sábado, agosto 10, 2013

INHAMUNS Casos de dengue ainda persistem na seca

Agentes de saúde e de endemias estão trabalhando em parceria junto às comunidades em risco
Crateús. A prolongada estiagem traz consequências negativas também à saúde pública. O desabastecimento de água neste município está resultando no aumento no número de casos de dengue. Para acumular água, a população se utiliza de potes, baldes, caixas de água e outros tipos de recipientes, que, quando não são tampados, acabam servindo como local ideal para proliferação do aedes egypt, mosquito transmissor da dengue.

Servidores da Secretaria Municipal de Saúde de Crateús fazem campanha de mobilização da comunidade contra a dengue fotos: Silvania Claudino

Confirmações
A maioria dos focos do mosquito encontrada nas residências é em objetos dessa natureza, segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde. Até ontem, a Secretaria registrou 311 casos da enfermidade somente neste ano, no município.

Considerado epidêmico, o número assusta a Secretaria Municipal, que investe em ações estratégicas em bairros da cidade para reduzir o Índice de Infestação Predial - atualmente em 6,81%, número considerado elevado pela Organização Mundial de Saúde. Na manhã de sexta-feira, o órgão realizou uma mobilização no bairro Cidade Nova, com vistas a chamar a atenção da população para a situação atual e conscientizar sobre o principal problema: o inadequado acúmulo de água em recipientes.

Depósitos

"Os principais depósitos são potes, tambores, roupeiros, bacias, baldes e outros similares que a população utiliza no período de racionamento para acondicionar água. Estes representam 85,6% dos depósitos com foco. Apenas 14 % dos depósitos são caixas d´água, e 0,4% são outros tipos de criadouros. Mas a preocupação é em todo o Estado, devido à escassez de água ser generalizada", ressalta o coordenador de Vigilância à Saúde, Juracir Bezerra.

O racionamento de água na cidade começou no mês de março, quando o volume de água do açude Carnaubal chegou, praticamente, ao fim de suas reservas e passou a abastecer a cidade com o ´volume morto´. Daí, a água começou a chegar aos bairros em dias alternados e a população começou a se precaver reservando o líquido em recipientes diversos.

O número de casos pode aumentar porque o órgão aguarda, ainda, o resultado de 421 casos enviados para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Das 866 notificações feitas do início do ano até o dia 9 de agosto, 134 deram negativo para dengue; 311 foram confirmados e o restante a Secretaria aguarda os resultados.

Para conter o avanço da doença, a Secretaria de Saúde está realizando ações em parceria com as Associações Comunitárias, exército e a Cagece.

Mobilização

No bairro Cidade Nova, a equipe de Saúde da Família, juntamente com o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (Nasf) e os agentes de saúde percorreram as principais ruas, com a distribuição de panfletos nas residências e colocação de cartazes com as formas de prevenção nos locais de grande concentração, como padarias, mercadinhos, lojas, escolas e comércio em geral.

Para a enfermeira Edna Rodrigues, do CAIC, posto de saúde do bairro, a escassez de água é o maior fator para o elevado número de casos de dengue este ano no município.

"Está tendo muitos casos. Muitas pessoas aqui do bairro têm buscado o posto de saúde diariamente com sintomas de dengue. A seca é um dos fatores porque com a falta de água as pessoas acumulam água de todas as formas, e muitas vezes não tampam os recipientes", alerta.

Em Tauá, que registra o maior número de casos do Estado, junto com a capital Fortaleza (4.097 casos), segundo o último boletim da Secretaria de Saúde do Estado (SESA), a Secretaria Municipal também intensifica as ações e enfrenta problemas similares a Crateús. Registrou 820 casos da enfermidade e a escassez de água é fator complicador na redução do Índice de Infestação Predial.

Com a intensificação das ações, o município tem conseguido reduzir o número de casos da doença e nos últimos dois meses obteve sucesso. Em junho, registrou seis casos e em julho nenhum caso, de acordo com a Sesa. Uma das estratégias é o trabalho conjunto de agentes de saúde e agentes de endemias com a comunidade. "Estamos trabalhando de forma diferenciada nas áreas de maior incidência e temos conseguido êxito na redução. Continuaremos inovando nas ações para reduzir o Índice de Infestação", destaca a secretária municipal de saúde, Ademária Rosa.

Mais informações

Secretaria de Saúde de Tauá
Telefone: (88) 3437.2068
Secretaria Municipal de Saúde Crateús
Telefone: (88) 3692.3315.

SILVÂNIA CLAUDINOREPÓRTER

ENQUETE
Como combater a doença no município?
"É importante conscientização como esta feita. Informar nunca é demais e aqui estamos tendo muitos casos. No meu trabalho, já vi duas pessoas doentes e a população sendo informada pode colaborar mais"

Camila GonzagaMoradora do bairro Cidade Nova

"A maior causa é o armazenamento de água em baldes, potes e outros recipientes que a população tem feito por receio de ficar sem água. Aqui no bairro os focos são nesses locais. A campanha é importante"

Roberta Cristina AlvesAgente de saúde em Crateús 

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