quarta-feira, maio 31, 2017

Palocci pede prisão domiciliar para delatar Lula

Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda
O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci negocia com a Procuradoria-Geral da República (PGR) um acordo de delação premiada em que promete focar seus depoimentos em banqueiros, empresários e no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em troca, pede para sua pena ser cumprida em um ano de prisão domiciliar. As informações são da edição desta quarta-feira do jornal Folha de S.Paulo.
Para ter sua delação aceita, Palocci, preso desde setembro do ano passado por causa das investigações da Operação Lava Jato, decidiu revelar detalhes das negociações feitas pelo ex-presidente e um dos donos do BTG PactualAndré Esteves, e o ex-dono do Pão de Açúcar Abílio Diniz.
Segundo o jornal,  no caso de Esteves, o ex-ministro promete explicar supostas vendas de medidas provisórias no Congresso para bancos privados, nos quais, segundo Palocci, o banqueiro esteve envolvido. Sobre Abílio, o petista diz poder detalhar uma manobra para tentar mantê-lo no controle do Grupo Pão de Açúcar, em meio à disputa com a francesa Casino.
O petista deve confirmar também as informações sobre o ex-presidente Lula dadas por ex-executivos da Odebrecht, principalmente no diz respeito à conta-propina “Amigo”.
Outro episódio que envolve o ex-presidente e que Palocci pretende esclarecer é o suposto benefício financeiro obtido por Lula na criação da empresa Sete Brasil, em 2010.
A defesa de Lula afirmou ao jornal que a Lava Jato “não conseguiu apresentar qualquer prova sobre suas acusações contra o ex-presidente”. A assessoria de Abílio disse que o contrato entre a empresa de Palocci e o escritório de Bastos foi alvo de investigação e não apresentou irregularidades.  Diz ainda que, no período de vigência do contrato, Abílio não tinha função executiva na empresa. A assessoria do BTG Pactual não comentou.

Dona da JBS fecha acordo de leniência por R$ 10,3 bilhões

A Procuradoria-Geral da República e os negociadores da holding J&F, controladora da empresa JBS, chegaram a um acordo no valor de R$ 10,3 bilhões da multa que deverá ser paga pela empresa para a assinatura do acordo de leniência. O montante, a ser pago em 25 anos, representa, segundo o Ministério Público Federal, o maior para esse tipo de acordo no mundo. Considerando a correção, a projeção é que o total a ser pago pela J&F, o chamado valor futuro, alcance cerca de R$ 20 bilhões.
O acordo, que deverá ser assinado nos próximos dias, inclui fatos investigados nas operações Greenfield, Sépsis e Cui Bono, além da Bullish e da Carne Fraca. Do total a ser pago, R$ 8 bilhões serão destinados à Fundação dos Economiários Federais (Funcef) (25%), à Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros) (25%), ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) (25%), à União (12,5%), ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) (6,25 %) e à Caixa Econômica Federal (6,25%).
“O restante da multa, R$ 2,3 bilhões, será pago por meio de projetos sociais, especialmente nas áreas de educação, saúde e prevenção da corrupção. O prazo de pagamento foi fixado em 25 anos, sendo que, neste período, os valores serão corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo [IPCA]”, diz nota do MPF.
Pelo acordo, os pagamentos serão feitos exclusivamente pela holding controladora e deverão ser iniciados em dezembro de 2017. O total estipulado na negociação representa 5,62% do faturamento livre de impostos registrado pelas empresas do grupo em 2016. De acordo com o Ministério Público Federal, o percentual de multa por faturamento equivale à média verificada em outros quatro acordos firmados no âmbito da Operação Laja Jato.
Em termos absolutos, o montante representa mais que a soma dos valores que serão pagos por Odebrecht (R$ 3,28 bilhões), Brasken (R$ 3,1 billhões), Andrade Gutierrez (R$ 1 bilhão) e Camargo Corrêa (R$ 700 milhões). Segundo o MPF, diferentemente do que previram outros acordos, no caso da J&F, todo o valor de multa arrecadado ficará no Brasil.
(Com Agência Brasil)

