Tauá. Com um Seminário que trouxe uma amostra de objetos, documentos, fotografias, equipamentos e utensílios usados por gerações passadas foi encerrado na manhã de ontem, no Centro Pastoral São José, o Projeto "Inhamuns - Identidade e Preservação Patrimonial", uma iniciativa da Fundação Bernardo Feitosa. O arquiteto Carlos Fernando de Moura Delfim ministrou palestra sobre o tema. O evento contou com o apoio do Governo do Estado, Prefeitura Municipal de Tauá e Coelce.
Durante o ano passado, os bairros e localidades de Tauá foram mobilizados com a realização do Projeto, que se estendeu também aos municípios de Arneiroz e Parambu. A proposta principal da iniciativa foi disseminar a cultura e os valores da região dos Inhamuns, bem como formar multiplicadores da cultura, especialmente professores.
Outros grupos e lideranças comunitárias, como artesãos, radialistas, profissionais de cultura e de educação e principalmente estudantes, também foram envolvidos ao longo do ano nas comunidades rurais e urbanas com o fim de formar uma consciência identificada com os valores regionais. A meta é preservar a memória regional.
Alunos, professores, lideranças comunitárias e religiosas, moradores dos bairros e distritos (no caso da zona rural) se uniram em torno do projeto e fizeram importantes resgates da história local e regional, a partir da memória das famílias e comunidades. Várias atividades foram realizadas no município, como oficinas, palestras, eventos religiosos, comunitários e exposições, resgatando e revelando para a comunidade, especialmente as novas gerações, fatos e acontecimentos relevantes da região. Para a prefeita de Tauá, Patrícia Aguiar, o Seminário mostra a culminância dos trabalhos realizados pela Fundação nas comunidades da região e resgata a identidade regional.
"O Projeto discutiu a identidade e o patrimônio cultural de Tauá e região e as pessoas se conheceram e se identificaram a partir do resgate das manifestações religiosas, gastronomia, costumes e objetos nas diversas atividades e momentos. Considero a iniciativa de grande relevância e a população de Tauá já é pródiga nessa área de identidade e preservação de sua memória", destaca a prefeita.
Ela salienta que o município já possui equipamentos importantes que contribuem com a preservação e identidade cultural, como o Museu dos Inhamuns - fundado e mantido pela Fundação Bernardo Feitosa - o Memorial do Cólera, inaugurado ano passado e sítios arqueológicos catalogados e preservados. Patrícia adianta ainda que o município se prepara para fundar o Jardim Botânico da Caatinga, primeiro do Nordeste e o Memorial dos Povos dos Inhamuns, dentro dessa linha de dotar o município de equipamentos que resgatem e contribuam com a memória local e regional.
O arquiteto Carlos Fernando Delfim destacou o valor da iniciativa a partir da manifestação e participação das próprias pessoas e comunidades.
"O fato da ação e participação partir da comunidade local já mostra a relevância do Projeto. A própria comunidade diz que quer preservar e contribuir, diferente de locais no País em que a população é alheia".
Atividades
Oficinas, exposições, eventos e outras atividades foram executadas dentro do Projeto ao longo do ano de 2013, mobilizando grupos das comunidades. Bairro Alto Brilhante, Escola Lili Feitosa, Escola Cantinho do Saber, entre outras comunidades urbanas participaram de atividades, bem como moradores de Marrecas, Trici, Carrapateiras, Barra Nova, Marruás e Santa Tereza receberam e participaram das atividades do projeto em suas comunidades (escolas, igrejas, associações, praças).
O estudante Cícero Leandro de Sousa, da Escola João Casimiro de Oliveira, no distrito de Carrapateiras, conta que após participar do Projeto em sua comunidade, junto com mais 12 estudantes e duas senhoras mais antigas da comunidade, passou a conhecer a história do lugar.
Juntos, eles catalogaram material arqueológico, objetos antigos e fotografias. Conseguiram uma casa na localidade, onde o material permanece exposto para visitas e conhecimento de todos do distrito. O local foi nominado de Casa da Memória Cultural de Carrapateiras.
"Na comunidade, a partir do projeto, nós decidimos nos unir e criar a Casa, com os objetos e documentos que juntamos. Eu não sabia quase nada do passado e história da comunidade e com o Projeto aprendi muito sobre as épocas passadas, as famílias, a arqueologia, os animais, os objetos utilizados", conta Cícero, que faz o segundo ano do ensino médio.
A professora Ana Vale considera que "a iniciativa sensibilizou a população e as instituições para o valor que tem o patrimônio histórico dos Inhamuns", ressalta. Ela participou de vários momentos do Projeto.
Segundo o professor de História, José Luís Gonçalves, o Projeto trouxe maior conscientização e foi capaz de envolver a juventude. "As pessoas estando conscientizadas começam a preservar e conservar o patrimônio e o envolvimento do jovem, que passa a conhecer e divulgar a sua cultura e tradições foi o forte do Projeto", destaca o professor.
A Fundação Bernardo Feitosa tem 21 anos de existência, atua principalmente na região dos Inhamuns, tendo como principal missão resgatar e preservar a memória do patrimônio cultural como fonte para o conhecimento histórico.
ENQUETE
Qual a vantagem da ação?
"A partir do projeto, nós decidimos nos unir e criar a Casa, com os objetos e documentos que juntamos. Eu não sabia quase nada do passado e aprendi muito sobre as épocas passadas, as famílias, a arqueologia, os animais"
Cícero Leandro de Sousa
Estudante
Estudante
"A iniciativa sensibilizou a população e as instituições para reconhecimento do valor que tem o patrimônio histórico da Região dos Inhamuns, com um olhar diferenciado para a memória e o resgate cultural"
Ana Vale
Professora
Professora
Mais informações
Fundação Bernardo Feitosa
Praça José Gonçalves de Oliveira
S/N - bairro Luís Antônio
Município deTauá
Telefone: (88) 3437.2115
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Silvania Claudino
Repórter
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