quarta-feira, abril 01, 2015

Youssef admite que fez 'lobby'

Segundo ele, pedido para o acesso à Saúde foi feito para os deputados André Vargas e Cândido Vaccarezza

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Doleiro afirmou que um de seus funcionários levou cerca de R$ 400 mil em propinas à sede do diretório nacional do PT, em São Paulo
FOTO: FOLHAPRESS
Brasília. O doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava-Jato, afirmou à Justiça Federal que nenhum empresário consegue negócios no poder público se "não tiver um lobby". Em depoimento ontem, Youssef relatou como se aproximou do laboratório Labogen, que ele tentou infiltrar no Ministério da Saúde, em 2013, gestão do então ministro Alexandre Padilha (PT).
Ele disse que "pediu ajuda" a deputados do PT, naquele ano, para "abrir as portas" do Ministério da Saúde para o Labogen, que alega ter encontrado em más condições financeiras. Segundo Youssef, o pedido para facilitar o acesso à Saúde foi feito para André Vargas (PT/PR) - cassado em 2014 - e Cândido Vaccarezza (PT/SP), ex-líder do governo Lula na Câmara.
"Pedi a interferência (de Vargas e de Vaccarezza) simplesmente de abertura de portas", declarou o doleiro. "Infelizmente, se você hoje não fizer um lobby, nenhum empresário consegue entrar em nenhuma parte do poder público para prestar serviços. Infelizmente, nesse País funciona assim". Segundo Youssef, "não é fácil você pegar uma empresa que está parada há vários anos e simplesmente bater na porta do Ministério da Saúde e ser bem atendido".
"Isso não iria acontecer nunca (sem a 'ajuda' dos parlamentares petistas), até porque as outras concorrentes iriam fechar as portas", afirmou o doleiro. "Se você não tivesse alguém te indicando ou auxiliando na abertura de portas não consegue", disse.
Propinas
Youssef afirmou que um de seus funcionários levou cerca de R$ 400 mil em propinas à sede do diretório nacional do PT, no centro de São Paulo.
O doleiro já havia relatado esse pagamento específico, que ao todo - de acordo com os depoimentos - soma aproximadamente R$ 800 mil. No entanto, em seu depoimento anterior, Youssef não havia detalhado como os pagamentos foram feitos.
Questionado sobre o caso específico, o doleiro disse que usou uma empresa em nome de Waldomiro Oliveira, apontado como laranja das empresas do doleiro, para repassar dinheiro ao PT, ao PP e ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, também delator do esquema.
"Foram dois valores, de 400 e poucos mil reais, que foram entregues, a mando da Toshiba, para o tesoureiro do PT, o Vaccari", disse no depoimento.
Crítica de Vaccarezza
O ex-deputado e ex-líder do governo na Câmara Cândido Vaccarezza (PT) disse, ontem, que o governo precisa "baixar a bola" para sair da evidente crise política e econômica do cenário atual.
"O governo tem que baixar a bola, a oposição também. O País precisa de paz para a gente encontrar uma saída e a saída não é só econômica", disse ao chegar para uma plenária de sindicalistas e da militância petista em "defesa" da Petrobras, da democracia e dos trabalhadores. O ex-líder petista garantiu que não pretende deixar o partido.
Abreu e Lima
O ex-gerente-geral da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, Glauco Legatti, negou ontem superfaturamento na obra do empreendimento. "Não teve superfaturamento na obra", disse Leggati, em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras.
"Não existe na refinaria um serviço sem ter contrapartida", acrescentou. De acordo com Legatti, mais de 90% dos contratos foram em reais e o projeto final foi orçado em R$ 26 bilhões.
Segundo ele, o valor de US$ 18 bilhões seria resultado de uma contabilidade da variação da taxa de câmbio.

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