terça-feira, maio 30, 2017

Fachin decide separar investigações de Temer e de Aécio no STF

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta terça-feira separar as investigações sobre o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) abertas a partir do acordo de delação premiada da JBS. Com a decisão, o inquérito tramitará de forma separada. Todos os acusados passaram a ser investigados no mesmo processo no STF porque foram citados nos depoimentos do empresário Joesley Batista, dono da JBS.
As decisões foram motivadas por pedidos de desmembramento dos inquéritos feitos pelos advogados de defesa. Na semana passada, em recurso encaminhado ao Supremo, após ser afastado do mandato por Fachin, Aécio sustentou que a investigação não deve permanecer com o ministro e que a decisão do ministro, relator da Lava Jato na Corte, não poderia ser tomada individualmente, mas pela Segunda Turma do STF.
De acordo com a defesa de Temer, o presidente deve responder aos fatos em um inquérito separado porque as condutas imputadas a ele não têm relação com as acusações contra Aécio e o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial de Temer que foi incluído no mesmo inquérito. Tanto Temer quanto Aécio são investigados por corrupção passiva, obstrução de Justiça e pertencimento a organização criminosa.
(Com Agência Brasil)

‘Candidatura Tasso’ irrita base de apoio a Temer

A articulação do PSDB para lançar a candidatura do senador Tasso Jereissati (CE) à Presidência da República, na hipótese de uma eleição indireta, causou mal-estar com o DEM, irritou o PMDB e já é questionada até por tucanos. Aliados avaliam que Tasso, presidente interino da sigla, avançou o sinal ao promover na terça-feira passada, em São Paulo, uma reunião com o governador Geraldo Alckmin, o prefeito João Doria e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir o assunto.
No dia seguinte ao encontro, que ocorreu no apartamento do ex-presidente em São Paulo, Alckmin “lançou” Tasso ao dizer publicamente que o senador e Fernando Henrique Cardoso “são os grandes nomes” em uma eleição indireta no caso de interrupção do mandato do presidente Michel Temer (PMDB). A iniciativa do governador foi mal recebida no Congresso.
Presidente do DEM, o senador Agripino Maia (RN) telefonou ontem para Tasso e pediu para que eles fizessem um esforço conjunto para um entendimento entre os dois partidos. Ouviu como resposta do presidente do PSDB que ele não seria candidato. Ambos reafirmaram que atuarão juntos na crise e tentarão encontrar um nome de consenso da base aliada para a eventualidade de queda do presidente, seja por renúncia ou cassação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em sua passagem pela capital paulista nesta semana, Michel Temer conversou a portas fechadas com Tasso e FHC. Também presente ao encontro, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco (PMDB), disse que a conversa do presidente com os tucanos foi pautada em “caminhos para o futuro”.

PEC

Em outra frente, deputados do PMDB leais ao Palácio do Planalto ameaçam até adotar a bandeira das “diretas” na bancada se os tucanos não recuarem do movimento de lançar Tasso à Presidência. A proposta de emenda à Constituição (PEC) para que a escolha de um eventual sucessor de Temer ocorra por meio de eleições diretas é defendida pelos partidos de oposição.
Governistas avaliam que os tucanos articulam abertamente o pós-Temer, o que enfraquece a posição do presidente diante da opinião pública. “Não deixa de ser uma opção apoiar as diretas, mas prefiro acreditar que o PSDB não está fazendo articulação de nome para a eleição indireta. Eu e a velhinha de Taubaté acreditamos nisso”, disse o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos líderes da tropa-de-choque em defesa de Temer.
O parlamentar também afirmou que outra hipótese é o PMDB lançar um candidato próprio se o PSDB insistir em se movimentar sozinho. Para Marun, que integra a tropa de choque de Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), “ganhou pontos” com a base em caso de eleição indireta por estar sendo leal ao presidente. “Maia tem mantido uma postura de absoluta lealdade. Além de ser muito discreto, tem promovido ações positivas.”

Interno

O nome de Tasso como candidato ao “mandato-tampão”, caso ocorra uma eleição indireta, também está sendo questionado dentro do PSDB. Parte da bancada na Câmara e líderes regionais do partido insistem em defender a candidatura de Fernando Henrique Cardoso. O ex-presidente, porém, rejeita a ideia.
Outra ala tucana avalia que o partido não tem força para impor um nome ao Colégio Eleitoral, que é formado por deputados e senadores. “O PSDB tem 10% do Colégio Eleitoral. Ou seja: a chance é pequena. O mais aconselhável é liderar as reformas e se preparar para a eleição de 2018”, disse o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.
Reservadamente, deputados tucanos dizem que Tasso deve ser lançado à Presidência apenas para marcar posição. Eles lembram que na eleição indireta os votos da Câmara, com 513 deputados, serão majoritários no Colégio Eleitoral. A bancada do PSDB na Câmara se reúne com Tasso nesta semana para discutir o assunto. Parte dos deputados ainda insiste que o partido entregue os cargos no governo.
(Com Estadão Conteúdo)

