quinta-feira, setembro 03, 2015

Delator de Cunha deve ficar ‘satisfeito’ por não ter acordo cancelado, diz Moro

O consultor Júlio Camargo que intermediava pagamento de propinas no escândalo do petrolão
O consultor Júlio Camargo que intermediava pagamento de propinas no escândalo do petrolão(Reprodução/VEJA)
O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), afirmou, em despacho à defesa do delatorJulio Camargo, que o lobista deve ficar "satisfeito" por não ter seu acordo de colaboração premiada cancelado. Camargo foi condenado a catorze anos de prisão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro, mas a sentença foi convertida para cinco anos em regime aberto porque o réu é colaborador da Justiça. A defesa recorreu da sentença e ouviu, como resposta, que o acordo poderia até ter sido anulado porque o delator "não falou toda a verdade desde o início".
Camargo prestou diversos depoimentos à Justiça e resistiu a revelar, por exemplo, que pagou 5 milhões de dólares em propina ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O lobista também afirmou tardiamente que pagou 4 milhões de reais em dinheiro sujo ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) por meio de uma conta corrente utilizada pelo ex-diretor da Petrobras Renato Duque e o ex-gerente Pedro Barusco para pagamentos de propina.
"Júlio Camargo não falou toda a verdade desde o início a este Juízo, não só quanto a Eduardo Cunha mas também quanto a José Dirceu. Embora a omissão seja até compreensível em vista das circunstâncias, deve ficar satisfeito pelo fato deste Juízo não ter reputado quebrado o acordo, mas não cabe conceder a ele os benefícios na modulação máxima prevista no acordo", disse Moro, negando ampliar os benefícios do delator e rever a pena fixada na sentença. "Não cabe maior redução da pena. Já foi concedido na prática benefício elevado ao acusado, escapando ele da pena privativa de liberdade", afirmou.
A nova versão de Julio Camargo envolvendo o deputado Eduardo Cunha levou o parlamentar a questionar a legitimidade dos depoimentos do colaborador junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Cunha abriu a fila de políticos denunciados no escândalo do petrolão por suspeitas de receber dinheiro sujo a partir de fraudes em contratos com a Petrobras..

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