quinta-feira, março 19, 2015

Operador pagou R$ 1,4 milhão em consultoria

A defesa informou que a JD Assessoria e Consultoria atua há anos assessorando empresas no mercado externo

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Pagamentos foram feitos em 2011 e 2012, período em que o ex-ministro acabou condenado no julgamento do mensalão
FOTO: FABIO RODRIGUES POZZEBOM / AG. BRASIL
Curitiba Uma empresa usada pela construtora Engevix - acusada pela Operação Lava-Jato de formação de cartel e corrupção na Petrobras - para pagar propina em contratos da Diretoria de Serviços depositou R$ 1,45 milhão para a JD Assessoria e Consultoria Ltda, do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Os pagamentos foram feitos em 2011 e 2012, ano em que Dirceu foi condenado no mensalão. Quebra de sigilo da empresa do ex-ministro mostra que a Jamp Engenheiros Associados Ltda. Pagou R$ 300 mil, em 2011, e R$ 1,1 milhão, em 2012, por consultoria prestada pela JD. Aberta em 1998, a JD é especializada em dar "assessoria e consultoria direcionadas à obtenção de cooperação e estabelecimento de parcerias empresariais com os países que integram o Mercosul".
A força-tarefa que investiga o esquema na estatal petrolífera suspeita que o ex-ministro fazia lobby para o cartel de empreiteiras que se instalaram na Petrobras para assumir controle de contratos bilionários. A defesa do ex-ministro informou que a JD Assessoria e Consultoria, com sede em São Paulo, atua desde 2006 "assessorando empresas brasileiras e estrangeiras, sobretudo no mercado externo".
Em nove anos de atuação, segundo a defesa, a JD prestou serviços a mais de 50 empresas no universo de quase 20 setores da economia, como comércio exterior, comunicação, logística, tecnologia da informação, construção civil, além de vários ramos da indústria, como os de bebidas, de bens de consumo, farmacêutico e de insumos elétricos. A defesa entregou, a pedido do Ministério Público Federal, cópia de contrato da JD com a Jamp. A Jamp, que pagou pela consultoria de Dirceu, pertence a Milton Pascowitch, apontado na Lava-Jato como um dos 11 operadores de propinas na diretoria de Serviços.
Ele foi um dos alvos de condução coercitiva na Operação My Way, deflagrada em 5 de fevereiro, por ligação com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque - preso na segunda-feira, 16, pela segunda vez. Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava-Jato, o vice-presidente da Engevix, Gérson de Mello Almada, confessou ontem que pagava para "lobistas" comissões por contratos na Petrobras.
A Jamp era uma das empresas usadas. Pascowitch e o doleiro Alberto Youssef - alvo central da Lava-Jato - foram citados por Almada como operadores dos valores pagos por ele por contratos envolvendo as diretorias de Serviços e Abastecimento, comandadas pelo PT e pelo PP, respectivamente. Segundo o sócio da Engevix, Pascowitch era o elo da empreiteira com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto no esquema. Documento da Receita Federal mostra que a Engevix pagou R$ 1,1 milhão, entre 2008 e 2011 para a JD Assessoria. O executivo da Engevix afirmou que o contrato era para serviço de "lobby" internacional.
A defesa do ex-ministro rebateu suspeitas que pesam contra a JD Assessoria e Consultoria.
Renan e Jucá
Em vídeo gravado pela Procuradoria Geral da República (PGR) no último dia 11 de fevereiro no Rio de Janeiro, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) sabiam da cartelização das empreiteiras na Petrobras e defendiam que elas continuassem ganhando obras na estatal do petróleo.
"Qual era o interesse desses políticos? Que as empresas do cartel ganhassem. Porque se elas ganhassem, revertia uma parte para eles. Outra coisa que eu falei lá nos depoimentos, essas empresas do cartel não trabalham só para a Petrobras. Essas empresas do cartel trabalham para portos, aeroportos, hidrovias, ferrovias. O interesse deles é tudo, não é só Petrobras", disse Costa. "A minha área de abastecimento era a ponta do iceberg", afirmou o ex-diretor, que fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público e a Polícia Federal. Ele contou que mantinha reuniões mensais com os senadores Renan e Jucá.
Um dos procuradores responsáveis pelo depoimento quis saber "qual seria a contrapartida" dos senadores Renan e Jucá para o apoio que deram para que Costa permanecesse em seu cargo na Petrobras, no primeiro trimestre de 2007.
"Ajudar no que fosse possível o partido", respondeu o delator. "Ajudar o partido, igual a abordagem do PP?", inquiriu o procurador. "Mesma coisa", respondeu Paulo Roberto Costa.
Lula
A pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT convocou, ontem, seus dirigentes para uma grande reunião em São Paulo. Além da cúpula do partido, os presidentes estaduais foram chamados para o encontro, que acontecerá no dia 30 num hotel da capital. O objetivo, diz o e-mail de convocação, é "discutir as tarefas do PT na atual situação política".
"A reunião também será para preparar o partido para atuar na agenda de mobilização dos movimentos populares em defesa da democracia e das conquistas sociais nos governos de Lula e Dilma", diz a mensagem.

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