domingo, julho 28, 2013

Brasil

GERAL

O poder do Papa, por Luis Fernando Veríssimo

Os Papas já tiveram o poder de reis. A história da Europa é, em grande parte, a história desta divisão de poder, e da luta entre os dois absolutismos, o dos Papas e o dos monarcas. O Geoffrey Barraclough (historiador favorito do Paulo Francis quando este ainda era de esquerda e escrevia no “Pasquim”) tinha uma tese segundo a qual a rivalidade de Roma com os reis explicava a superioridade da Europa sobre as sociedades orientais, que já eram civilizadas quando a Europa ainda era terra de bárbaros, mas governadas por dinastias antigas, rígidas e incontestadas, e por isso paradas no tempo.
Na Europa, quem não quisesse se submeter a uma monarquia tinha a opção de se submeter à Igreja. A troca era de um império teocrático por outro, claro, mas criou-se o hábito de dissidência e de pensamento dialético, prólogo para o desenvolvimento científico que viria depois, apesar do obscurantismo da Igreja. E a opção determinou que a Europa não fosse um império monolítico, e sim uma coleção de pequenos Estados.
Acima de tudo, o pluralismo reforçou a independência e a importância das cidades comerciais — Milão, Palermo, Gênova, Veneza, Marselha, Barcelona, Antuérpia, Southampton, Lisboa, as cidades da liga hanseática (o primeiro ensaio de um mercado comum europeu) etc. —, cuja competição impulsionaria as descobertas e a expansão colonial. Tudo isto porque os Papas eram iguais aos reis, inclusive na pretensão de representarem a vontade de Deus na Terra, com exclusividade.
Dizem que certa vez Stalin reagiu à notícia de que o Vaticano o teria reprovado, por alguma razão, com a pergunta desdenhosa: “E quantas divisões tem o Papa?” Desde que perdeu seu poder que rivalizava com o dos reis, o Papa só tem a seu dispor a Guarda Suíça, e assim mesmo para fins decorativos. Mas o Vaticano é o grande exemplo de um Estado cuja potência não se mede com armas — pelo menos não com armas convencionais.
Atualmente, a julgar pela recepção que ele teve no Brasil, o arsenal do Vaticano se resume ao sorriso simpático de um homem. A Igreja não tem mais a relevância política e histórica que teve antigamente e sacrificou muito da sua autoridade moral com posições retrógradas e escândalos financeiros e sexuais. Mas a emoção das multidões que ele mobilizou serviria como uma resposta ao Stalin.

Luis Fernando Veríssimo é escritor.


POLÍTICA

Cabral precisa descobrir o Brasil, por Elio Gaspari

Elio Gaspari, O Globo
Sérgio Cabral foi reconduzido ao governo do Rio em 2010 com os votos de dois terços do eleitorado. Uma vitória para ninguém botar defeito. Em menos de três anos tornou-se um governador detestado.
Talvez seja exagero acreditar que é o pior entre seus pares, mas pode-se ter certeza de que foi o que impôs a maior quantidade de desaforos ao seu povo. Gosta de uma viagenzinha, mas tem no colega Cid Gomes um rival.
Usa o helicóptero da viúva para levar o cão Juquinha a Mangaratiba, mas queima menos combustível que os ministros da doutora Dilma na JetFAB (1.664 solicitações em seis meses). Comparado com o comissário Alexandre Padilha, é um sedentário.

Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro


O ministro da Saúde voou 110 vezes, na maioria dos casos para São Paulo. Diz bobagens, já defendeu o aborto informando que a Rocinha era “uma fábrica de produzir marginal”, mas foi um dos governadores do estado que, com ajuda federal, mais investiram em programas de recuperação dessas comunidades.
É dado a breguices: “Este é o melhor Alain Ducasse”, disse, referindo-se ao restaurante onde concluíra um repasto, em Mônaco.
Desde que o “Monstro” saiu às ruas, Cabral desafiou-o. Disse que “essas manifestações estão tendo um caráter, um ar político que não é espontâneo da população”. (Na semana passada, elas tinham o apoio de 89% dessa população.)
Fabricada era a passeata que seu governo organizou para apoiá-lo na disputa pelos royalties do petróleo. Tinha cercadinho VIP e pulseirinhas para celebridades.
Cabral justificou seu uso privado de helicópteros públicos dizendo que “não sou o primeiro a fazer isso no Brasil”. Esqueceu-se de dizer que não reincidirá no folguedo.


