terça-feira, novembro 25, 2014

Empresa mostra notas de propina de R$ 8,8 mi

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Apontado pela Polícia Federal como o último foragido da sétima etapa da Operação Lava-Jato, Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades, se entregou ontem na sede da Polícia Federal, em Curitiba
FOTO: FOLHAPRESS
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O senador Jorge Viana cobrou ação contra vazamentos de parte dos dados das delações
FOTO: AGÊNCIA SENADO
Brasília. A empreiteira Galvão Engenharia apresentou ontem à Justiça comprovantes de que pagou R$ 8,8 milhões do que considera propina para um emissário da diretoria de serviços da Petrobras, então comandada por Renato Duque. O engenheiro Shinko Nakandakari foi o encarregado de recolher o dinheiro como "emissário" da diretoria de serviços, segundo a Galvão. Dirigentes da área foram indicados pelo PT na época. A Galvão já havia reconhecido ter pago R$ 4 milhões ao doleiro Alberto Youssef, que teria redirecionado o valor ao Partido Progressista.
O advogado da empreiteira, José Luis Lima, diz que a empresa foi vítima de extorsão. Segundo ele, o ex-diretor Paulo Roberto Costa ameaçava não pagar os contratos que a empresa tinha com a Petrobras se não recebesse "comissões". O segundo pacote de propinas, de acordo com a Folha de São Paulo, não tinha relação com o esquema de Youssef e Costa, informou a Galvão. De acordo com a empreiteira, Nakandakari exercia papel semelhante ao desempenhado por Youssef, mas em outra diretoria da Petrobras, a de serviços.
Foi o presidente da divisão industrial da Galvão, Erton Fonseca, quem informou à PF o nome de Shinko Nakandakari, o mais novo personagem do escândalo, como quem recebeu a propina. Com os documentos apresentados à Justiça, a empreiteira esclareceu que o valor correto alcançou R$ 8,8 milhões, e não R$ 5 milhões. Com isso, subiu para R$ 12,8 milhões o total que a Galvão diz ter pago a Youssef e a Nakandakari.
Os repasses para Nakandakari foram feitos entre novembro de 2010 a junho de 2014, com notas fiscais emitidas pela LSFN Consultoria, pertencente a ele e seus dois filhos. O dinheiro, porém, teria sido depositado em contas dos filhos.
O ex-diretor Renato Duque disse à PF que não houve pagamento de propina na época que comandou a diretoria de serviços da Petrobras e negou saber que o seu auxiliar, Pedro Barusco, tenha recebido valores de empreiteiras. Barusco fez um acordo de delação premiada e prometeu devolver US$ 97 milhões (R$ 250 milhões).
Último preso
Apontado pela Polícia Federal como o último foragido da sétima etapa da Operação Lava-Jato, Adarico Negromonte Filho se entregou ontem na sede da Polícia Federal, em Curitiba. Ele chegou acompanhado por um advogado e um segurança. Com sorriso no rosto e aparentemente tranquilo, entrou pela porta principal, sem tentar se esconder.
Adarico, um dos 25 investigados nesta fase da operação, é o irmão mais velho do ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte, e trabalhava para Youssef. Segundo a PF, sua função era entregar dinheiro a políticos.
De acordo com as investigações, ele levava valores do escritório do doleiro até os agentes públicos e partidos políticos envolvidos. Ele teve a prisão decretada pela Justiça Federal do Paraná na semana passada, e sua defesa já entrou com um pedido de revogação da prisão temporária.
Líder do PT envia carta ao Supremo
Brasília. Em discurso na tribuna do Senado, o líder do PT, Humberto Costa (PE), voltou a negar ontem que tenha recebido R$ 1 milhão do esquema de fraudes envolvendo a estatal que é investigado pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato.
Costa informou ainda que enviou uma carta se oferecendo para esclarecimentos e disponibilizando a quebra de seus sigilos bancário e telefônico ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, responsável pela investigação sobre autoridades que teriam envolvimento no esquema, ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e à CPI Mista do Congresso que apura o caso.
Segundo o petista, a ideia é evidenciar que a varredura dos dados vão mostrar que não houve enriquecimento ilícito e que não tinha nenhuma relação de proximidade com o delator do esquema e ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
"Não tenho nada a temer. Sempre atuei de forma correta e estou abrindo mão desses sigilos porque não tenho nada a esconder", afirmou. O líder do PT colocou em dúvida a veracidade do depoimento do ex-diretor. "Não sei nem se esse depoimento existiu", disparou.
Segundo reportagem do "Estado de S. Paulo", a acusação contra o líder do PT foi feita em depoimento sigiloso que integra a delação premiada assinada pelo ex-diretor. O jornal afirma que, segundo Paulo Roberto, o dinheiro a Costa foi solicitado pelo empresário Mário Beltrão, presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco. Paulo Roberto teria dito que o dinheiro saiu da cota de 1% do PP. Segundo o jornal, o ex-diretor não soube informar como ocorreu o repasse, mas declarou que o empresário lhe confirmou o pagamento.
Costa reiterou que teve contato institucional com Paulo Roberto e o conheceu em 2004, quando era Ministro da Saúde.
Cobrança
O primeiro vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), cobrou uma ação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para evitar vazamentos de dados de delações premiadas relativos à Lava- Jato. O questionamento ocorre após a revelação sobre Humberto Costa. Viana defende a punição de delegados que, em comentários em redes sociais, demonstraram ter preferência pelo candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves (MG).
Suíça investiga ex-diretores da Petrobras
Genebra. O Ministério Público da Suíça investiga ex-diretores da Petrobras sob suspeita de lavagem de dinheiro. Apesar de não revelar os nomes, as autoridades do país europeu têm Paulo Roberto Costa, que comandou a área de Abastecimento da estatal, como um dos alvos.
Em junho, US$ 23 milhões em 12 contas ligadas a Costa foram bloqueadas na Suíça. "O escritório do Procurador-Geral da Suíça iniciou uma investigação criminal relacionada a ofensas de lavagem de dinheiro no dia 11 de abril de 2014", indicou o Ministério Público suíço em nota oficial. Segundo a legislação do país europeu, se condenados, os envolvidos podem pegar entre três e cinco anos de prisão A investigação deve ser concluída em 2015. Os suíços ainda poderiam solicitar que os operadores cumprissem prisão no Brasil.
Estados Unidos
Também foi confirmado, pela primeira vez, que a Petrobras está sendo investigada pela Securities and Exchange Commission (SEC), regulador do mercado de capitais nos Estados Unidos, sobre as denúncias de corrupção reveladas nos desdobramentos da Operação Lava-Jato.

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