal, que estaria com uma superfície de exposição bem menor, reduzindo a perda por evaporação. As simulações em anexo mostram que a vantagem da alternativa de adutora em relação à liberação livre no leito do rio é pequena, equivalendo ao volume de 700 mil m3 em dezembro de 2014, o que representa um ganho de apenas 2 meses de reserva para o abastecimento de Novo Oriente, que na alternativa da adutora chegaria a fevereiro de 2015 e na alternativa do rio alcançaria dezembro de 2014. Ambas as simulações consideram, por precaução, uma recarga para o açude Flor do Campo durante a quadra chuvosa de 2014 equivalente à menor recarga registrada desde a sua construção, que foi a de 2012, cerca de 2,2 milhões de m3.
Estima-se que nesta operação será liberado o volume de 7 milhões de m3 a partir do açude Flor do Campo e que, deste montante, cerca de 65% chegue ao açude Carnaubal, em torno de 4,5 milhões de m3, suficiente para garantir o abastecimento de Crateús até fevereiro de 2014 e para manter uma reserva no açude Flor do Campo suficiente para abastecer o município de Novo Oriente até dezembro de 2014, mesmo na hipótese de ocorrência de reduzida precipitação nesta região na quadra chuvosa de 2014, comparável à seca de 2012.
Com relação aos aspectos construtivos e hidráulicos da adutora, a sua dimensão, com uma extensão de 40 km e diâmetro de 300 mm, não permitiria, na melhor das hipóteses, a sua conclusão num prazo inferior a seis meses, mesmo em caráter emergencial. Opção inviável, já que Crateús poderá entrar em colapso num prazo de 3 meses. Além disso, as experiências de uso de adutoras de montagem rápida em nosso estado tem mostrado que sua aplicação é mais recomendável para distâncias até 25 km e com reduzido desnível ou irregularidade topográfica. Fora dessas condições, a necessidade de adoção de critérios hidráulicos mais rígidos torna o custo da adutora de montagem rápida próximo ao de uma adutora convencional, além de exigir a elaboração e a contratação de projeto executivo, exigindo um prazo maior para a sua execução. Pelo exposto, conclui-se que não há outra alternativa viável.”

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