domingo, fevereiro 09, 2014

Brasil

Na barganha, por Ilimar Franco

Ilimar Franco, O Globo
No PSB não há dúvida alguma de que Marina Silva será a vice de Eduardo Campos. Avaliam que ela só não anuncia agora porque reduziria seu poder de pressão em torno de candidaturas próprias aos governos de São Paulo, Rio e Minas.

Marina Silva. Foto: Dida Sampaio / AE



A última missão do capitão Ronaldo, por Elio Gaspari

Elio Gaspari, O Globo
Na madrugada de 20 de janeiro de 1971, o capitão Ronaldo tinha 30 anos e servia no DOI do Rio de Janeiro quando recebeu a missão de ir ao Alto da Boa Vista para simular que um preso fora sequestrado por militantes de esquerda, depois de um tiroteio.
Em depoimentos prestados à Comissão Estadual da Verdade do Rio, revelado agora pelo repórter Pedro Bassan, o capitão Raymundo Ronaldo Campos, hoje um coronel reformado, contou que o tiroteio e o sequestro foram uma farsa destinada a encobrir a morte de um preso. Era Rubens Paiva, havia sido deputado federal e tinha 41 anos. Morrera de pancada no DOI da Barão de Mesquita.
A farsa foi desmascarada já em 1978 pelos repórteres Fritz Utzeri e Heraldo Dias. Eles demonstraram que Paiva, um homem corpulento, não poderia ter saído do banco de trás de um Volkswagen, onde estava escoltado por dois sargentos e um capitão, atravessando um fogo cruzado até chegar ao carro dos sequestradores.

Rubens Paiva, deputado

Com seu testemunho, já que foi ele quem encenou, relatou e assinou a narrativa do “cineminha”, o coronel rompeu um silêncio de 43 anos. Ainda nos primeiros anos da ditadura, dois chefes militares denunciaram as torturas praticadas contra presos políticos: os generais Pery Bevilaqua e Olympio Mourão Filho. Ele mesmo, o que disparou a rebelião militar que depôs João Goulart.
Pery foi cassado em 1968 e Mourão morreu em 1972. Desde então os comandantes militares vivem aprisionados num pacto de silêncio. Jamais reconheceram a tortura e aferram-se às versões segundo as quais Rubens Paiva fugiu (e sumiu), Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho suicidaram-se e cerca de 40 guerrilheiros do Araguaia simplesmente desapareceram. Militares da velha “tigrada” diziam ao coronel que ele não devia falar, porque “o Exército não vai ajudar em nada.” Engano. É o coronel quem está ajudando o Exército.
A farsa do sequestro e o assassinato de Rubens Paiva são dois dos três vértices de um triângulo. Admita-se que foram esclarecidos dois. Um deles foi coisa de um capitão, a mando de um major. Outro poderia ter sido coisa de um tenente. Resta o terceiro: como o corpo de Paiva foi retirado do DOI? Majores do DOI não tinham autonomia para isso.
Num caso anterior, a farsa foi coordenada pelo Centro de Informações do Exército. Seu chefe respondia diretamente ao ministro. Estes episódios não eram coisa de majores, mas diretrizes de generais, que os elogiavam e condecoravam. Morreram todos, mas resta um sobrevivente: o Exército.
Estão vivos pelo menos mais dois majores e um capitão que estavam no DOI no dia da prisão de Rubens Paiva. É possível que eles possam contar se alguém mandou apagar as luzes do pavilhão durante a operação de retirada do cadáver.

Elio Gaspari é jornalista.


Rui Falcão diz que Azeredo tem direito a 'ampla defesa'

Silvia Amorim, O Globo
Com discurso de que não defende "política de revanche", o presidente nacional do PT, Rui Falcão, deu uma estocada nos tucanos ao defender o direito a ampla defesa do deputado Eduardo Azeredo, envolvido no escândalo do mensalão mineiro e a quem o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu pena de 22 anos de prisão.
— Azeredo deve ter direito a uma ampla defesa, como os nossos não tiveram. E, se realmente as acusações se confirmarem, deve haver punição — disse Rui, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, onde participou da "Caravana Horizonte Paulista", movimento que antecede o lançamento da campanha do ex-ministro Alexandre Padilha ao governo paulista.


