quinta-feira, janeiro 30, 2014

Água para só mais 5 meses


Se os próximos cinco meses forem para Crateús como janeiro apresentou-se no tocante à escassez de chuvas, a cidade precisará de ações ainda mais emergenciais do que as tomadas até agora pelo poder público no enfrentamento à seca. Segundo o diretor de operações da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), Ricardo Deodato, caso não chova na Região, os dois reservatórios que servem à cidade dispõem de água armazenada para suprir as necessidades da população somente até junho.
A Barragem do Batalhão e o açude Carnaubal estão com 2,5% e 1,55% de suas capacidades, respectivamente (ver quadro). Juntos, os dois equipamentos ofertam hoje 1,3 milhão de metros cúbicos de água. Crateús tem 50 mil habitantes só na sua sede. Cerca de outros 12 mil vivem em comunidades difusas. “O consumo (na sede) não chega a 200 litros por segundo. Mesmo que a recarga (chuva) seja zero, temos essa garantia (de cinco meses). Mas a Funceme prevê recarga. E, naquela região, há recarga com qualquer chuva que der”, diz Deodato.
Ele classifica pouca oferta hídrica atual – iniciada com a baixa das chuvas em 2012 - como “totalmente atípica”. “Lugar nenhum do mundo suporta isso”, pondera o diretor, citando que, em caso de necessidade, água de outros três reservatórios pode ser desviada para Crateús. Um deles, o açude Flor do Campo, na zona rural de Novo Oriente, já reforçou a oferta d’água de Carnaubal ano passado. Hoje, tem apenas 3% de armazenamento. O equivalente a 4,2 milhões de metros cúbicos de água.
As outras opções são os açudes Jaburu II (1,2 milhão de metros cúbicos) e Barra Velha (5,8 milhões de metros cúbicos). Os desvios seriam feitos ou via adutoras (que ainda precisariam ser construídas) ou via leito dos açudes. Medidas que beneficiariam diretamente apenas as sedes de Crateús e dos demais municípios do Sertão. Comunidades difusas continuariam atendidas por carros-pipa ou perfuração de poços.

Adutoras
As adutoras ficariam prontas em até 60 dias. Conforme Ricardo Deodato, os projetos de cada uma já estão prontos e no gabinete do governador Cid Gomes (Pros) à espera de validação. Não há data legal para o Executivo liberá-las. Dependerá da oferta natural de água em cada reservatório.
“Para esse ano, a gente está bem. Agora, se entrar 2015 sem chover e a obra de um reservatório federal previsto para Crateús atrasar, uma alternativa é o (açude) Araras. Mas a solução definitiva para Crateús vai vir desse reservatório federal, que está em licitação. Serão 500 milhões de metros cúbicos de água”, cita o diretor da Cogerh. Localizado na Varjota, o Araras está com 20% de sua capacidade.
Apesar de reconhecer a situação crítica do Sertão de Crateús,
Deodato descarta qualquer possibilidade de alguma cidade cearense entrar em colapso por falta d’água. “Vamos esperar que São Pedro se manifeste. Mas não vai faltar água para consumo humano. Mas temos que estar preparados para a pior situação. Por isso, recomendamos que a população economize água. Não é racionar. Racionar seria uma coisa futura e extrema. Hoje, até em Crateús as pessoas desperdiçam água.” (Bruno de Castro. Colaborou Samaisa dos Anjos)
Saiba mais
Prefeito de Crateús, Carlos Felipe Saraiva Bezerra se disse preocupado com o desabastecimento do município durante reunião do Comitê Integrado de Combate à Estiagem no Ceará, ocorrida na última segunda-feira, 27. Segundo ele, a prefeitura adquiriu uma série de equipamentos para lidar com os desafios da seca e tem contado com o apoio dos governos Estadual e Federal.
Ainda assim, ele considerada o cenário delicado. E a tensão aumenta diante do prognóstico da Funceme de as chuvas em 2014 no Estado terem 40% de chance de serem abaixo da média histórica. “O que pode acontecer se não houver recarga (dos açudes)? Temos que ter um plano pronto”, alertou Bezerra. 
Multimídia
Acompanhe o nível dos açudes em:
www.hidro.ce.gov.br

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