sexta-feira, outubro 07, 2016

Lobista Zwi Skornicki preparou recepção para Dilma em Angra

Relatórios da força-tarefa da Operação Lava-Jato mostram que o lobista Zwi Skornicki pode ser um personagem bem maior do que parece. O lobista intermediava pagamentos da Odebrecht para os publicitários João Santana e Mônica Moura, destinados a campanhas eleitorais do PT e da presidente Dilma. Zwi também representava o estaleiro Keppel Fels. Em suas mensagens eletrônicas, ele prepara uma recepção para a ex-presidente Dilma, negocia a construção de plataformas da Petrobras e é convidado a participar de licitações fraudulentas na petrolífera.

Análises feitas no telefone e nos computadores de Zwi mostram o lobista organizando uma recepção para a então presidente petista e a então presidente da Petrobras, Graça Foster, em julho de 2014, em Angra dos Reis, no Rio. No dia 24 de julho de 2014, a engenheira Anna Jarczun Kac, da gerência de instalações de superfície da Petrobras, pergunta a Zwi se ele pode falar com ela e o lobista responde: “Estou em Angra em reunião para receber Graça e Dilma mais tarde lhe ligo”.
Dilma havia agendado reunião para Angra no dia 24 de julho de 2014, mas cancelou a viagem para participar do velório do escritor Ariano Suassuna. Em Angra, Dilma visitaria obras de integração da Plataforma PFSO, uma unidade flutuante de produção e descarga, além do estaleiro onde são produzidas sondas do pré-sal. Perguntada ontem sobre seu relacionamento com Zwi, a presidente Dilma, por intermédio de sua assessoria, respondeu que “nunca esteve reunida com este cidadão”.
Nas mensagens, Anna Jarczun Kac sugere a Zwi que o lobista participe de licitação da Petrobras mesmo como “barriga de aluguel”. O termo barriga de aluguel, segundo a PF, é a participação em licitações somente para compor o mínimo obrigatório de empresas numa disputa. Uma fraude. Anna pergunta a Zwi se ele conhece alguém da construtora UTC e ele responde que sim, que o dono é seu amigo, Ricardo Pessoa, um dos principais delatores da Lava-Jato.
Petrobras – Em outro e-mail, datado de junho de 2015 e escrito em inglês, Zwi narra para seu grupo reunião que teve com um dos gerentes da Petrobras para discutir a divisão de negócios, que seria uma referência à construção das plataformas. Zwi diz que a Sete Brasil vai rescindir o contrato com todos os parceiros, como Queiroz Galvão, Odebrecht e Seadrill. Ele diz que a única opção para construir as unidades para a Sete é por intermédio da Keppel e da Jurong. “Os 4,1 bilhões de dólares é (sic) mantido em segredo pela Petrobras e pelo departamento de finanças da Sete, mas ele [referência a gerente da Petrobras] espera que parte desse dinheiro seja usado para nos pagar”, escreveu Zwi. A PF encontrou uma lista de 14 empresas para as quais Zwi trabalhou, lista que inclui a Siemens e a Weg.

0 comentários:

Postar um comentário