domingo, março 08, 2015

PRESIDENTE DA CÂMARA Citado em lista, Cunha diz que governo quer 'sócio na lama'

O deputado afirma que o governo teria interferido junto a Janot para incluir seu nome e a oposição na lista



Image-0-Artigo-1811573-1
Peemedebista voltou a negar envolvimento com o caso e disse que peça da Procuradoria-Geral da República é uma "piada" e uma "alopragem" de integrantes do governo
FOTO: AGÊNCIA CÂMARA
Brasília. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse neste sábado (7) que o governo federal quer "sócio na lama", ao comentar o seu nome e de oposicionistas na lista de investigados da Procuradoria-Geral da República no caso Lava Jato.
"O governo quer sócio na lama. Eu só entrei para poderem colocar Anastasia", ataca o deputado. Na lista divulgada na sexta-feira (6), o nome do senador e ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia (PSDB) foi incluído. Ele é braço direito de Aécio Neves, líder da oposição e adversário de Dilma em 2014.
Cunha aparece citado em mesmo depoimento de Anastasia.
Para o deputado, a peça da procuradoria é uma "piada" e foi uma "alopragem" de integrantes do governo, que, segundo acusa, teriam interferido junto a Rodrigo Janot para inclui-lo e a oposição na lista.
"Sabemos exatamente o jogo político que aconteceu. O PGR agiu como aparelho visando a imputação política de indícios como se todos fossem participes da mesma lama. É lamentável ver o PGR, talvez para merecer sua recondução, se prestar a esse papel", postou no Twitter. O maior número de envolvidos é do PP, seguidos pelo PT e pelo PMDB, todos da base aliada de apoio à Dilma Rousseff.
Cunha voltou a negar envolvimento com Fernando Soares, o Fernando Baiano e reafirma que o ex-diretor Nestor Cerveró foi indicado pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS), que teve pedido de inquérito arquivado. "Fernando Soares nunca representou a mim nem ao PMDB", disse Cunha no Twitter.
Nota oficial
Cunha também divulgou uma nota oficial sobre a menção de seu nome na lista de Janot, com o título "Quem não deve, não teme". Leia a seguir os principais trechos do comunicado:
"Tendo acesso à petição, comento alguns fatos para contestar vários absurdos divulgados. Primeiramente, óbvio que desminto todas as afirmações do procurador Geral da República contidas na petição. O PMDB na Câmara nunca teve nada a ver com a indicação de Paulo Roberto Costa. Afirmam que Nestor Cerveró foi indicado pelo PMDB, quando todos sabem que ele era indicado de um senador, objeto de arquivamento."
"Quem fala é um delator desqualificado, cujo advogado deu declaração pública que eu não tinha sido citado (...) Os absurdos são vários. Primeiramente, o de atribuir pacto de terceiro sem provar. Atribuir o recebimento sem provar, e ainda supor que eu era beneficiário."
"E não cessa o absurdo, ao misturar a doação à minha campanha com várias doações de empresas ao comitê financeiro do PMDB como se fossem minhas. Neste ponto, há dois grandes absurdos: o primeiro é criminalizar a doação de campanha por ser de empresa envolvida no suposto esquema de corrupção. Imaginem só todas as campanhas majoritárias, incluindo a da Dilma, a do Aécio e todas as outras? Também receberam doações destas empresas. Por que, então, não abriram inquérito contra todos que receberam doações dessas empresas?"
"O segundo grande absurdo é como a mim atribuir o benefício de doação à comitê financeiro do partido como se fosse minha? Ainda cita como indício de doação do comitê financeiro do PP para a minha campanha de 2010, como se isso fosse prova de benefício indevido."
"É uma piada essa peça do procurador, e causa estranheza que ele não tenha a mim pedido explicações, como, aliás, sempre foi praxe na Procuradoria Geral da República (PGR)."
"Após ler o inquérito, a mim não restou qualquer dúvida de que ter novo depoimento do delator dez dias após eu me eleger, e usar como referência a história do policial - e pasmem - doações oficiais de campanha como indícios de que esse inquérito foi proposto por motivação política - é mais uma alopragem que responderei e desmontarei com relativa facilidade."
"O procurador geral da República agiu como aparelho, visando à imputação política de indícios como se todos fossem partícipes da mesma lama."
"Sabemos exatamente o jogo político que aconteceu e não dá para ficar calado sem denunciar a politização e aparelhamento da PGR."
"Dessa forma, a mim e, creio também ao senador do PSDB, interessa saber com quem estamos misturados nessa corrupção odienta. Fui à CPI da Petrobras, que, aliás, ajudei a criar, para colocar-me à disposição para esclarecer o que for necessário. Vou pedir ao presidente da CPI para lá comparecer novamente, visando detalhar vírgula a vírgula dessa indecente petição (...), que, certamente, vai envergonhar muitos dessa respeitosa instituição."
Padre Zé, do PP-CE, nega envolvimento em corrupção
 