Acordo adia votação de reforma trabalhista para semana que vem

O governo concordou com acordo costurado entre líderes na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para votar a reforma trabalhista apenas na próxima terça-feira. A expectativa inicial era analisar e votar ainda hoje o texto no colegiado.
“Nós vamos cumprir o nosso acordo, vamos encerrar discussão hoje e votar na próxima terça-feira”, afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Segundo ele, a ideia é que o adiamento permita que não aconteça uma “batalha regimental” na apreciação da matéria na comissão.
O senador Paulo Paim (PT-RS), entretanto, fez um apelo, contudo, para que o relator do texto, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), fizesse uma “leitura dinâmica” de seu parecer mesmo após ele ter sido dado como lido na semana passada, desfecho que causou forte embate entre os parlamentares.
Apesar do arranjo anunciado na CAE, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, disse nesta manhã em evento para investidores em São Paulo acreditar que a reforma trabalhista será aprovada nesta semana.
Uma das hipóteses para aceleração da apreciação seria a aprovação de um requerimento de urgência para a reforma ir direto a plenário.
O governo do presidente Michel Temer se articula para colocar em votação projetos vistos como fundamentais pelo mercado, buscando com isso passar a mensagem de manutenção de força para aprovar matérias controversas mesmo em meio à intensa crise política atravessada pelo país, que coloca em xeque à própria permanência de Temer no poder após as delações de executivos do grupo J&F, que controla a JBS.
Pelo acordo original, a reforma trabalhista ainda terá que passar pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado antes de ir a plenário.
(Com Reuters)

Frente Brasil Popular lança propostas emergenciais para crise

Frente Brasil Popular fez um ato na noite desta segunda-feira em defesa das eleições diretas e para lançar o Plano Popular de Emergência, que contém propostas para o enfrentamento da crise econômica, política e social. Entre as medidas do plano estão a antecipação das eleições presidenciais para 2017, aprovação da reforma política e revogação das leis do teto de gastos e da terceirização. O evento ocorreu no Teatro da Pontifícia Universidade Católica (Tuca), na capital paulista.
“As entidades que fazem parte da Frente acreditam que a sociedade deve participar desse momento e discutir qual o rumo que o Brasil deve seguir”, divulgou a Frente, que é formada por mais de 60 organizações e defende “a retomada das conquistas democráticas, do Estado Democrático de Direito, do desenvolvimento, crescimento, soberania nacional e justiça social”.
O ex-ministro da Ciência e Tecnologia e cientista político Roberto Amaral discursou no ato e destacou alguns pontos do plano. “O eixo do nosso programa é a democracia, porque a democracia é o regime que interessa ao povo. Por isso a democracia frequentemente [é] vilipendiada, fraturada e agredida pelas classes dominantes. O objetivo do nosso programa é o desenvolvimento econômico com distribuição de renda, porque esse é o regime que interessa ao povo trabalhador”, disse.
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), João Pedro Stedile, disse que o objetivo da Frente não é convencer candidatos a adotar o plano, mas convencer o povo de sua importância. “Se o povo se convencer do programa alternativo, é esse povo que vai fazer o candidato se comprometer com ele”, disse.

Plano de emergência

Segundo a Frente, o plano de emergência tem o objetivo de contribuir com o debate e apresentar uma saída emergencial, elaborado em torno de dez eixos: democratização do Estado; política de desenvolvimento, emprego e renda; reforma agrária e agricultura familiar; reforma tributária; direitos sociais e trabalhistas; direito à saúde, à educação, à cultura, à moradia; segurança pública; direitos humanos e cidadania; defesa do meio ambiente; e política externa soberana.
“Trata-se de implementar um projeto nacional de desenvolvimento que vise a fortalecer a economia nacional, o desenvolvimento autônomo e soberano, enfrentar a desigualdade de renda, de fortuna e de patrimônio como veios fundamentais para a reconstrução da economia brasileira, para a recomposição do mercado interno de massas, da indústria nacional, da saúde financeira do Estado e da soberania nacional, um modelo social baseado no bem-estar e na democracia”, diz o documento.
Estiveram presentes no ato figuras públicas como o vereador paulistano Eduardo Suplicy (PT); o jornalista Fernando Moraes; a jornalista Laura Capriglione; o presidente do PC do B, Valter Sorrentino; Jamil Murad (PC do B); coordenador do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, Altamiro Borges; o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo; coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim; o ator e militante Sérgio Mamberti; o ex- prefeito Fernando Haddad; o jornalista Audálio Dantas; a reitora da PUC, Maria Amália Anderi; o jornalista Paulo Moreira Leite; o diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes; o representante do Movimento Atingidos por Barragens (MAB), Jadir Bonacina, entre outros.
(Com Agência Brasil)

