domingo, setembro 22, 2013

Crateús, Hortas melhoram qualidade de alimentos e geram renda

Grupo de mulheres cultiva hortas comunitárias e quintais produtivos em área de assentamento
Crateús. Melhorar a alimentação e aumentar a renda familiar foi o sonho que moveu oito mulheres que vivem no sertão crateuense a produzirem por meio de quintal produtivo e horta comunitária. Com união, organização, persistência e determinação, elas seguem há dois anos trabalhando e contornando os desafios de conviver no semiárido. O verde é preponderante na paisagem da pequena gleba de terra - em meia tarefa - onde crescem cheiro verde, pimentinha, coentro, alface e outras verduras, além de legumes, frutas e plantas medicinais.

As mulheres moram no Assentamento Palmares II. Com o trabalho, elas garantem alimentos sadios e renda com o comércio dos produtos FOTO: SILVÂNIA CLAUDINO

As mulheres moram e produzem no Assentamento Palmares II, distante 18km da sede deste município. Fazem também o gerenciamento e comercialização da produção, de forma autônoma e organizada.

Tudo começou em outubro de 2011, quando 17 mulheres se reuniram e incentivadas pelas lideranças comunitárias e do Movimento Sem Terra (MST) do próprio Assentamento decidiram lutar pelo seu sonho. Almejavam trabalho, renda e uma alimentação saudável para elas e a família. Ter uma atividade diferente das atividades rotineiras domésticas era um grande projeto de vida.

Formaram o "Grupo de Mulheres Juntas Somos Fortes". Começaram "com a cara e a coragem" e a força de vontade foi o combustível que as alimentou a seguir em frente e alimentar até hoje - mesmo com o grupo já menor, contando com apenas oito mulheres - quando completam dois anos de trabalho árduo e dedicação para produzir e gerar renda. Conforme a coordenadora, Benedita Lidiane, o principal desafio do início foi conseguir dinheiro suficiente para preparar a terra para a implantação da tecnologia e produção.

Colaboração

"Não tínhamos como começar e então tivemos a ideia de cada uma colaborar com R$ 3 e assim fizemos. Apuramos em torno de R$ 180, mas ainda era pouco para tudo que tinha para fazer no local: arrancar estacas, fazer cerca, irrigação e muitas outras coisas. Decidimos fazer um show cultural para conseguir os recursos e fizemos. Foi uma grande movimentação no assentamento e alcançamos R$ 1.400. Daí, começamos o trabalho na terra", lembra a coordenadora.

A preparação da terra durou em torno de cinco meses, segundo as jovens. Foram dias e dias de muito trabalho, árduo e braçal. Sob o forte sol trabalhavam de dia e de noite a fim de deixar a terra pronta para o plantio.

"Foi aqui que muitas desistiram porque o serviço era pesado. Era trabalho para força de homem e nós mulheres fazendo a mesma coisa dia após dia. No sol arrancando toco, colocando cerca, arame, utilizando enxada, enfim uma luta grande até ficar no ponto de plantar. Foi uns cinco meses direto de serviço e nós fazíamos juntas para dar conta", lembra.

Para a implantação da tecnologia de quintais produtivos e o acompanhamento de plantio e produção, o grupo contou com o apoio do próprio MST e da Cáritas Diocesana, organismo da Igreja que atua na região, junto às comunidades rurais.

Auxílio

No decorrer dos trabalhos contaram também com auxílio da Paróquia Imaculada Conceição e a Secretaria Municipal de Agricultura. A Cáritas Diocesana destinou uma técnica agrícola a fim de orientar o início dos trabalhos do grupo. Madalena Gomes acompanhou todo o processo de preparação da terra e implantação da tecnologia.

"No início orientamos o grupo acerca da produção e organização. Fizemos o acompanhamento e monitoramento na implantação da tecnologia, nas orientações para plantio e produção e o grupo seguiu tudo direito. Os resultados vieram logo, com uma boa produção. Consomem com a família produtos naturais e alcançaram o sonho da geração de renda", explica a técnica agrícola.

Atualmente, o grupo praticamente "anda com as próprias pernas", pois incorporou no dia a dia as orientações iniciais de produção e organização orientadas pela técnica.

Porém, conta com novos parceiros, como técnicos do Instituto Federal de Educação (IFCE), do campus de Crateús e da Escola Agrícola Dom Fragoso (EFA), do município de Independência.

"Eles nos ajudam com orientações e trazendo novidades, como materiais que não conhecemos, sementes e coisas novas para melhorar a nossa produção", destaca Ângela de Araújo, integrante do grupo.

Renda

O sonho da renda foi alcançado em um ano de trabalho. No último mês de agosto, por exemplo, cada uma das oito mulheres retirou uma renda de R$ 73 e ficou em caixa R$ 200, destinado para as despesas de produção. Os clientes compram na própria comunidade e elas também se deslocam para vender nas comunidades vizinhas e cidade.

Segundo Lidiane, o grupo está satisfeito com a renda e já obteve renda maior em meses anteriores. A dificuldade com a água, que se acentua a cada mês e a alta temperatura reduziram a produção.

"Agora está ficando um pouco mais difícil porque o rio aqui do lado secou e tivemos que improvisar uma caixa d´água e um motor. O calor aumentou agora em setembro e os canteiros queimam, produzindo menos. Mas logo vai melhorar, com a chegada do inverno vai renovar tudo", diz Lidiane. Quer chova ou faça sol, a perseverança e a determinação do grupo de mulheres não se arrefece. Para ela, nada é mais importante do que fazer crescer a iniciativa.

Mais informações:
Cáritas Diocesana
Crateús
RuaFrei VidaldaPenha,S/N 
Centro
Telefone: (88)36912469

SILVÂNIA CLAUDINOREPÓRTER

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