quarta-feira, janeiro 22, 2014

Regional FLUXO DE VEÍCULOS Frota aumenta 256% em 10 anos e precariza o trânsito

Saídas pontuais não têm inibido os transtornos gerados pelos automóveis nos centros das cidades do interior
Crateús. Acidentes em pontos críticos, congestionamento constantes, falta de vagas para estacionar, dificuldades de se locomover para alguns pontos da cidade. Esses são alguns dos problemas de mobilidade enfrentados pelos moradores do interior. A causa tanto pode ser explicada pelo aumento da frota verificada em uma década, quanto pela falta de intervenções do poder público municipal.

Caos em áreas centrais são cada vez mais comuns com volume de veículos fotos: Elizângela Santos

De acordo com o Detran, em 2003 havia 407.103 veículos no interior. Até novembro de 2013 esse número cresceu para 1.450.995, um aumento de 256,42%. O dado e é considerado por gestores e especialistas como o maior responsável pelos problemas no trânsito e mobilidade na zona urbana dos grandes centros do interior.

Não obstante os gestores do trânsito buscarem m soluções pontuais para amenizar o problema, crescente nas maiores cidades do interior, a ausência de intervenções mais fortes é a mais sentida.

Sinalização

Em Crateús, essas ações ocorrem de forma pontual. Quatro novos conjuntos de semáforos serão instalados nesta cidade nos próximos meses, além de um semáforo para pedestres (chamado foco de pedestres). A maior parte será implantado no centro comercial, área com maior problema no trânsito. Receberão sinalização semafórica os cruzamentos da Avenida Francisco Sá com Rua Coronel Zezé; Rua Coronel Lúcio com Rua Firmino Rosa; Avenida Edilberto Frota com Rua José Albano e Rua Moreira da Rocha com Rua Barão do Rio Branco. Receberão o sinalizador para pedestres as faixas para pedestres localizadas na Rua D. Pedro II (em frente a agência da Caixa Econômica Federal) e na Rua Moreira da Rocha. Segundo a Guarda Civil Municipal, que realizará essas ações em parceria com o Departamento de Trânsito (Detran), as medidas visam diminuir os acidentes, melhorar a mobilidade urbana e o trânsito local, cujos problemas se agravaram nos últimos anos devido principalmente ao aumento na frota de veículos.

De acordo com a Guarda Civil Municipal, na última década o número de veículos na cidade triplicou, de 8 mil veículos em 2002, passou para 24 mil veículos. "Isso contribuiu muito para os problemas atuais no trânsito de Crateús, que é uma cidade polo e recebe diariamente veículos e pessoas das várias cidades da região. E é uma situação geral, de vários municípios. Esses números expressam apenas os veículos da própria cidade, afora os que circulam pelas ruas e avenidas da cidade diariamente, especialmente no centro comercial", destaca Severino Gomes, diretor do órgão.

A população de Crateús convive com um problema crônico no trânsito e mobilidade. Diariamente os trens que circulam pela linha férrea fazem manobra dentro da área urbana, em pontos centrais da cidade.

Moradores perdem preciosos minutos parados na linha férrea aguardando a manobra três vezes por dia na cidade. Congestionamentos e acidentes são comuns nos três locais, além do aborrecimento e stress causados a condutores de veículos automotores e pedestres. Problemas similares são enfrentados pelos munícipes de vários municípios do Estado. Mobilidade urbana atualmente é assunto de quem vive no interior, pelo menos nas maiores cidades. Até bem poucos anos, a população desses centros não conviviam com elevado número de veículos, os acidentes eram raros e se locomoviam com facilidade e rapidez de um lugar para outro da cidade. "Aqui todos os dias praticamente tem acidentes; são muitos carros e motos que circulam aqui e ficou bem perigoso. Fico feliz com a notícia do sinal, pode ser que melhore", lamenta Francisco de Assis, morador da Rua José Albano.

Municipalização
Segundo o Detran, dos 184 municípios do Estado, 54 possuem o trânsito municipalizado, uma das medidas que são colocadas pelos especialistas como uma forma de equacionar a problemática de mobilidade que começa a atingir os grandes centros.

"Municipalizar o trânsito é uma das formas de lidar com a situação. Outras formas são não incentivar e introjetar no interior os maus hábitos da cidade grande, como a ilusão de que instalar semáforos, asfaltos, entre outros são ações que resolvem e melhoram a mobilidade e qualidade de vida; e realizar o planejamento urbano para os próximos 50 anos", analisa Gislene Macedo, professora doutora da UFC e pesquisadora em mobilidade humana.

SILVÂNIA CLAUDINO
REPÓRTER

0 comentários:

Postar um comentário