sexta-feira, março 04, 2016

MP suspeita que atuação de Lula foi relevante para 'sucesso da atividade criminosa'

Lula é levado pela Polícia Federal para depor na 24ª fase da Lava Jato
O Ministério Público Federal suspeita que a atuação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira, teve papel preponderante para que o esquema de corrupção investigado no petrolão pudesse ter movimentado milhões de reais em propina. Na avaliação do MP, "mais recentemente surgiram, na investigação, referências ao nome do ex-presidente Lula como pessoa cuja atuação foi relevante para o sucesso da atividade criminosa". Segundo os investigadores, a ingerência direta do petista foi responsável, por exemplo, pela celebração de um empréstimo fictício firmado entre o Partido dos Trabalhadores e o empresário e amigo de Lula, José Carlos Bumlai.
Bumlai foi preso no dia 24 de novembro na Operação Lava Jato por suspeitas de ter atuado na simulação de um empréstimo de cerca de 12 milhões de reais que serviria, na verdade, para esconder pagamentos de propina. Segundo os investigadores, ele integrou um esquema de corrupção envolvendo a contratação da Schahin pela Petrobras para operação do navio sonda Vitoria 10000. A transação só ocorreu após o pagamento de propina a dirigentes da Petrobras e ao PT. A exemplo do escândalo do mensalão, o pagamento de dinheiro sujo foi camuflado a partir da simulação de um empréstimo no valor de 12,17 milhões de reais do Banco Schahin, com a contratação indevida da Schahin pela Petrobras para operar o navio sonda Vitoria 10000 e na simulação do pagamento do suposto empréstimo com a entrega inexistente de embriões de gado.
Aliado a esse episódio, a situação de Lula ficou ainda mais complicada, segundo análise do MP, diante das revelações do operador de propinas Fernando Baiano de que fez um pagamento de 2 milhões de reais a Bumlai para ser destinado a um nora do petista. Baiano se tornou delator da Operação Lava Jato e também foi responsável por incriminar, por exemplo, o atual presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no escândalo do petrolão. "Há notícia de pagamento de propina que seria destinada, segundo Bumlai teria informado, para parente do ex-presidente", relata o Ministério Público.
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Na 24ª fase da Lava Jato, a Polícia Federal investiga ainda possíveis irregularidades no pagamento de doações e palestras ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As suspeitas são de que empreiteiras que integravam o Clube do Bilhão fizeram repasses de dinheiro desviado da Petrobras para reforma de um apartamento tríplex e de um sítio em Atibaia, e para a compra de móveis de luxo nos dois imóveis, como os armários de luxo Kitchens, instalados no imóvel do Edifício Solaris, no Guarujá.
Os investigadores da Operação Lava Jato já haviam detectado que o grupo das maiores empreiteiras do Brasil repassou 17.233.278,62 milhões de reais para a empresa LILS Palestras e ao instituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Oficialmente, os recursos foram entregues para o pagamento de palestras do petista entre os anos de 2011 a 2014.
Entre os repasses às empresas ligadas a Lula, o maior é o da construtora Camargo Corrêa - 4.527.999,30 milhões de reais - seguido pela gigante Odebrecht, com transferências de 3.973.237,90 milhões de reais entre 2013 e 2014. No caso da Odebrecht, as parcelas variam de 359 000 reais até 1 milhão de reais e não estão computados nesses cálculos companhias ligadas ao grupo Odebrecht, como a Braskem. Além das duas, a OAS repassou 3.572.178,52 milhões de reais, a Andrade Gutierrez outros 3.607.347,00 milhões de reais, a UTC, 357.621,12 reais e a Queiroz Galvão mais 1.194.894,78 de reais.

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