POLÍTICA

‘Lula não vai voltar porque não saiu’, afirma Dilma

Em entrevista à ‘Folha de S. Paulo’, presidente diz que Mantega fica na Fazenda
O Globo
A presidente Dilma Rousseff afirmou, em entrevista exclusiva à “Folha de S. Paulo” que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não vai voltar porque ele não saiu". Na edição que vai às bancas neste domingo, a presidente afirma que não se incomoda “nem um pouquinho” com comparações a Lula.
Dilma afirmou também que o ministro Guido Mantega vai permanecer à frente do Ministério da Fazenda e que a inflação está sob controle. A presidente negou estar pensando em diminuir o número de ministérios, pois acredita que isso não vai significar redução de custos para a União.
Para Dilma, a reforma política é um pedido “de todo mundo”. Na opinião dela, o plebiscito que ela sugeriu traria mais legitimidade às mudanças políticas.
A presidente disse, ainda, que não é centralizadora ou autoritária, como alguns dizem e que acompanha de perto o que considera prioritário em seu governo. “Não, eu não sou isso, não. Agora, eu sei, como toda mulher, que, se você não acompanha as coisas prioritárias, tem um risco grande de elas não saírem. É que nem filho. Você ajuda até um momento, depois deixa voar”.


POLÍTICA

Prefeito de Maricá nomeia 132 filiados ao PT; 78 de fora da cidade

Washington Quaquá é candidato à presidência regional da sigla
Fernanda Krakovics, O Globo
Candidato à presidência do PT fluminense, o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, nomeou, desde abril, 78 filiados do partido de fora da cidade, situada na Região dos Lagos, para cargos de confiança em sua gestão, além de 54 petistas do próprio município, segundo cruzamento feito pelo GLOBO entre o Jornal Oficial de Maricá e os registros de filiação partidária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nos bastidores da disputa, adversários acusam Quaquá de usar a máquina da prefeitura para comprar votos e financiar sua campanha para presidente do PT fluminense.

GERAL

Homofobia: ódio que cresce à sombra da impunidade

Enquanto projeto de criminalização não é aprovado, agressões a gays se multiplicam no Rio
Rafael Galdo, O Globo
Num intervalo de sete meses no ano passado, o professor e performer Kleper Reis, de 31 anos, foi vítima de duas agressões físicas motivadas pela homofobia, que o levaram a crises de pânico e o forçaram até a mudar de endereço. Na primeira, três amigos e ele foram espancados por cerca de 20 homens na Lapa.
Na segunda, Kleper e seu companheiro deixavam uma festa em Pedra de Guaratiba quando foram abordados por dois homens, um deles com um pedaço de madeira na mão.

Kleper, agredido duas vezes em sete meses

Eles arrancaram a saia que o professor vestia, aos gritos de que ali homem não andava daquele jeito. Em ambos os casos, os agressores ainda não foram punidos.
Enquanto o projeto de lei 122/06, que criminaliza a homofobia, está emperrado em polêmicas no Congresso Nacional, agressões como a sofrida pelo professor se multiplicam.
Ele foi um dos 1.902 usuários (em 4.267 atendimentos) que procuraram um dos quatro Centros de Cidadania LGBT do Programa Rio Sem Homofobia, do governo estadual, no ano passado, a maioria deles (831, ou 39%) por ter sofrido algum tipo de violência homofóbica.

GERAL

O ressurgimento da Igreja política

Opção de Francisco pelos pobres anima Teologia da Libertação a retomar ativismo social
Chico Otavio, O Globo
Penhasco abaixo, um pequeno grupo de peregrinos destoava da massa de católicos que coloria a orla marítima do Rio na sexta-feira. No lugar de bandeiras de estados e países, erguia faixas em defesa da vida. Nas camisas, a estamapa do rosto de Che Guevara.
Para os jovens presentes, a marcha iniciada no Arpoador era mais do que um grito contra as mortes violentas nas periferias brasileiras.
Significou também o despertar de uma corrente que parecia hibernar sob um manto de silêncio e perseguições: a Teologia da Libertação, que encontrou no Papa Francisco uma luz de esperança após três décadas de esvaziamento na América Latina.

