quinta-feira, novembro 13, 2014

População em choque com tragédia em família de militar


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No perfil de Francilewdo no Facebook, mensagem justifica as ações e dá detalhes do fato; adulteração do texto, porém, gerou controvérsias sobre autoria
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Delegado Wilder Brito Sobreira, titular do 16º DP (Dias Macêdo) está à frente das investigações do caso. "Vamos averiguar todas as hipóteses", disse
FOTO: KIKO SILVA
Passava das 17h. A rua, que costuma ter seus moradores nas calçadas para conversas ao fim da tarde, estava em silêncio. As portas, fechadas. O clima era ainda de incredulidade no que aconteceu na casa de número 94. A morte do garoto Lewdo Ricardo, de 9 anos, que supostamente teria ingerido medicamento tranquilizante de tarja preta, deixou a vizinhança em choque. O laudo com a causa da morte deverá ser divulgado amanhã. O corpo de Lewdo será enterrado hoje, em Recife, Pernambuco.
O menino morreu dentro da residência, em um crime ainda envolto em mistério, na madrugada de segunda para terça-feira (11). O subtenente do Exército Brasileiro (EB), Francilewdo Bezerra Severino, de 45 anos, é apontado pela esposa, Cristiane Renata Coelho Severino, de 41 anos, como responsável pela morte do filho.
Segundo a mulher, ela e o militar tiveram uma luta corporal e ele teria dado, primeiro a ela, de cinco a seis comprimidos de clonazepam, um anticonvulsivo tranquilizante, com vinho. Depois, teria dado o mesmo medicamento ao garoto e, por fim, tomado ele também a droga.
A mulher desmaiou e, quando acordou, viu filho e marido agonizando no chão da casa e gritou por socorro. O menino não resistiu e morreu. Já o homem foi levado em estado grave e está internado, em coma, no Hospital Geral do Exército.
Investigações
Embora internado em estado grave, o militar está preso, e custodiado, tendo sido autuado em flagrante no 11º DP (Pan Americano) por homicídio, lesão corporal e por violência doméstica na Lei Maria da Penha.
O caso, contudo, foi encaminhado ao 16º DP (Dias Macêdo), na tarde de ontem.
O delegado Wilder Brito Sobreira, titular do 16º, afirmou que há elementos que só poderão ser esclarecidos com a tomada de depoimento tanto da mulher quanto do militar.
Dentre tais elementos, está um bilhete que foi encontrado na cena do crime. A folha, em formato A4, está escrita de caneta e com diversas rasuras em seu curso. Segundo o delegado, não se pode afirmar ainda quem seria o autor do documento.
"Foi deixado no local do crime um bilhete escrito a mão com conteúdos assemelhados ao que foi também divulgado na internet, em rede social. Temos que avaliar se foi o Francilewdo quem escreveu. O documento será periciado para confirmar se a letra é realmente dele ou não", afirmou Sobreira.
O delegado comentou que o conteúdo da carta era similar ao que surgiu no perfil do militar na rede social Facebook. Na página online, Francilewdo justificava o crime, dizendo que "a carga tá grande demais, e não aguento mais sofrer calado vendo essa mulher se anular há 10 anos". O militar cita uma traição supostamente cometida pela esposa.
O texto foi publicado por volta de 1h30 da madrugada. Contudo, foi alterado por volta das 10h da manhã de ontem. No momento da adulteração do texto, Francilewdo permanecia em coma, o que levantou suspeitas.
"Vamos averiguar todas as hipóteses dessa tragédia, desde que tenham razoabilidade. Não se pode adiantar mais do que já está posto. Quem editou a mensagem? Tem alguém se passando por ele? Foi uma simulação? Estão querendo maquiar ou esconder uma história verdadeira? Só posso afirmar algo conversando com a mulher e, caso ele tenha melhora no quadro clínico, conversando também com Francilewdo. Numa investigação não se vê uma linha só", disse o delegado do 16º DP.
Cristiane também usou a internet para lamentar a morte do filho. "Rezem, orem e nos coloquem nos seus pensamentos. Não desejo a ninguém essa dor".
Dia a dia
Segundo os vizinhos da família, Francilewdo era conhecido por ser um homem simpático. "Ele jogava futebol comigo", disse um comerciante. "Era um cara tranquilo, não imagino que tenha sido capaz de fazer essas coisas", lamentou.
Os vizinhos, contudo, dizem que Cristiane é mais 'fechada' e não costumava se comunicar. "Ele passava e dava bom dia, ou boa tarde. Ela vinha junto, ao lado dele, e nem levantava a cabeça", comentou um aposentado que mora na região e conhecia a família.
"Eles estavam morando aqui há menos de dois anos. Confesso que só fiquei sabendo que tinham filhos por conta dessa tragédia. Nunca os vi, saindo de casa ou na calçada, com as crianças", afirmou o idoso.
Já uma mulher, também moradora do bairro, afirmou conhecer Francilewdo desde criança. "Não consigo acreditar que ele tenha cometido este crime", disse, afirmando estar 'abalada'.
Levi de Freitas
Repórter

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