          Falcão, Padilha e Lula em Ribeirão Preto - Foto: Eduardo Guidini/G1


CRM do PI oferece abrigo e apoio a cubanos que deixarem Mais Médicos

G1
O Conselho Regional de Medicina do Piauí utilizou sua página na internet para informar que dará apoio a qualquer “médico cubano lesado individualmente em seus direitos e que queira abrigar-se no Piauí e abandonar o Programa Mais Médicos”.
O manifesto vem após a polêmica envolvendo a médica cubana Ramona Matos Rodriguez, que buscou abrigo no gabinete da liderança do DEM na Câmara dos Deputados, depois de abandonar o programa Mais Médicos.
A entidade diz ainda que a importação de médicos não é a solução para os problemas de saúde do Brasil e que os cubanos são tratados como mão de obra escrava.
“O CRM já havia alertado sobre as irregularidades do programa de importação de médicos cubanos e as formas de contratação dos mesmos, com graves indícios de irregularidades, apontadas, inclusive, pelo Tribunal de Contas da União – TCU. Devido a isso, o Brasil passa a ser inserido no cenário mundial como um país que viola as convenções de trabalho internacionais, estabelecidas historicamente, contrapondo a origem partidária do atual governo”, diz o texto.


                                              Foto: Divulgação/CRM-PI


Verba oficial para mídia alternativa só com mudança na lei

Luiza Damé, O Globo
Para atender à pressão do PT que quer destinar verbas de publicidade para a chamada mídia alternativa, o governo terá que mexer na legislação atual, segundo opinião da ex-ministra da Secretaria de Comunicação Social (Secom) Helena Chagas, em texto que ela publicou neste sábado no Facebook.
Para Helena, que deixou o cargo no Palácio do Planalto há pouco mais de uma semana, a distribuição da publicidade oficial, que envolve dinheiro público, não pode se transformar em uma “ação entre amigos”.
A ex-ministra usou neste sábado a mídia social para responder a críticas sobre a distribuição do dinheiro da publicidade oficial, que segue os critérios da mídia técnica.
“A discussão está aberta e é saudável. Só não é saudável, e nem correto, à luz da atual legislação e dos novos tempos de transparência na administração pública, transformar investimentos em mídia em ações entre amigos, por maior que seja o chororô de quem acha que levou pouco e quer mais”, afirmou.

                       Helena Chagas -  Foto: cbn.globoradio.globo.com


Senado: passagens 5 vezes mais que o cobrado em sites de empresas

Maria Lima, O Globo
O Senado vem pagando por passagens aéreas para senadores e servidores em viagens internacionais preços que equivalem a até cinco vezes os encontrados nos sites das próprias empresas.
Irritados com os valores exorbitantes, alguns senadores já reclamaram providências da direção do Senado em discursos no plenário, e outros se negam a aceitar os bilhetes apresentados por agências contratadas pela Casa, comprando diretamente nas companhias aéreas.
Como integrante da Comissão de Ciência e Tecnologia, em outubro passado, o senador Walter Pinheiro (PT-BA) participaria de reunião com a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro, em Miami.
Segundo Pinheiro, os valores das passagens em classe executiva encaminhadas pela agência Voetur Turismo e Representações Ltda. — contratada pelo Senado em agosto de 2013 com dispensa de licitação — variaram, desde as primeiras solicitações, de R$ 14 mil a até R$ 20,8 mil.

