segunda-feira, abril 03, 2017

‘Depende de quem para em pé’, diz FHC sobre presidenciável tucano

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira que é preciso ver “quem para e quem não para em pé” no PSDB antes de o partido decidir quem será o candidato da legenda a presidente da República em 2018.
A declaração foi dada em entrevista à rádio CBN, ao ser questionado quais o nomes do PSDB estão sob análise para a disputa eleitoral.  “Acho que, por enquanto, não tem ninguém sob análise. Não se sabe ainda o resultado da Lava Jato. Quem para e quem não para em pé. Vamos esperar um pouquinho”, disse.
Os três principais caciques do partido com aspiração a entrar na disputa presidencial estão no alvo da Lava Jato: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e os senadores José Serra e Aécio Neves. A situação dos três tem aberto espaço no partido para o nome do prefeito de São Paulo, João Doria, que vem sendo cogitado como uma alternativa para a sucessão presidencial.
“Vai depender do desempenho dele (Doria). Essas coisas em política são assim (…). É um balão que está subindo. Se subiu, subiu. Lógico, o PSDB tem que ter pé no chão. Quem decide, no fundo, no fundo, quem será candidato não somos nós, é o eleitorado”, disse.
Recentemente, FHC e Doria tiveram um entrevero público após o ex-presidente dizer, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que Alckmin é o tucano mais bem posicionado para disputar a Presidência e criticar o principal mote de Doria, de que é um gestor e não um político. “Se você for um gestor, não vai inspirar nada. Tem que ser líder”, disse.
Doria rebateu afirmando que FHC errou todos os prognósticos que fez sobre ele. “Respeito muito o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas eu só me lembro de que ele previu que eu não seria eleito nas prévias para ser candidato pelo PSDB. Apoiou outro candidato [Andrea Matarazzo], o que não muda minha admiração. Ele mesmo já confessou que, quando comecei campanha para prefeito de São Paulo, acreditava que eu não seria eleito. Venci as duas. Os dois primeiros prognósticos do FHC ele errou”, disse o prefeito.
Os nomes de Aécio, Alckmin e Serra foram citados nas delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht – os pedidos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que sejam abertos inquéritos contra eles estão nas mãos do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Reportagem de VEJA desta semana revelou que Aécio, segundo colocado nas eleições presidenciais de 2014, atrás de Dilma Rousseff (PT), foi acusado pelo ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior de ter recebido propina da empreiteira em uma conta em Nova York gerenciada por sua irmã Andrea Neves. O tucano nega.

Reforma política

Na entrevista à CBN, FHC voltou a dizer que o sistema político-partidário do país vive uma crise profunda. “A meu ver, o governo do presidente Michel Temer tem tentado acertar e tem acertado, em alguns pontos, na área econômica. O problema não é de cunho econômico hoje, é de confiança. Não no presidente Temer, mas nos políticos no geral. Houve uma espécie de desmoralização e o sistema político-partidário-eleitoral que está aí montado não tem mais a confiabilidade da população. Isso é visível. Houve uma fragmentação partidária enorme. São trinta e poucos partidos no Congresso, e isso é inviável”, afirmou.
Ele também mostrou preocupação com o julgamento da chapa Dilma-Temer, acusada de abuso do poder econômico, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que começa amanhã.  A ação foi movida pelo PSDB, que agora tenta isentar Temer de responsabilidade nas irregularidades apontadas, como o uso de caixa dois.
“Houve manipulação realmente do poder econômico? Abuso desse poder? Se houve, isso implica em cassação. De quê? Da chapa ou de parte da chapa? É uma questão técnica e quem vai discutir é o Judiciário. Agora, as consequências estão aí. O Brasil está, há muito tempo, como dizem, de pernas pro ar. Está começando a sentar  um pouco. Se nós formos levar muito tempo em um julgamento que põe em risco a situação das pessoas, é claro que isso tem consequências negativas. Mas isso quem vai decidir é a Justiça”, afirmou.
Como o PSDB, ele também defendeu Temer. “Eu não conheço as delações, mas, pelo que ouvi, os delatores não incriminaram diretamente o presidente Michel Temer. Incriminaram mais diretamente a presidente Dilma Rousseff. A Justiça vai ter que averiguar isso. Mas se for assim, não vejo razão para alcançar também o presidente Temer. A Justiça, às vezes, é morosa. Isso causa um incômodo no mercado e na população”, disse.

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