sexta-feira, dezembro 12, 2014

Cinco municípios concentram mais de 60% das riquezas do CE


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Apenas a Capital cearense respondeu, em 2012, por 48,2% de todas as riquezas produzidas no Estado
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Principais centros industriais do Brasil apresentaram recuo em suas participações no PIB, de acordo com o IBGE. As cidades de São Paulo, Manaus e São Bernardo do Campo foram afetadas
FOTO: KID JUNIOR
A concentração de riquezas entre poucos locais ainda é realidade no Ceará, onde apenas 2,7% dos municípios cearenses respondem por mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Fortaleza, Maracanaú, Caucaia, Sobral e Juazeiro do Norte detêm 62,9% do PIB do Ceará, sendo que a Capital cearense concentra 48,2% de todas as riquezas produzidas no Estado. Em seguida vem Maracanaú que, mesmo sediando o Distrito Industrial, representa apenas 5,3% do PIB estadual. Juntas, as cinco cidades reúnem 40,7% de toda a população do Ceará.
Segundo o diretor geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Flávio Ataliba, há uma certa rigidez na concentração de atividades produtivas nessas regiões. Ele conta, contudo, que nos próximos anos a situação pode mudar um pouco. "O esforço de desconcentrar é sempre grande. Naturalmente que sempre haverão locais com maiores volumes de riqueza, mas algumas políticas dos últimos anos, como a ampliação de vagas universitárias no interior, têm sido um força adicional para desconcentrar", diz.
Os dados referentes à concentração de riquezas do Ceará constam no documento "PIB dos Municípios 2012", divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para Ataliba, como as informações mais recentes são de 2012, é possível que a concentração do PIB já esteja menor. "Muitos investimentos foram feitos nos últimos dois anos, como a ampliação da rede de educação e de saúde no interior. Ainda não sentimos os efeitos disso, que são serviços que demandam outros serviços. Pode ser que nos próximos anos fique mais explícito, mas é importante frisar que essa desconcentração não muda fortemente de uma hora para outra", conta o diretor do Ipece.
Mais ricos e mais carentes
Segundo estudo elaborado pelo Ipece, com dados do IBGE, enquanto Fortaleza, Maracanaú, Caucaia, Sobral e Juazeiro do Norte despontam como os mais ricos do Estado, Granjeiro, Baixio, Pacujá, Guaramiranga e Altaneira aparecem como os municípios mais carentes, ambos com impacto de apenas 0,03% no PIB cearense. Umari e Ererê também são destaques negativos.
Vale ressaltar, porém, que entre os anos de 2008 e 2012, alguns municípios se destacaram pelo crescimento expressivo na criação de riqueza dentro do Estado. São Gonçalo do Amarante, por exemplo, avançou 135,4%, reflexo das obras e investimentos ocorridos no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). Pentecoste (134,1%), Camocim (127,6%), Paracuru (119,8%) e Aracati (110%) também se destacaram bastante.
Segundo o Ipece, deve-se ressaltar, todavia, que estas variações são nominais, incluindo o efeito da inflação acumulada no período. Assim, tais crescimentos não representam claramente uma alta na geração de riqueza real entre os anos analisados.
Sem ampliação
Ainda conforme o documento "PIB dos Municípios 2012", há dois anos Fortaleza era a oitava capital de maior participação no PIB do País, além de ser a décima dentre os 5.565 municípios brasileiros. Apesar de sua posição de destaque no Ceará, a cidade não conseguiu ampliar sua participação na economia nacional.
"Entre 2009 e 2012, o impacto de Fortaleza no PIB do País permaneceu em 1%. Em relação ao Ceará, entre 2011 e 2012 a participação relativa de Fortaleza apresentou um leve acréscimo de 0,5%, depois de manter a estabilidade de 2010 a 2011", analisa o supervisor do setor de disseminação da informação do IBGE-CE, Helder Rocha.
PIB per capita
Segundo o documento, em 2012, o PIB per capita de Fortaleza somou R$ 17.359,53. Com esse montante, a Capital cearense ocupa a 17ª posição em relação às demais capitais do País.
Na comparação com as capitais do Nordeste, porém, Fortaleza ocupa a primeira posição, com o maior PIB per capita da região. Dentre todos os municípios cearenses, a Capital está em 4º lugar. "Mas quando a gente analisa o ranking geral dos municípios brasileiros, Fortaleza perde força, ficando na 1.470º posição", observa Rocha.
