sexta-feira, março 20, 2015

Para Mercadante, saída de Cid foi 'incidente político grave'

Questionado sobre uma possível ida para o MEC, o petista se negou a comentar. "Tenho trabalho demais", disse

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O ministro da Casa Civil se negou a comentar uma possível saída dele da Pasta- ele tem sido alvo de especulações e de fogo amigo de setores do PT
FOTO: AGÊNCIA BRASIL
Brasília O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, considerou a reação do agora ex-ministro da Educação Cid Gomes um "incidente político grave".
Ele disse que a permanência do colega prejudicaria o próprio MEC. Mercadante se negou a comentar uma possível saída dele da Casa Civil - ele tem sido alvo de especulações e de fogo amigo de setores do PT. Questionado sobre uma possível ida para o MEC, Mercadante se negou a comentar. "Tenho trabalho demais", disse.
"É da vida pública, é da democracia, tivemos um incidente político grave. Evidentemente prejudicaria muito o MEC a permanência do ministro depois da sessão que vimos ontem", disse Mercadante, ontem, após participar de premiação na embaixada da Espanha, em Brasília. O ministro se referiu ao bate-boca entre Cid e os parlamentares ontem, em sessão no plenário da Câmara.
Cid chegou a dizer ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que prefere "ser acusado por ele de mal educado do que ser como ele, acusado de achaque". Sobre a indicação de um novo ministro para o lugar de Cid, Mercadante afirmou que compete à presidente escolher.
"Ele (Cid) tomou a iniciativa de pedir demissão para a presidenta e compete a ela agora indicar. Tenho certeza de que ela fará a melhor escolha", afirmou.
Após o episódio, Mercadante descartou a possibilidade de o Pros deixar a base aliada.
"Todo mundo sabe que a saída do ministro foi em função do incidente de natureza política e pessoal. Não tem nenhuma relação com o governo", disse.
Datafolha
Na avaliação do ministro, o ambiente conturbado no campo da política se deve em parte ao clima de terceiro turno instalado após as últimas eleições. Mercadante, no entanto, considerou que o governo precisa ficar atento ao clamor da sociedade.
"Governo tem que ler as pesquisas de opinião com humildade, coragem e firmeza", afirmou. Apesar de dizer que o governo precisa ouvir as críticas, Mercadante declarou que a gestão não pode ser cobrada pelas promessas feitas durante a campanha com apenas dois meses do início do novo mandato.
A exoneração de Cid do cargo de ministro da Educação está publicada na edição de ontem (19) do Diário Oficial da União. Gomes pediu demissão à presidente Dilma Rousseff, após embate com deputados e com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no plenário da Casa.
'Vitória da corrupção'
Pouco depois de ver o irmão ser demitido por ter chamado os deputados de achacadores, Ivo Gomes, secretário das Cidades do Ceará e irmão de Cid, resolveu atacar a presidente. "Pronto, galera do impeachment. Não precisa mais pedi-lo. Dilma prostra-se. Quem manda no Brasil é o PMDB. A corrupção venceu a verdade", postou em sua página nas redes sociais.
Usando a hashtag #cidmerepresenta, Ivo, irmão de Cid e de Ciro Gomes, publicou ainda vídeo do discurso do agora ex-ministro da Educação na Câmara dos Deputados, quando instou os deputados da base aliada a "largar o osso". Também do Pros, Ivo já havia criticado os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), e do Senado, o também peemedebista Renan Calheiros, ao chamá-los de "picaretas contumazes" quando seus nomes apareceram na lista dos políticos sob investigação na Operação Lava-Jato.
Nenhum dos irmãos Gomes quis dar entrevistas ontem. Cid passou o dia em seu apartamento em Fortaleza.
O governador Camilo Santana, do PT, não se pronunciou sobre as críticas que seu secretário fez à presidente. O petista, inclusive, lamentou a saída de Cid do governo Dilma.
"Perde o Ceará, perde o Brasil e, principalmente, perde a educação brasileira", disse Camilo.
Câmara dos Deputados processa ex-ministro
Brasília A Câmara dos Deputados, por meio do procurador da Casa Cláudio Cajado (DEM-BA), ingressou ontem com uma ação por danos morais contra o ex-ministro Cid Gomes (Educação) e com uma representação contra ele na Procuradoria-Geral da República (PGR).
A ação, ajuizada na Justiça Federal, argumenta que ele feriu a imagem da Casa com suas declarações e pede que a indenização seja revertida ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Não foi estipulado valor.
A representação na PGR aponta três infrações do ex-ministro, segundo argumentação do procurador: crime de responsabilidade, por ter deixado antecipadamente a sessão para a qual foi convocado, condescendência criminosa, por afirmar que havia 'achacadores' na Câmara sem denunciar formalmente o caso, e improbidade administrativa, por ter ferido princípios da administração pública ao se omitir sobre os 'achacadores'.
Vaga
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou ontem que o PMDB vá pleitear o Ministério da Educação após a saída de Cid.
Apesar de os peemedebistas pressionarem o Palácio do Planalto para assumirem mais um ministério do governo Dilma, Renan disse que cabe à presidente definir quem deve assumir os cargos, sem a interferência da sigla. Renan não quis comentar a audiência de Cid na Câmara.

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