sábado, janeiro 03, 2015

'Não somos ladrões', diz Carvalho em despedida

Petista ironizou quem se refere ao partido como uma quadrilha, devido à condenação no mensalão

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Ao transmitir o cargo para Miguel Rossetto, que era titular do Desenvolvimento Agrário, o ex-ministro também afirmou que é preciso 'levantar a cabeça e honrar nossa luta' em referência aos membros da legenda
FOTO: AGÊNCIA BRASIL
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Novo ministro defendeu o aperfeiçoamento de práticas de gestão de riscos e adequação às normas em órgão e empresas públicas
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Titular da Integração diz que questões da estatal devem ser separadas das indicações
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Novo ministro da Defesa disse que escolheu comandar a Pasta por 'opção' e que revelou a Dilma que tinha 'apreço' em assumir o comando
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Brasília Ao transmitir o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência, o petista Gilberto Carvalho afirmou ontem que "nós não somos ladrões" e que "temos que levantar a cabeça e honrar nossa luta", em referência aos membros do partido.
Carvalho assumirá o comando do Conselho Nacional do Sesi e passou seu cargo para o também petista Miguel Rossetto, que era titular do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
"Eu volto para casa depois de 12 anos para minha quitinete rural e pro meu apartamento, que fiquei devendo pro Banco do Brasil durante 19 anos. Eu digo isso com muito orgulho e desafio a acompanharem a evolução patrimonial de nossos ministros. Não vamos levar desaforo pra casa, nós temos dignidade", disse Carvalho.
O petista também ironizou quem se refere ao partido como uma quadrilha, em função da condenação no mensalão, que levou à prisão integrantes da cúpula do PT.
"A quem disse que perdeu a eleição para uma quadrilha, eu quero responder dizendo que essa é a nossa quadrilha. Para eles, pobre é quadrilha, é essa a quadrilha dos pobres que foi injustamente marginalizada e agora está sendo tratada com um mínimo de dignidade. Com muito orgulho eu quero dizer: eu pertenço a essa quadrilha e vamos continuar mudando o País com esse objetivo", afirmou.
Carvalho também brincou dizendo que pediu desculpas à presidente Dilma Rousseff "porque sei que dei muita dor de cabeça a ela, particularmente com minhas falas à imprensa". "Eu quero dizer a vocês que dessas bombas em nenhum momento eu me arrependi, aquilo que foi dito como 'sincericídio' foi uma convicção muito forte que um governo, para além de realizar, precisa interpretar a realidade, precisa ser educador", declarou.
O ex-ministro fez uma homenagem ao petista Luiz Gushiken (1950-2013), inocentado no mensalão, a quem chamou de "pessoa extremamente injustiçada", mas reconheceu que "há entre nós pessoas que tombaram, que caíram nos erros".
"Diferentemente de antes, cada um de nós companheiros que cometeu um erro foi punido, pagou um preço, doloroso para nós, mas pagou um preço. Isso eu espero que sirva de fato para um novo padrão republicano", disse Carvalho.
Novo ministro
O novo ministro, Miguel Rossetto, afirmou que irá ampliar o processo de "participação popular e de diálogo". "Nós vamos estimular permanentemente um diálogo forte, verdadeiro, respeitoso, um diálogo capaz de construir consensos", declarou.
Rossetto disse que as metas serão buscadas "a cada dia" e destacou que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social terá papel "fundamental" para garantir que as propostas sejam executadas.
Simão travará luta contra corrupção
Brasília O novo ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Valdir Simão, assumiu o cargo ontem prometendo o combate "implacável" à corrupção, em meio ao maior escândalo de corrupção no País.
O tema está no centro do debate após ser revelado um suposto esquema de pagamento de propina envolvendo a Petrobras, algumas das maiores empreiteiras do País e partidos políticos.
"Prevenção e combate à corrupção são duas vias de um mesmo caminho", disse o novo ministro. "É tarefa da CGU ser implacável com aqueles que não andarem na linha (...) Temos que punir, sem trégua, a corrupção que rouba o poder legítimo do povo, a corrupção que ofende e humilha os trabalhadores, os empresários e os brasileiros honestos e de bem", afirmou durante a transmissão de cargo.
Ao defender o aperfeiçoamento de práticas de gestão de riscos e de adequação às normas em órgãos e empresas públicas, Simão utilizou-se de fala da presidente Dilma, na quinta-feira, para afirmar que é preciso "defender nossas empresas, patrimônio do nosso povo, de predadores e inimigos".