Considerando os 10% menores municípios em relação ao PIB per capita no País, totalizando 556 municípios brasileiros, 44% estão localizados no Ceará.
Indicador aponta perda na indústria
Rio de Janeiro. A crise na indústria de transformação reduziu a fatia de municípios mais industrializados na geração de riqueza no País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados do Produto Interno Bruto dos Municípios 2012. O maior prejudicado foi São Paulo, cuja fatia passou de 11,6% do PIB brasileiro de 2011 para 11,4% em 2012. Também perderam participação Manaus e São Bernardo do Campo (SP).
Num período de cinco anos, o recuo na fatia paulistana no índice chega a 0,4 ponto porcentual. No entanto, o município permaneceu isolado na liderança do ranking de maiores PIBs do País, com contribuição maior do que a de 14 estados brasileiros juntos.
Em segundo lugar está o Rio de Janeiro, com 5,0%, seguido por Brasília, com 3,9%. Ambos perderam 0,1 ponto porcentual de suas fatias em relação a 2011.
Em 2012, a alta no preço do petróleo beneficiou produtores, como Campos dos Goytacazes (RJ), Cabo Frio (RJ), Rio das Ostras (RJ), Macaé (RJ) e Presidente Kennedy (ES). Já a queda no valor do minério de ferro prejudicou extrativistas, como Parauapebas (PA). No Centro-Oeste, o clima favorável e os preços altos favoreceram os produtores de algodão, soja, milho e suínos.
Concentração
A participação das capitais no PIB brasileiro caiu para o menor patamar da série histórica, iniciada em 1999: de 33,7% em 2011 para 33,4% em 2012. As seis mais ricas, contudo, ainda foram responsáveis por 25% de todo o PIB brasileiro no ano.
Naquele ano, as capitais brasileiras respondiam por 38,7% de todo o PIB nacional.
No ranking de capitais com maior participação no PIB nacional, avançaram uma posição Goiânia (de 0,67% em 2011 para 0,69% em 2012) e Aracaju (que manteve-se com 0,22% nos dois anos). Enquanto a primeira ultrapassou Vitória (que saiu de 0,68% para 0,65% no mesmo período), a segunda venceu Porto Velho (que passou de 0,23% para 0,22%). Em 2012, as capitais do Norte foram responsáveis por apenas 2,3% do PIB nacional, enquanto as do Sudeste detinham 18,4%. O Centro-Oeste respondia por 5,3% do PIB; o Nordeste, 4,7%; e o Sul, 2,7%.
O Amazonas foi o mais dependente de sua capital, já que Manaus contribuiu com 77,7% para o PIB do estado. Santa Catarina foi o mais autônomo, porque Florianópolis contribuiu com apenas 7,1%. A cidade foi a única que não liderou o ranking de contribuições dentro de seu estado. Itajaí (11,1%), ocupava a primeira posição, seguida por Joinville (10,3%).
Renda
A geração de renda permanece concentrada no País, segundo o IBGE. Em 2012, apenas seis capitais respondiam por 25% de todo o PIB brasileiro: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte e Manaus. Todos eram tradicionalmente concentradores da atividade de Serviços - Intermediação Financeira, Comércio e Administração Pública -, exceto Manaus, onde há equilíbrio entre o segmento e a indústria.
"Enquanto os seis municípios mais ricos geram 25% da renda do País, os 24% mais pobres geram apenas 1% do PIB. Aí esta a diferença na geração de renda entre os municípios. Onde eles estão? Tocantins, Piauí e norte de Minas Gerais", apontou Sheila Zani, gerente na Coordenação de Contas Nacionais do IBGE.
Em 2012, o PIB gerado pelos 10% mais ricos foi 117 vezes maior do que o gerado pelos 50% mais pobres. "Teve ligeiro aumento na concentração em relação a 2011. Mas a desigualdade não aumentou. O Índice de Gini (indicador de desigualdade) recuou ante 2011, embora já tenha sido menor", completou.
Extremos
Presidente Kennedy (ES) manteve-se como o maior PIB per capita, aos R$ 511.967,24 por habitante, sustentado pela produção de petróleo. O menor foi o da cidade de Curralinho (PA), de apenas R$ 2.720,32.
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