domingo, dezembro 18, 2016

QUEM É QUEM NA DELAÇÃO DO FIM DO MUNDO


O ACORDO DE DELAÇÃO PREMIADA ASSINADO PELA EMPREITEIRA ODEBRECHT com o Ministério Público Federal é superlativo em números, explosivo e suprapartidário. Distribuídas em mais de 300 anexos – 300 novas histórias sobre a corrupção no Brasil –, as colaborações de 77 ex-executivos da empreiteira, incluindo o patriarca Emílio Odebrecht e seu filho, Marcelo Odebrecht, envolvem, entre uma infinidade de políticos, o atual presidente da República, Michel Temer, os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, tucanos de alta plumagem, como José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin, peemedebistas próximos a Temer, como Eliseu Padilha e Moreira Franco, e o triunvirato do PMDB no Senado: Renan Calheiros, Romero Jucá e Eunício Oliveira.
As revelações na delação da Odebrecht, que faturou 125 bilhões de reais em 2015 e reuniu 400 advogados para costurar o acordo, levam procuradores da força-tarefa da Lava Jato a constatar que “se os executivos comprovarem tudo o que dizem, a política será definida como a.O. e d.O. — antes e depois da Odebrecht”. O sempre comedido juiz federal Sergio Moro também dá dimensão da turbulência que se aproxima ao comentar: “Espero que o Brasil sobreviva”.

OPERAÇÕES ESTRUTURADAS

Propina era assunto sério na Odebrecht. Tanto que a empreiteira tinha um setor especializado em distribuição de dinheiro sujo a políticos, eufemisticamente batizado “Setor de Operações Estruturadas”. Descoberto na 23ª fase da Operação Lava Jato e desnudado na 26ª etapa da investigação, o departamento contava com três altos executivos da empresa que, assistidos por secretárias, assistentes e um sofisticado sistema interno, eram os responsáveis pelos pagamentos ilícitos, fossem eles feitos em dinheiro vivo, no Brasil, ou por meio de offshores no exterior. Confira quem era quem no “Setor de Operações Estruturadas”:
Hilberto Mascarenhas Filho
Principal executivo do setor de propinas da Odebrecht, era identificado no sistema de controle de pagamentos da empreiteira pelo codinome “Charlie”. Controlava a offshore da Odebrecht Smith & Nash Engineering Company Inc, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.
Fernando Migliaccio
Um dos executivos do setor de propinas da Odebrecht, era identificado no sistema de controle de pagamentos da empreiteira pelo codinome “Waterloo”. Operava duas offshores da Odebrecht, a Constructora Internacional Del Sur e Klienfeld Services, utilizadas para pagar propinas no exterior. Foi preso em Genebra tentando encerrar contas bancárias e esvaziar um cofre.
Luiz Eduardo Soares
Um dos executivos do setor de propinas da Odebrecht, era identificado no sistema de controle de pagamentos da empreiteira pelo codinome “Toshio”.
Isaías Ubiraci Santos
Ex-funcionário da Odebrecht, atuava na organização dos pagamentos do setor de propinas da empreiteira, confeccionando planilhas e requisições de pagamentos.
Ângela Palmeira
Era uma das secretárias responsáveis pela organização dos pagamentos de propina pela Odebrecht. Organizava planilhas com valores relacionados a codinomes de políticos no “Setor de Operações Estruturadas”.
Camillo Gornati
Era um dos técnicos responsáveis pela manutenção e operação do sistema Drousys, por meio do qual executivos controlavam o setor de propinas da Odebrecht. Disse ao juiz Sergio Moro que a empreiteira mantinha um servidor na Suíça “por questão de segurança”.
Paulo Sergio Soares
Ao lado de Camilo Gornati, era responsável pela manutenção e operação do sistema Drousys, por meio do qual executivos controlavam o setor de propinas da Odebrecht.

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