segunda-feira, março 09, 2015

Reeleição de Cabral teve R$ 30 mi de caixa 2, diz delator

A presidente Dilma Rousseff, acompanhada pelo governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o ex-governador Sérgio Cabral inaugura conjunto residencial do programa Minha Casa Minha Vida em Manguinhos, subúrbio do Rio
A presidente Dilma Rousseff, acompanhada pelo governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o ex-governador Sérgio Cabral inaugura conjunto residencial do programa Minha Casa Minha Vida em Manguinhos, subúrbio do Rio(Divulgação/VEJA)
A campanha do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e do então vice-governador e seu sucessor, Luiz Fernando Pezão (PMDB), obteve 30 milhões de reais em "caixa dois" - doações ilegais - de empresas do chamado Clube do Bilhão, de acordo com depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. A afirmação foi feita em um dos depoimentos prestados pelo ex-diretor, no âmbito de acordo de delação premiada, pelo qual ele se comprometeu a colaborar com as investigações da Operação Lava Jato em troca de futura redução da pena.
Costa disse que fez contatos e "solicitou" que as empresas fizessem doações para o "caixa dois" da campanha de Cabral. Cerca de 15 milhões de reais foram doados pelo consórcio Compar, formado por Odebrecht, OAS e UTC. O restante foi doado por Skanska e Alusa. Todas as empreiteiras são prestadoras de serviços da Petrobras e são investigadas na Operação Lava Jato.
"O dinheiro saiu do caixa das empresas e a operacionalização ocorreu entre Régis (Fichtner, ex-secretário da Casa Civil do governo do Rio) e as empresas, mas não sabe precisar detalhes de como isso ocorreu", diz resumo do depoimento elaborado pelo Ministério Público Federal.
O termo de depoimento nº 4, que trata da doação ilegal, foi enviado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde tramitam processos contra governadores. Pezão foi eleito governador no ano passado e sucedeu Cabral. A menção ao ex-governador foi revelada por VEJA.
O ex-diretor afirmou que fez reunião com Cabral, Pezão e Régis Fichtner no primeiro semestre de 2010, em que o ex-governador pediu ajuda. No encontro, foram discutidas as contribuições para a reeleição de Cabral. A reunião foi marcada por Fichtner em um quarto do hotel Caesar Park, em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, de acordo com o delator.
Em nota, Cabral negou que tenha recebido recursos de caixa dois. "É mentirosa a afirmação do delator Paulo Roberto Costa. Essa reunião jamais aconteceu. Nunca solicitei ao delator apoio financeiro à minha reeleição ao governo do Estado do Rio. Todas as eleições que disputei tiveram suas prestações aprovadas pelas autoridades competentes. Reafirmo o meu repúdio e a minha indignação a essas mentiras", afirmou em nota.
O ex-secretário da Casa Civil do estado do Rio de Janeiro também divulgou comunicado em que negou ter tratado de doações com o ex-diretor. "Foi com enorme surpresa e indignação que tive ciência hoje, através da imprensa, de declarações do Sr. Paulo Roberto Costa, no âmbito da sua delação premiada, que mencionam a minha participação em uma suposta arrecadação de caixa 2 de campanha na eleição de 2010 para o então candidato à reeleição Sérgio Cabral para o cargo de Governador do Estado do Rio de Janeiro. Nunca participei de nenhuma reunião em que o então Governador Sérgio Cabral tivesse solicitado ao Sr. Paulo Roberto Costa ajuda para a arrecadação de recursos para a sua campanha. Nunca participei de nenhuma reunião com o Sr. Paulo Roberto Costa e representantes das empresas Skanska, Alusa e Techint, muito menos para tratar de arrecadação de recursos para campanha. Nunca me reuni com representantes do Consórcio Compar para qualquer finalidade, muito menos para tratar de contribuições de campanha. Tomarei as medidas cabíveis decorrentes das mentiras declaradas em relação à minha pessoa por parte do Sr. Paulo Roberto Costa, que incluirão pedido para que ele responda pelo crime cometido ao prestar tais declarações, tendo em vista a violação ao dever de dizer a verdade, previsto no parágrafo 14 do art. 4, da Lei no. 12.850/13.Tenho convicção de que uma mínima apuração dos fatos pela Justiça irá resultar no restabelecimento da verdade", afirmou em nota

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