ECONOMIA

Vendem-se ativos

Petrobras, Vale e Oi precisam gerar caixa para reduzir dívida e superar crise. Perda de valor vai a R$ 100 bi
Bruno Rosa, O Globo
Com endividamento elevado e um plano de investimento robusto pela frente, três das maiores empresas brasileiras de infraestrutura — Petrobras, Vale e Oi — estão seguindo a mesma receita: venda de ativos.
Afetadas pela desaceleração global e pela desvalorização do real, cada uma à sua maneira, elas vêm apertando os cintos para aumentar receitas enquanto veem seu valor de mercado despencar.
Este ano, as três gigantes já perderam R$ 100 bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Nas próximas semanas, quando divulgam resultados do segundo trimestre, as companhias seguem no radar dos investidores. A previsão é de quedas nos lucros.
A lista de ativos vendidos — para fazer caixa e focar no prioritário — é extensa. Nos últimos meses, a Petrobras se desfez de metade de seu portfólio na África, além de campos no Golfo do México e no Brasil.


Tenta ainda vender ativos na Argentina e no Japão. A Vale desistiu de um projeto na Argentina e passou à frente minas na Colômbia, enquanto prepara a venda de sua participação em uma produtora de bauxita e busca sócios para sua empresa de logística.
A Oi já passou o direito de uso de mais de seis mil torres pelo país este ano e acaba de vender sua rede de cabos submarinos. Juntas, as empresas arrecadaram até agora pelo menos R$ 11 bilhões.
— Há um problema generalizado de caixa por causa de uma menor demanda por commodities e serviços. Muitas empresas no Brasil passam por esse momento. É reflexo da crise global e do baixo crescimento do país. A saída é vender ativos que não geram valor e fazer caixa. A dúvida é saber se as vendas estão sendo feitas pelo preço ideal — diz Istvan Kasznar, economista da Ebape da Fundação Getulio Vargas.

MUNDO

Época: EUA espionaram Brasil sobre sanções ao Irã

País foi um dos vigiados antes de votação na ONU, mostra documento da NSA
O Globo
A Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos espionou países-membros do Conselho de Segurança (CS) da ONU em 2010 - incluindo o Brasil - antes da votação das sanções contra o Irã por causa do programa nuclear do país do Oriente Médio.
O objetivo era saber como votariam os integrantes do órgão. A revelação, na edição deste domingo da revista “Época”, baseia-se em documento ultrassecreto da NSA ao qual a publicação teve acesso. 

O esquema geral de espionagem às representações diplomáticas do Brasil em Washington e na ONU, em Nova York, já fora revelado pelo GLOBO no início do mês, em documentos secretos repassados pelo ex-analista de informações da NSA e da CIA Edward Snowden ao jornalista do “Guardian” Glenn Greenwald, também colaborador da “Época”.
Snowden está refugiado no Aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, à espera de asilo em algum país.
Desta vez, porém, vêm à tona indícios de um caso concreto. E também, contrariamente ao que garante o governo americano, que a NSA não coleta apenas os chamados metadados - informações como quem fez uma chamada telefônica, para quem fez, tempo de duração etc. - mas também obteve acesso ao conteúdo das mensagens.
O documento de agosto de 2010, intitulado “Sucesso silencioso” e marcado como ultrassecreto numa categoria com proibição de exibição a estrangeiros, indica espionagem de comunicações diplomáticas de Brasil, França, Japão e México - todos membros do Conselho de Segurança naquele momento (a França em caráter permanente).

MUNDO

Milhares de peruanos protestam em Lima

Os protestos começaram no início de julho contra uma lei do governo que pode restringir a autonomia das universidades. Grupo critica governo de Ollanta Humala
O Globo
Milhares de peruanos protestaram, neste sábado, em Lima, no Peru, contra o governo de Ollanta Humala e o sistema político que eles dizem que não os representa, uma queixa reiterada nas ruas durante quatro marchas que ocorreram na capital peruana.



MUNDO

72 mortos em confrontos entre partidários de Mursi e soldados

Apesar de número oficial, médicos em hospital de campanha afirmam número de vítimas chega a 120
O Globo
As Forças Armadas egípcias confrontaram com violência partidários do presidente deposto Mohamed Mursi que protestavam no Cairo. Segundo o Ministério da Saúde, os confrontos na madrugada deste sábado mataram 72 pessoas.
O número oficial, entretanto, diverge de outras contagens. Médicos em um hospital de campanha no distrito de Cidade de Nasser, centro de protestos a favor de Mursi, relataram à rede de televisão al-Jazeera que o número de vítimas chega a 120.
Enquanto isso, Ahmed Aref, porta-voz da Irmandade Muçulmana, aliada de Mursi, afirmou que 66 pessoas morreram, 61 estão “clinicamente mortas”, e outras 4.500 encontram-se feridas. Mais cedo, o próprio grupo afirmara que a cifra podia passar de 200.

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