Temer se reúne com FHC e Tasso em São Paulo

O presidente Michel Temer se reuniu por cerca de duas horas com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do PSDB, na noite desta segunda-feira. O encontro, que também teve a presença do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, aconteceu no Hotel Hyatt, em São Paulo.
“Foi uma conversa boa e proveitosa. Conversa boa e capaz de nos garantir, a eles e a nós, de que as reformas passarão”, disse Moreira Franco. Segundo ele, a reunião tratou de “caminhos para o futuro”.
O encontro aconteceu em meio à maior crise política enfrentada pelo presidente Temer e a discussões internas do PSDB sobre um eventual desembarque. O partido deve esperar a decisão sobre a ação contra a chapa Dilma-Temer, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para definir se continua com o governo. O PSDB está sendo considerado o “fiel da balança” para o Planalto.
O esforço é total para não só manter o partido na base aliada, mas também para garantir apoio para a aprovação das medidas provisórias que estão vencendo no Congresso, esta semana, e para as reformas trabalhista e da Previdência.

‘O Brasil está de volta’

Em jantar com empresários também nesta segunda em São Paulo, Temer tentou passar uma imagem de otimismo. O presidente destacou a melhora nos índices econômicos e afirmou que “o Brasil está de volta”. “A inflação está sob controle, nós criamos condições para a redução responsável dos juros e a economia voltou a crescer, o emprego começa a recuperar-se. E deixamos para trás, meus senhores e minhas senhoras, a maior recessão da história brasileira”, afirmou.
(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)

Morre Manuel Noriega, ex-ditador do Panamá

ex-ditador do Panamá Manuel Noriega morreu aos 83 anos na noite de segunda-feira, informou uma fonte ligada à família. A causa da morte não foi revelada.
O presidente do país, Juan Carlos Varela, escreveu em sua conta no Twitter que “a morte de Manual A. Noriega fecha um capítulo em nossa história”. Noriega comandou o país de forma autocrática entre 1983 e 1989, quando foi deposto após uma invasão dos Estados Unidos.
Depois de deixar o poder, cumpriu 17 anos de prisão nos EUA por tráfico de drogas. Ele também ficou preso na França, por lavagem de dinheiro, e no Panamá, pelo assassinato de opositores.
Nos últimos anos, Noriega sofreu com diversas doenças, como bronquite e pressão alta. No início deste ano, foi operado para a retirada de um tumor benigno no cérebro. O ex-ditador deixa a mulher, Felicidad, e as filhas Lorena, Thays e Sandra.
(Com Estadão Conteúdo)

Guido Mantega reconhece conta não declarada no exterior

Em petição entregue pela sua defesa, o ex-ministro Guido Mantega reconheceu à Lava-Jato que possui uma conta não declarada no exterior, mas diz que nela nunca foram depositados valores indevidos.
Mantega alega que a conta foi aberta para receber o valor de 600 mil dólares de uma venda de um empreendimento imobiliário, fruto de herança do seu pai.
Para colaborar com as investigações, ele abriu mão de todo seu sigilo bancário, mostrando que o depósito aconteceu antes de se tornar ministro.
Na petição feita pelo advogado Fabio Tofic, o ex-ministro diz que não espera “perdão nem clemência pelo erro que cometeu ao não declarar a conta”.

