quarta-feira, setembro 30, 2015

E-mails indicam que Odebrecht pediu ajuda de Dilma

O executivo Marcelo Odebrecht, preso na Operação Lava Jato, durante depoimento à CPI da Petrobras em Curitiba, nesta terça-feira (01)
Executivo Marcelo Odebrecht está preso desde 19 de junho deste ano, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras(Vagner Rosário/VEJA.com)
Além de deixar claro o empenho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para favorecer a Odebrecht em contratos no exterior, os e-mails interceptados pela Polícia Federal na Operação Lava Jato incluem mensagens entre Marcelo Odebrecht e Giles Azevedo, chefe de gabinete na gestão Dilma Rousseff, e Anderson Dornelles, assessor especial da Presidência. Nas trocas de correspondência, o empresário queria que Dilma fizesse lobby do grupo na República Dominicana.
Dilma teve um encontro com o presidente dominicano eleito Danilo Medina, em 9 de julho de 2012. Na véspera da visita de Medina ao Brasil, em 5 de julho daquele ano, Odebrecht - preso na Lava Jato - escreveu para o chefe de gabinete da Presidência e para Anderson Dornelles: "Caros Giles e Anderson, peço o favor de entregar à presidente Dilma a nota em anexo referente ao encontro dela com o presidente da República Dominicana, que segundo fui informado, será esta segunda, 9 de julho, pela manhã. Fico à disposição para qualquer informação adicional. Obrigado e forte abraço. Marcelo."
A "nota" continha um resumo da atuação e dos empreendimentos da Odebrecht no país de Danilo Medina. O empreiteiro intitulou o documento de "ajuda memória da Odebrecht para a visita do presidente da República Dominicana". Ele destaca que o grupo "tem 6.112 integrantes locais, sendo 568 jovens engenheiros dominicanos". Como exemplo de "nossa atuação e inserção social junto às comunidades, além da própria atuação empresarial sustentável", a Odebrecht cita programa de alfabetização de adultos, reforma e ampliação de escolas públicas, construção de unidade de beneficiamento de café, saúde bucal, entre outras iniciativas.
"Face a relevância de nossa atuação no país [República Dominicana] seria importante que a presidente Dilma possa em seu encontro próximo com o Presidente Dominicano recém eleito Danilo Medina reforçar: a confiança que tem na Organização Odebrecht em cumprir os compromissos assumidos; a disposição de, através do BNDES, continuar apoiando as exportações de bens e serviços do Brasil, dando continuidade aos projetos de infraestrutura prioritários para o país." Ele assinala que o BNDES financia a exportação de bens e serviços para a República Dominicana desde 2002.
As trocas de e-mails demonstram que Odebrecht estava empenhado para que seu pedido chegasse, de fato, a Dilma. Às 13h21 do dia 6 de julho, a secretária da presidência da Odebrecht, Darci Luz, enviou e-mail para Alexandrino Alencar, executivo ligado à companhia, informando que "Marcelo enviou ontem à noite o documento para o Giles, para entregar à Presidente e está pedindo para o sr. confirmar com ele se recebeu e se conseguiu entregar a ela". Na mesma mensagem, Darci Luz diz que ligou para a secretária de Giles "mas ele estava fora e como foi para o e-mail pessoal ela não soube me informar".
Leia a nota da Odebrecht sobre o caso: "A Odebrecht esclarece que os trechos de mensagens eletrônicas divulgados apenas registram uma atuação institucional legítima e natural da empresa e sua participação nos debates de projetos estratégicos para o país - nos quais atua, em especial como investidora. A empresa lamenta, no entanto, a divulgação e interpretações equivocadas sobre mensagens sem qualquer relação com o processo em curso."
(Com Estadão Conteúdo)

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