O ex-deputado federal disse não conhecer pessoalmente o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa Foto: VIVIANE PINHEIRO
 
Um dos dois políticos cearenses citados na lista divulgada pelo STF, o ex-deputado federal José Linhares, o Padre Zé (PP), negou qualquer envolvimento com o suposto esquema de corrupção da Petrobras, bem como disse não conhecer pessoalmente o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. 
De acordo com o progressista, a notícia sobre sua inclusão nessa listagem, “foi uma grande surpresa”. Para o político, uma possível razão para ter sido citado foi o fato de ter recebido um valor entre R$ 30 e R$ 50 mil do fundo partidário para sua campanha no pleito de 2010, “mesmo período em que, segundo noticiário, nosso então líder, o deputado Mário Negromonte teria recebido R$ 5 milhões, desse esquema”. O cearense, contudo, diz que recebeu o montante legalmente e prestou contas, tanto ao próprio partido, quando à Justiça Eleitoral. 
 
Segundo ele, o PP, “foi o mais citado, porque o Paulo Roberto Costa foi indicado pelo nosso correligionário José Janene, mas acredito que muitos possam ter sido citados por estar em uma situação parecida com a minha”.
Janot aponta 4 núcleos em esquema
Brasília. A Procuradoria-Geral da República identificou uma estrutura de quatro núcleos no esquema de corrupção na Petrobras - político, administrativo, econômico e financeiro.
Segundo Rodrigo Janot, chefe do Ministério Público, o "esquema criminoso" contava com a participação de integrantes de pelo menos três partidos, PP, PT e PMDB.
O procurador anotou que diretores da estatal pagavam mesada a deputados para terem apoio político e permanecerem em seus cargos por longo período.
A base da investigação que tem 34 parlamentares como alvo, autorizada na sexta-feira (6), pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, são os depoimentos do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, delatores da Operação Lava Jato. A dupla atuou nos contratos firmados pela Diretoria de Abastecimento e revelaram que integrantes de partidos (núcleo político) indicavam os diretores da estatal (núcleo administrativo), que se valiam dos cargos para contratar empreiteiras previamente escolhidas em um cartel (núcleo econômico).
Esses diretores pagavam mensalmente, a título de propina, cerca de 3% do valor dos contratos aos integrantes dos partidos que participavam do esquema, aos agentes públicos e a operadores que ficavam em média com 20% da propina paga.
Collor e Renan
De acordo com o colunista Lauro Jardim, da revista Veja, "o mentor intelectual das ameaças de Renan Calheiros a Rodrigo Janot é Fernando Collor".
Ainda segundo Jardim, "a decisão de centrar fogo no chefe da PGR foi proposta por Collor a Renan na quarta-feira (4), quando os dois conversaram longamente na residência oficial do presidente do Senado. Depois do almoço com Collor na quarta-feira, Renan preparou o terreno para partir para cima de Janot".
O jornalista conclui afirmando que "Collor quer que Renan faça com Janot o que ele tentou fazer" com Roberto Gurgel.
Transparência Internacional aconselha afastamento
Berlim/Brasília. Os políticos brasileiros que venham a ser investigados no escândalo de corrupção na Petrobras deveriam se afastar de suas funções no governo ou Congresso, segundo a ONG anticorrupção Transparência Internacional.
"Se você é um parlamentar e está sob investigação, não precisa admitir culpa, mas precisa se afastar. Se continuar trabalhando no Legislativo, suas decisões podem ser influenciadas pelo processo", afirmou à BBC Brasil Casey Kelso, responsável na Transparência Internacional pelo setor que coordena ações destinadas a influenciar autoridades a adotar melhores condutas. Kelso afimou, porém, que a autoridade deve deixar a função enquanto ocorre a investigação, mas não precisa necessariamente abdicar do cargo.
A lista com nomes de políticos e autoridades a serem investigados dentro da Operação Lava-Jato foi divulgada na noite de sexta-feira (6) pelo ministro do STF Teori Zavascki.
A lista inclui nomes de parlamentares, ex-governadores e ex-ministros. Isso não significa que eles sejam réus, mas sim que terão inquéritos instaurados dentro das investigações do esquema de corrupção na Petrobras.
Segundo Kelso, o afastamento ao menos temporário das funções por parte de políticos e autoridades investigados é uma prática considerada comum em outros países.
p

0 comentários:

Postar um comentário