quarta-feira, março 11, 2015

Dilma admite que 'momento é difícil'

A presidente foi hostilizada por parte dos que trabalhavam no 21º Salão Internacional da Construção

Image-0-Artigo-1813242-1
Presidente justificou cortes no Orçamento a empresários, que se disseram afetados pela turbulência político-econômica nacional
FOTO: REUTERS
São Paulo. A presidente Dilma Rousseff (PT) disse ontem que espera que a economia brasileira supere a crise até o fim do ano. Ela admitiu, no entanto, que o País passa por um "momento difícil".
"Eu não ignoro a desaceleração do setor e da economia vivenciada no momento atual. Eu tenho trabalhado de forma sistemática para superar ainda este ano essa desaceleração", disse logo no início de sua fala, na abertura do 21º Salão Internacional da Construção (Feicon-Batimat), na capital paulista.
"Nós vamos fazer todo o esforço ao nosso alcance para que, até o final deste ano, os sinais de recuperação já comecem a aparecer", declarou a presidente, que foi recebida com vaias. Os gritos não vieram de visitantes, mas de expositores, modelos e vendedores que trabalhavam nas centenas de estandes da feira.
Dilma visitava o pavilhão antes de ser aberto ao público. Ela estava acompanhada do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, e de representantes empresariais do setor da indústria e comércio de materiais de construção. A feira reúne 2 mil marcas nacionais e internacionais e espera receber 120 mil visitantes até sábado(14).
Diante da reação do público, que gritou palavras de ordem como "fora Dilma", a presidente percorreu apenas uma pequena parte da exposição e, mostrando desconforto, voltou ao carro. Dilma foi conduzida ao auditório Elis Regina onde participou da solenidade de abertura. Com capacidade para 799 pessoas, o local não tinha metade da lotação.
A presidente pediu aos empresários do setor que "não deixem que as incertezas conjunturais determinem sua visão de futuro do País". A declaração foi feita depois de a presidente ouvir críticas de um dos líderes do setor, o presidente da Associação Brasileira de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover.
"É verdade que o Brasil passa por um momento difícil, mais difícil do que vivemos nos últimos anos recentes. Mas nem de longe nós estamos vivendo uma crise das dimensões que alguns dizem que nós estamos vivendo", afirmou a presidente.
"Tenho presenciado que o empresário tem mantido equilíbrio, quer a governabilidade, quer a permanência do processo democrático, está fazendo e irá fazer a crítica precisa, cirúrgica mesmo, e não a simplista e generalista. O que fazer para voltarmos a crescer?", disse Cover.
Efeitos
Sem citar a operação Lava-Jato, o empresário afirmou que o setor, que representa 13% do PIB, estava sendo afetado pela turbulência e cobrou medidas de proteção ao setor.
"Estamos entre os que acham que, sem deixar de punir quem fez malfeitos, é preciso buscar uma solução institucional para as pequenas e médias empresas não ficarem paralisadas. Elas não estão vendendo por falta de confiança no recebimento", declarou o empresário.
Cover cobrou ainda que a presidente garanta os programas sociais e o projeto Minha Casa Minha Vida, além de uma política de emprego e renda capaz de garantir o consumo dos cidadãos. Ele considerou, no entanto, o ajuste econômico era "absolutamente necessário".
Cortes
Para a presidente, os ajustes "reforçam ainda mais os fundamentos econômicos do País". Dilma justificou os cortes dizendo que o Orçamento da União absorveu "uma parte importante da crise".
A presidente Dilma disse ainda que o setor de construção civil é um exemplo bem-sucedido de parceria entre os governos federal, estaduais e municipais com a iniciativa privada. "Desejo muito sucesso e podem contar que nós iremos juntos superar desafios que temos pela frente", encerrou a presidente.

0 comentários:

Postar um comentário