quinta-feira, setembro 19, 2013

Cid se irrita com decisão do PSB

O governador informou que não decidiu ainda sobre sua continuidade no PSB ou se deixará de apoiar o governo Dilma
Brasília (Sucursal). Com um único voto contrário, o do governador cearense Cid Gomes, a Executiva Nacional do PSB decidiu ontem em Brasília entregar todos os cargos que ocupa no governo da presidente Dilma Rousseff. A decisão atende aos anseios do governador de Pernambuco, e presidente nacional da legenda, Eduardo Campos, que é pré-candidato à Presidência da República em 2014.

Eduardo Campos, em primeiro plano, deu o pontapé para consolidar suas pretensões em 2014. Cid Gomes, em segundo plano, diverge FOTO: FOLHAPRESS

Demonstrando extremo aborrecimento com os resultados da reunião o governador do Ceará deixou a sede do PSB com poucas declarações à imprensa. Afirmou apenas: "Defendo a tese de que devemos usar a cabeça". O PSB ocupa três cargos no primeiro escalão do governo federal, sendo eles o Ministério da Integração Nacional, com Fernando Bezerra, a Secretaria dos Portos, com o cearense Leônidas Cristino e a Diretoria Executiva das Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), ocupada por João Bosco de Almeida.

"Estamos deixando o governo, entregando as funções que ocupamos para deixar o governo à vontade e também para que nós possamos ficar à vontade para fazer o debate sobre o Brasil. Não vamos, de forma nenhuma, entregar os cargos e estar na posição de oposição. Vamos seguir dando apoio àquilo que nós entendemos ser correto", afirmou Eduardo Campos. Segundo o pernambucano, assim o PSB estará livre para fazer o debate sobre o futuro do Brasil e sobre a possibilidade de ter ou não candidatura própria, "que é um desejo da militância, das nossas direções em outros estados".

Por meio da assessoria de imprensa, Cid Gomes informou que não tomou qualquer decisão ainda sobre sua continuidade ou não no PSB ou se deixará de apoiar o governo Dilma neste momento. Ele confirmou, no entanto, que Leônidas Cristino vai deixar o Ministério dos Portos.

Leônidas, que cumpre agenda no Panamá, disse ontem, por meio da assessoria, que vai cumprir a decisão do partido e que cumpriu seu papel como ministro dos Portos.

Apoio

Campos afirmou a que os governos estaduais do PSB que têm petistas como secretários discutirão caso a caso. Segundo disse, 5 ou 6 estados têm relação de construção de palanque com o PT e ainda não se sabe como ficará a aliança agora. O líder do PSB, na Câmara, deputado Beto Albuquerque, por sua vez, defende a saída dos petistas dos cargos.

Partido formaliza saída à presidente

Brasília. Em uma carta de duas páginas destinada à presidente Dilma Rousseff (PT), o presidente do PSB, Eduardo Campos, formalizou à petista o desembarque de seu partido do governo. No documento, o governador de Pernambuco, ressaltou que a legenda não tem apego a cargos nem é fisiológico.

O ministro Fernando Bezerra vai entregar o cargo em audiência com a presidente. Leônidas Cristino, que está no exterior, também fará o mesmo FOTO: AGÊNCIA BRASIL
Na carta, o PSB, aliado histórico do PT, "declina de sua participação no governo (federal), ao mesmo tempo em que reafirma que permanecerá em sua defesa (do Executivo) no Congresso Nacional".

"Neste momento, temos sido atingidos, sistemática e repetidamente, por comentários e opiniões, jamais negadas por quem quer que seja, de que o PSB deveria entregar os cargos que ocupa na estrutura governamental, em face da possibilidade de, legitimamente, poder apresentar candidatura à presidência (da República) em 2014", diz o texto.

Ao final da nota, a legenda ressalta: "Esta decisão não diz respeito a qualquer antecipação quanto a posicionamentos que haveremos de adotar no pleito eleitoral que se avizinha, visto que nossa estratégia - que não exclui a possibilidade de candidatura própria - será discutida nas instâncias próprias".

O ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional) afirmou que pediu uma audiência à presidente Dilma logo após o encontro dela com Eduardo Campos. A expectativa era que ele entregasse sua carta de demissão ontem.

Segundo o líder do partido na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS), a medida foi tomada como reação às críticas que o PSB vinha sofrendo por governistas que acusavam o partido de estar dentro do governo mas fazendo críticas permanentes.

Não somos loucos de romper, diz Guimarães

O líder do PT na Câmara dos Deputados e uma das principais vozes do partido no Ceará, José Guimarães (CE), afirmou que a direção do PT não irá tomar iniciativa para romper com o PSB nos Estados e que, no Ceará, pretende manter a aliança com o governador Cid Gomes (PSB).

"O governador diz para nós do PT que quer apoiar a Dilma, nós vamos fazer o quê, vamos romper com ele? Nós somos loucos? Isso não somos mais", afirmou Guimarães.

"O PT não vai entregar cargo porque não lhe foi solicitado nem nós estamos propondo o rompimento de aliança com o PSB no Ceará", disse.

Questionado se a direção nacional do partido pretende dar alguma orientação aos diretórios estaduais para romper com os governos do PSB, Guimarães respondeu que cada Estado é uma realidade e transferiu a eles a responsabilidade sobre essa decisão. "Não vamos tomar nenhuma iniciativa para romper", afirmou.

Revisão
O deputado José Guimarães diz esperar que o PSB, no começo de 2014, reveja essa decisão e apoie a reeleição da presidente. O líder petista defende "diminuir a tensão" na relação com o partido de Campos. "O PSB foi um partido que ajudou a construir esse projeto. Lamentamos que de uma hora para a outra ele desça do navio", declarou.

ANNE FURTADOREPÓRTER 

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