terça-feira, junho 07, 2016

STF abre inquérito contra Aécio e Eduardo Paes

Aécio Neves no plenário do Senado
Aécio Neves no plenário do Senado para eleger o colegiado responsável por analisar o processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff 25/04/2016(Evaristo Sa/AFP)
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira a abertura de inquérito contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e o ex-senador Clésio Andrade. Eles são suspeitos de camuflar dados da CPI dos Correios, que em 2005 investigou o escândalo do mensalão, para impedir que houvesse apuração sobre o valerioduto mineiro. É o segundo inquérito contra Aécio, também investigado por suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção em Furnas.
A atuação do senador tucano e do prefeito do Rio foi relatada pelo ex-líder do governo Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), delator da Operação Lava Jato e recentemente cassado pelo Senado. Segundo Delcídio, que presidiu a CPI, Aécio, então governador de Minas Gerais, ficou "incomodado" com a quebra dos sigilos fiscal e bancário do Banco Rural e enviou emissários para convencer o ex-petista a aumentar o prazo para a entrega dos dados pelo banco. O responsável por negociar o adiamento teria sido Eduardo Paes, então deputado federal pelo PSDB e secretário-geral do partido, que acabou convencendo Delcídio, de acordo com o relato do ex-senador, ao argumentar que "não haveria tempo hábil para preparar essas respostas". Na época, Clésio era vice-governador de Minas.
Delcídio afirma ter ouvido depois, de Paes e do próprio Aécio, que o tempo adicional foi usado pelo banco para maquiar os dados, excluindo os que comprometessem o então governador, seu vice, Clésio Andrade, a Assembleia Legislativa mineira e o operador do mensalão Marcos Valério. O senador cassado disse ter compreendido "a existência da maquiagem pelo fato de que a gênese do mensalão teria ocorrido em Minas Gerais", mas "não tomou nenhuma providência ao saber que os dados estavam maquiados".
De acordo com os depoimentos da delação premiada, Delcídio e Aécio se reuniram em Belo Horizonte para tratar do tema e, após o encontro, o tucano lhe emprestou um avião do estado para que o ex-petista seguisse para o Rio de Janeiro. Dados sobre o uso dos aviões do governo mineiro, divulgados pela gestão de Fernando Pimentel (PT), confirmam a versão de Delcídio do Amaral.
Em nota, Aécio disse que "renova sua absoluta convicção de que os esclarecimentos a serem prestados demonstrarão de forma definitiva a improcedência e o absurdo de mais essa citação feita ao seu nome". "O senador jamais interferiu ou influenciou nos trabalhos de qualquer CPI. As investigações isentas e céleres serão o melhor caminho para que isso fique de uma vez por todas esclarecido", afirmou.
Paes também negou a acusação e declarou que está à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos. "Em nenhum momento o então governador Aécio Neves solicitou qualquer tipo de benefício nas investigações da CPI dos Correios", afirmou o prefeito do Rio, em nota.

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