Flamengo vive rotina de insegurança e pede mais policiamento

Cristina Tardáguila, O Globo
O bairro do Flamengo já era importante em 1503. Nele desembocava o Rio Carioca, a principal fonte de água potável para os navegadores portugueses. Também foi no Flamengo que, em 1531, se construiu a primeira casa de pedra da cidade. A edificação destoava no horizonte dominado pelas ocas dos índios tamoios, mas estava na vanguarda.
Quando a corte portuguesa se estabeleceu no Rio de Janeiro, em 1808, o bairro caiu no gosto da elite. Carlota Joaquina, a esposa de dom João VI, escolheu uma chácara na Rua Marquês de Abrantes para morar.
Até o fim daquele século, o Flamengo ganharia as primeiras linhas de bonde elétrico. A área já servia de moradia para a aristocracia carioca, e essa aristocracia precisava se locomover. Até o Rio deixar de ser a capital, em 1960, quem morava no Flamengo estava junto ao poder. Tinha o Palácio do Catete como vizinho.
Mas a cidade seguiu seu curso, e o bairro vive agora um momento delicado. Nos últimos dias, foi cenário de um justiçamento promovido por moradores, que decidiram atar um adolescente nu a um poste, como forma de puni-lo por crimes. Eles fariam parte de um grupo disposto a fazer justiça pelas próprias mãos, que se mobiliza e se organiza pela internet.

 
Iracema, Roberta,Tália e Rosa falam sobre seu bairro - Foto:Daniela Dacorso / O Globo


Suspeito que diz ter repassado artefato é indiciado no Rio

Isabela Marinho, G1 Rio
Fábio Raposo Barbosa, de 22 anos, manifestante que admite ter segurado um artefato explosivo pouco antes de o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, de 49 anos, ser atingido durante protesto, foi indiciado pela polícia como coautor dos crimes de explosão e tentativa de homicídio qualificado.
Andrade foi ferido em ato contra o aumento das passagens de ônibus, quinta-feira (6), perto da Central do Brasil, no Rio.
O rapaz está sujeito à mesma pena do autor do crime, ainda não identificado. As informações são de Maurício Luciano de Almeida, delegado titular da 17ª DP (São Cristóvão) e um dos responsáveis pelo caso.
Às 18h deste sábado (8), Santiago seguia em coma no Hospital Municipal Souza Aguiar.

 
                        Perito analisa imagens divulgadas pela TV Globo


A filha do Rei da Espanha: “Eu confiava no meu marido”

Andreu Manresa, El País
Foram mais de cinco horas de interrogatório e 400 perguntas perante o juiz José Castro, além de hora e meia com outras autoridades judiciais. Assim terminou o primeiro depoimento de um membro da família real espanhola na qualidade de imputado em um processo.
A infanta Cristina se desvinculou ontem de forma incondicional da gestão da empresa Aizoon, da qual é proprietária de 50%, em sociedade com seu marido, Iñaki Urdangarin, assim como da atividade do Instituto Nóos.
“Não sei”; “Não me consta”; “Eu confiava em meu marido”, reiterou a filha do rei, que respondeu com evasivas à maioria das perguntas do juiz Castro. Seus advogados de defesas, guiados por Miquel Rocha, com décadas de experiência diante de câmeras e microfones, proclamaram o “sucesso” do depoimento da infanta e qualificaram de “taxativas” as suas respostas.
Aproveitaram a ocasião também para restabelecer o argumento de que dona Cristina foi tratada em condições de igualdade, e que essa foi uma grande jornada para a Justiça.
O juiz Castro, que deixou o tribunal de moto, sem dar declarações, não ficou tão satisfeito como os advogados da imputada, segundo fontes próximas ao magistrado.

                                      A infanta Cristina - Foto: Uyly Martín


Rio tem novo recorde de calor no ano, com máxima acima de 41 graus

O Globo
Foi registrado neste sábado um novo recorde de calor na cidade do Rio este ano. E, pela primeira vez, os termômetros passaram dos 41 graus. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, a máxima registrada em Santa Cruz, na Zona Oeste, chegou a 41,2 graus.
O recorde anterior havia sido registrado também em Santa Cruz, na terça-feira passada: 40,8 graus. E de acordo com o Climatempo, não haverá refresco para os cariocas tão cedo: a previsão é que as temperaturas continuem batendo na casa dos 40 graus nos próximos dias.
A expectativa é que chova apenas a partir do dia 20 de fevereiro. A estiagem na cidade começou no dia 18 de janeiro.

