segunda-feira, outubro 19, 2015

BC já discute IPCA em 4,5% só em 2017

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central do Brasil
Alexandre Tombini, presidente do Banco Central do Brasil(Ueslei Marcelino/VEJA)
O Banco Central já começa a discutir internamente quando reconhecerá que a inflação só irá para o centro da meta, de 4,5% ao ano, em 2017. O tema já tem sido comentado nos últimos meses entre analistas do mercado financeiro, mas agora começou a fazer parte de encontros entre diretores do banco.
Oficialmente, o BC nega que essas discussões estejam ocorrendo. O assunto, no entanto, já foi pauta em reuniões reservadas de alguns diretores. Com a perspectiva de que a instituição não mexerá na taxa básica de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que será realizada nesta semana, essa postergação do cumprimento da meta possivelmente será debatida com todos os membros da diretoria neste encontro.
Até agora, o Banco Central insiste que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial da inflação, convergirá para o centro da meta no final de 2016. Mas os analistas do mercado dão esse fato como improvável. O que o BC tem de pesar agora é o quanto poderá afetar sua credibilidade se mais uma vez insistir em um discurso de cumprimento da meta no ano que vem, quando os agentes não confiam mais nessa possibilidade.
O melhor, apontam alguns analistas, é o Banco Central reconhecer mais uma vez que o alvo não será atingido e focar no cenário mais plausível, que é o de 2017. Isso, alertam alguns especialistas, é bom que seja feito o quanto antes.
Sem folga - A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, defende que tal decisão por parte do BC deveria ser tomada já. "Não é para deixar para a virada do ano", diz ela, acrescentando que a folga que o Banco Central tem para ancorar as expectativas é muito estreita. Para a economista, o BC deveria postergar a convergência inflacionária para 2017 deixando claro, obviamente, que se algum choque surgir ao longo de 2016, ameaçando a meta no ano seguinte, pode agir.
Até meados deste ano, a instituição vinha conseguindo levar as expectativas do mercado para mais perto do centro da meta em 2016, mas já tinha ancorado as expectativas para os anos seguintes. Nas últimas semanas, o que se tem visto, no entanto, é uma descrença generalizada do mercado de que o BC conseguirá esse feito. O ponto da virada foi a questão fiscal.
(Com Estadão Conteúdo)

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