quarta-feira, março 16, 2016

Lula e Dilma voltam a falar sobre ministério nessa quarta

O ex-presidente Lula - 29/10/2015
Se aceitar o cargo de ministro, o ex-presidente Lula ganha foro privilegiado, o que vai tirar os processos da Lava Jato que envolvem o petista das mãos do juiz federal Sergio Moro(Evaristo Sá/Getty Images)
A presidente Dilma Rousseff voltou a se reunir na manhã desta quarta-feira com o ex-presidente Lula, depois de quatro horas de conversa na noite de ontem. Dessa vez, os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e da Educação, Aloizio Mercadante, segundo o site do jornal O Estado de S.Paulo, também participam do encontro, além dos ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.
Está em pauta ainda a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de assumir ou não um cargo de ministro no Palácio do Planalto. No jantar realizado nesta terça-feira, o petista disse à Dilma que precisa amarrar todas as pontas com o PMDB, para assegurar que o partido permaneça na base aliada, antes de decidir se ficará à frente da Secretaria de Governo. Lula é cotado para a Secretaria de Governo, comandada por Ricardo Berzoini, ou para substituir Jaques Wagner na Casa Civil - pastas hoje nas mãos de petistas, o que evita conflito com aliados da base para abrigar Lula.
Nesta terça, Lula mostrou dúvidas sobre a entrada na equipe e contou ter sido informado por integrantes do PMDB de que sua presença no ministério, nesse momento, não daria "governabilidade plena" a Dilma nem conseguiria, por si só, barrar o impeachment. O ex-presidente também disse que vai sondar novamente o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). As ponderações de Lula surpreenderam Dilma e os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), já que ele havia dito a amigos, horas antes do jantar no Alvorada, que aceitaria assumir a Secretaria de Governo.
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A homologação da delação premiada do ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (PT-MS), divulgada nesta terça-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF), também ajudou Lula a hesitar no convite para assumir a Secretaria. A ideia inicial era Lula ir para a Secretaria de Governo e Ricardo Berzoini, que ocupa a pasta, enquanto este assumiria o posto de secretário Executivo do ex-presidente. Mas, a divulgação das últimas denúncias acabou ampliando as dificuldades de levar Lula para o governo.
Na delação, Delcídio diz que o ex-presidente "teve participação em todas as decisões relativas às diretorias das grandes empresas estatais, especialmente a Petrobras". O senador afirma ainda que o petista sempre foi muito próximo de todos os tesoureiros do PT e que, "com o advento da Operação Lava Jato, continuou a adotar o mesmo comportamento evasivo visto durante a crise do mensalão."
Se entrar no governo, o ex-presidente ganha foro privilegiado de julgamento e, caso seja denunciado, uma ação contra ele terá de ser julgada pelo STF, saindo da alçada do juiz Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato na primeira instância. Moro também é o encarregado de decidir se aceita ou não o pedido de prisão preventiva contra o ex-presidente, que foi apresentado pelo Ministério Público de São Paulo. O MP paulista acusa o petista de ocultar um tríplex no Guarujá, no litoral paulista, reformado pela OAS. O ex-presidente nega a propriedade do imóvel e de um sítio em Atibaia (SP), que recebeu benfeitorias de empresas investigadas no esquema de corrupção do petrolão.
Conselhão - Apesar dos senões, ministros ainda avaliam que Lula pode aceitar o convite de Dilma. A ideia é que, além de cuidar da articulação política do governo com o Congresso, na ofensiva contra o impeachment, ele fique responsável pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. O Conselhão, como é conhecido, foi montado em 2003, no primeiro mandato de Lula, e reúne representantes do governo, de sindicatos, movimentos sociais e empresários - e foi abandonado por Dilma.
O ex-presidente condicionou a entrada na equipe a uma espécie de carta branca para mudar os rumos do governo e até mesmo a política econômica. A deputados e senadores do PT, Lula chegou a afirmar que a salvação de Dilma depende de uma guinada na economia. Assustado com o tamanho dos protestos do último domingo, os maiores da história do país, e com a atual debandada dos aliados, principalmente do PMDB, Lula avalia que o governo e o PT precisam anunciar medidas para o "andar de baixo" porque só isso impedirá a queda da presidente.
(Com Estadão Conteúdo)

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