Simão, que até sua indicação para a CGU era secretário-executivo da Casa Civil, assume o cargo no lugar de Jorge Hage.
Na despedida, Hage voltou a criticar as fragilidades no sistema de fiscalização das empresas estatais e empresas públicas de economia mista, como a Petrobras. Ele defendeu a criação de unidades de fiscalização e controle internos nas empresas públicas e a revisão das regras de contratação e licitações.
Jorge Hage aproveitou para cobrar que o Congresso aprove a reforma política e a do processo judicial.
Occhi não teme caso Petrobras
Brasília Indicado pelo PP, partido que foi "rebaixado" na reforma do primeiro escalão feita pela presidente Dilma Rousseff e que está no centro do escândalo de corrupção na Petrobras, o ministro Gilberto Occhi assumiu na manhã de ontem suas funções no Ministério da Integração Nacional e afirmou que "não há preocupação" com os impactos das denúncias sobre o partido. Em cerimônia na sede da Pasta, em Brasília, Occhi recebeu o cargo de Francisco Teixeira, ligado ao PROS dos ex-governadores do Ceará Cid e Ciro Gomes.
"Temos que separar a questão da Petrobras com os partidos e com as indicações. O nome que ela (a presidente Dilma) indicou é de confiança e não apenas uma indicação do partido", afirmou.
Dez políticos do PP, inclusive o presidente da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), estão na lista do delator e ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, revelada em dezembro do ano passado.
Em seu primeiro pronunciamento como ministro da Integração, Occhi destacou a principal ação da Pasta: as ações de irrigação. "Temos que separar a nomenclatura de um ano difícil com redução de investimentos. Isso não ocorrerá. A presidente falou isso e a equipe econômica também", disse.
Wagner fala em 'cicatrizar feridas'
Brasília Recém-empossado, o novo ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse ontem, diante do comando militar, que "transparência e verdade não fazem mal a ninguém".
Ao discursar na solenidade de posse, após participar de uma cerimônia em que passou em revista as tropas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ele afirmou que "o muro de Berlim e de Manhattan" já foram derrubados. Ele disse haver ainda feridas a serem cicatrizadas.
Em entrevista, afirmou: "Há ainda pessoas que perderam familiares, não encontraram familiares e querem ter o direito de encontrar para dizer quem foi culpado. Insisto: a conjuntura internacional de 1964 não existe mais". O ministro fazia uma referência aos desaparecidos durante a ditadura militar brasileira.
Ele fez questão de frisar que não estava ali para servir a um partido, no caso o Partido dos Trabalhadores, mas ao País.
Opção
Jacques Wagner também afirmou ontem que escolheu comandar a Pasta por "opção" e não por convocação. Na cerimônia em que recebeu o cargo do diplomata Celso Amorim, o ex-governador baiano disse que emprestará seu "patrimônio político" no posto a fim de tentar "cicatrizar" cada vez mais as "feridas" entre o poder civil e os militares.
O novo ministro relatou ter dito à presidente que tinha muito "apreço" em assumir o comando da Defesa. Ele afirmou que o pedido foi "recolhido" por Dilma, embora "muita gente continue não entendendo".
Wagner destacou ainda que as recomendações feitas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) vão ser processadas internamente pelo Ministério. No seu discurso de despedida, Celso Amorim disse ter ajudado "com os melhores esforços" a CNV.
Berzoini diz que governo regulamentará mídia no País
Brasília O novo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, confirmou ontem que o governo vai apresentar proposta de regulamentação econômica da mídia no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
Berzoini disse que o Ministério vai "abrir um debate" para ouvir diversas sugestões sobre o tema, que serão encaminhadas ao Congresso Nacional - responsável por colocar em prática o processo de regulamentação.
"Quem regulamenta é o Congresso Nacional. O Poder Executivo pode, no máximo, apresentar suas propostas. Mas pode também fomentar a discussão e fazer com que as pessoas compreendam de maneira bastante clara o que já está na Constituição e o que é necessário para que se tornem esses direitos constitucionais efetivos", afirmou.
Berzoini negou que o governo tomará como base a proposta de regulamentação da mídia, que inclui a regulação de conteúdo.

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