 
                 No mar calmo do Arpoador - Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo


Fevereiro: sistema indica cenário de racionamento de energia

O Globo
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisou a expectativa de aumento de carga de energia no Brasil em fevereiro para uma alta de 15% e o custo de operação do sistema elétrico superou o primeiro patamar de déficit de carga nas regiões Sudeste/Centro Oeste e Sul, numa sinalização de que há necessidade de redução de carga de energia de cerca de 5%.
O aumento de 15% de carga esperada para o Brasil em fevereiro foi divulgado pelo ONS no final da sexta-feira e é mais do que o dobro da estimativa da semana passada, de que a carga subiria 7,1% neste mês na comparação com fevereiro de 2013.
(...)
“Na semana de 8 a 14 de fevereiro, a previsão é de que ocorra chuva fraca em pontos isolados das bacias dos rios Uruguai e Jacuí. Nas demais bacias hidrográficas de interesse do SIN (Sistema Interligado Nacional) predomina a estiagem”, informou o ONS no Sumário Executivo do Programa Mensal de Operação para esta semana.


                                  Itaipu, Foz do Iguaçu - Foto: Dado Galdieri


Projetos que forneceriam energia para 25,8 milhões ficam no papel

Danielle Nogueira,  O Globo
Num momento em que o consumo de energia elétrica vem subindo e pressionando a oferta — em janeiro, a demanda por eletricidade aumentou 11,8% em relação a igual mês de 2013 e, na semana passada, o país enfrentou mais um apagão — o Brasil se depara com o desafio de ter que destravar projetos para ampliar a geração de energia.
Levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revela que, dos 42.750,5 megawatts (MW) de projetos autorizados pela agência, um total de 6.455,1MW não têm previsão para entrar em operação ou 15% do total. São projetos com restrições graves ou moderadas, de problemas no licenciamento a falhas no fornecimento de gás.

No cálculo de Afonso Henriques Moreira Santos, ex-secretário de Energia de 2001 a 2002, época do racionamento, esses milhares de megawatts que não têm perspectiva de se tornar realidade seriam suficientes para abastecer 25,8 milhões de pessoas.
É praticamente um estado e meio do Rio, considerando as estimativas de população do IBGE para 2013. Ou ainda o suficiente para abastecer as populações do Rio e de Pernambuco. No cálculo, considera-se a necessidade de geração de 15MW para cada cem mil habitantes.
Na avaliação de analistas, esses projetos carimbados como “sem previsão” revelam a falta de planejamento do governo e a vulnerabilidade do sistema elétrico nacional, que sofreu mais um apagão na última terça-feira, deixando até 12 milhões de consumidores sem luz.


                    Usinas eólicas na Bahia: sem linha de transmissão Arquivo


'A confiança dos empresários no governo acabou’

Cleide Silva e Ricardo Grinbaum,  O Estado de S. Paulo
Pedro Passos é um dos principais representantes da indústria brasileira. Além de ser um dos fundadores e sócios da fabricante de cosméticos Natura, ele é presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), organização que reúne alguns dos maiores industriais do País.
Passos atribui os resultados ruins da indústria de 2013, divulgados na semana passada, ao que chamou de "ambiente econômico prejudicado". Para o empresário, "falta direção" na economia e há insegurança no meio empresarial. "O clima de confiança do empresariado não existe, acabou", disse Passos, na entrevista a seguir.

Argentina pede que importador atrase pagamento

Danilo FarielloLuiza DaméGabriela Valente e Nice de Paula, O Globo
Preocupado com o baixo nível de reservas em dólares da Argentina, o governo daquele país pediu aos grandes empresários que suspendam o pagamento de importações nos próximos seis meses.
Se for urgente, a liquidação dos negócios deve ser feita no exterior, por companhias coligadas, para que não haja saída de moeda americana da poupança argentina. Isso já afeta indústrias brasileiras, que são as maiores exportadoras para o país vizinho.
Segundo uma fonte do governo brasileiro, o que as autoridades daqui poderiam fazer seria oferecer financiamento para os exportadores. No entanto, isso é considerado complicado pelos técnicos, já que há grande risco de calote por parte dos compradores da Argentina, onde a situação econômica não dá sinais de recuperação.
— Ninguém sabe onde isso vai parar — afirmou ontem uma fonte do governo brasileiro sobre a crise econômica do principal parceiro do Brasil no Mercosul.

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