terça-feira, setembro 29, 2015

Operador diz que repassou dinheiro de conta na Suíça para Eduardo Cunha

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se encontra com trabalhadores e sindicalistas no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, no bairro da Liberdade, região central da capital paulista, durante a manhã desta sexta feira (21)
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ): operador diz que peemedebista recebeu dinheiro na Suíça(Miguel SCHINCARIOL/AFP)
O engenheiro João Augusto Henriques, apontado pelo Ministério Público como um dos operadores do PMDB na Lava Jato, disse em depoimento à Polícia Federal que repassou dinheiro a uma conta corrente cujo verdadeiro destinatário era o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Henriques depôs na última sexta-feira e disse que o repasse foi feito a pedido de Felipe Diniz, filho do ex-deputado Fernando Diniz.
Segundo a versão apresentada pelo operador, que foi preso na 19ª fase da Operação Lava Jato, o repasse à suposta conta de Eduardo Cunha não era propina e ele nem sequer sabia que o destinatário seria o parlamentar. Ele afirmou que a conta estava em nome de uma empresa e apenas quando as próprias contas dele na Suíça foram bloqueadas é que soube que o destinatário do dinheiro era o presidente da Câmara.
Aos policiais, João Augusto Henriques confessou que recebia dinheiro de determinados clientes no exterior e que não informava os valores à Receita Federal do Brasil. Ele argumentou que os recursos não têm relação com o escândalo do petrolão e que são "finder's fee", ou seja, comissões pagas a intermediários por transações financeiras.
Essa não é a primeira vez que o nome do deputado Eduardo Cunha aparece em depoimentos relacionados à Operação Lava Jato. À Justiça, o lobista Julio Camargo, que atuou na empresa Toyo Setal, afirmou que o deputado pediu 5 milhões de dólares do propinoduto da Petrobras em um contrato de navios-sonda.
O ex-gerente da Área Internacional da Petrobras Eduardo Musa afirmou, em acordo de delação premiada, que cabia a Cunha, como parlamentar, dar a "palavra final" nas decisões da diretoria Internacional, na época comandada pelo réu no petrolão Jorge Zelada. Segundo Musa, coube a João Augusto Henriques emplacar Zelada na cúpula da petroleira, embora fosse de Cunha a influência direta sobre a gestão da companhia. "João Augusto Henriques disse ao declarante que conseguiu emplacar Jorge Luiz Zelada para diretor Internacional da Petrobras com o apoio do PMDB de Minas Gerais, mas que dava a palavra final era o deputado federal Eduardo Cunha, do PMDB/RJ", diz trecho da delação premiada do ex-gerente da Petrobras. Eduardo Cunha afirma que não conhece Eduardo Musa.
Ao MP, Eduardo Musa descreveu parte das atividades do lobista João Augusto Henriques e disse que ele não possuía uma "atividade empresarial produtiva" e atuava essencialmente na intermediação de parte dos negócios com a Petrobras e na intermediação de propina. Segundo o delator, entre as obras "contaminadas" por dinheiro sujo na Petrobras estavam a refinaria de Pasadena, no Texas, os navios-sonda Petrobras 10000 e Vitoria 10000 e contratos de montagem de módulos para plataformas da Petrobras, com a participação da empresa OSX, do empresário Eike Batista, e da empreiteira Mendes Junior

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