Lula pede que acusação de dono da JBS não vá para Sergio Moro

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu hoje ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que reveja sua decisão de enviar ao juiz Sergio Moro, em Curitiba, as acusações feitas pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, em delação ao Ministério Público Federal (MPF).
O recurso, chamado agravo regimental, pode ser avaliado pelo próprio Fachin ou enviado por ele à Segunda Turma, colegiado que reúne cinco ministros, entre eles o relator da Lava Jato. Lula, por não ser mais presidente, não tem foro privilegiado no STF, por isso, o caso foi remetido a Moro, responsável pela operação na primeira instância. O processo, no entanto, poderia ter ido para a Justiça Federal em Brasília ou São Paulo, segundo a defesa.
No recurso, os defensores de Lula dizem que Joesley fez apenas “duas referências genéricas ao nome de Lula em sua delação, sem qualquer base mínima que possa indicar a ocorrência dos fatos ou, ainda, a prática de qualquer ato ilícito”. De acordo com o advogado Cristiano Zanin Martins, “demonstra ainda que tais referências referem-se a situações ocorridas em Brasília ou em São Paulo, sem nenhuma relação com a Operação Lava Jato”.
Lula já é réu em três processos da Lava Jato em Curitiba, todos sob a alçada de Moro, a quem a defesa do petista acusa, reiteradas vezes, de parcialidade.
No acordo de delação premiada, Joesley diz que o acesso do grupo JBS a aportes bilionários do BNDES foi comprado à custa de milionárias propinas que tinham Lula e a também ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como destinatários. O dinheiro sujo era pago, segundo o empresário, para garantir que nenhum pleito do grupo fosse atrapalhado por burocratas do governo. O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega era o responsável por receber os pleitos e negociar a propina devida em cada operação.
Foi por ordem de Mantega que o empresário teria aberto no exterior duas contas para depositar a propina que, diz ele, era destinada a Lula e Dilma. “Os saldos das contas vinculadas a Lula e Dilma eram formados pelos ajustes sucessivos de propina do esquema BNDES e do esquema-gêmeo, que funcionava no âmbito dos fundos Petros (ligado à Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal). Esses saldos somavam, em 2014, cerca de 150 milhões de dólares”, afirmou Joesley na delação.

Defesa

A defesa de Lula alega que ele é inocente e que os trechos da delação divulgados pela imprensa já mostram que as afirmações não decorrem de qualquer contato do presidente com Joesley. Já a defesa de Dilma diz que a petista jamais tratou ou solicitou de qualquer empresário ou de terceiros doações, pagamentos e ou financiamentos ilegais para as campanhas eleitorais, tanto em 2010 quanto em 2014. Mantega também nega as acusações.

segunda-feira, maio 29, 2017

Líder chavista morre por falta de medicamentos

Alberto Carias, conhecido como “El Chino”,  era dos mais ferrenhos defensores do legado do ex-presidente Hugo Chávez e assessor político da Assembleia Nacional para Ciência e Tecnologia, mas sua especialidade eram os conflitos armados. Chino era também filósofo por formação e o líder do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA) na Venezuela, que coordena atividades de alguns dos principais grupos de paramilitares chavistas. Ele era procurado pela Justiça em 15 países. O chavista, de 60 anos, faleceu na noite de domingo, 28, após uma operação na vesícula. Segundo fontes ouvidas por VEJA, foi mais uma vítima da crise hospitalar – precisava de remédios que não conseguiu encontrar no país.
Chino criticava duramente o governo do presidente Nicolás Maduro e o culpava pelo fracasso das políticas de Hugo Chávez.  Ao lado de alguns de seus oito escoltas, alguns que o cercavam empunhando facões do tamanho de um braço,  o líder chavista concedeu a seguinte entrevista a VEJA, em Caracas, em novembro.
Qual a diferença ideológica entre o MRTA e o partido socialista, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), criado por Hugo Chávez?
A diferença é a forma de luta. Nós acreditamos nas lutas violentas, clandestinas, armadas e também na via eleitoral. Devemos pensar do ponto de vista político violentamente. Estou ao lado do proletariado, seja na ilegalidade, como estive por décadas, ou agora na legalidade. Agora, a revolução está ameaçada e considero que em breve voltaremos para a luta clandestina. A extrema direita está atacando com muita força e a democracia está ameaçada. Por isso devemos brigar em qualquer um desses campos.
Qual é a ameaça para a revolução socialista?
Sou chavista, anti-imperialista, revolucionário, não sou Madurista. Simpatizo mais com a ala militar e considero que é a ala que acompanhou nossos vinte anos de clandestinidade até a conquista ao poder. Fizemos isso primeiro de forma violenta, em 1992, e depois quando meu comandante (Hugo Chávez) saiu da cadeia até que nós chegamos ao poder pela via eleitoral. Estou apoiando o governo de Maduro pois preciso defender o legado de Chávez. Prefiro isso que voltar para a época de tortura, presos políticos e repressão que vivemos no passado.
Qual sua divergência com Maduro?
O comandante Chávez aceitava críticas, você podia dizer a ele até que o mataria na frente dele e ele escutava. Agora não existe isso, é preciso corrigir esse caminho e respeitar as instituições e as autoridades. A diferença entre eles é incrível, mas não justifica a saída de Maduro. Maduro foi um excelente chanceler, mas ninguém esperava que ele fosse morrer e nem que fosse pedir que votássemos por ele de repente.
Quais foram os erros principais de Maduro?
A insegurança é deixar que a escassez de alimentos chegue a este ponto sem usar a força do apoio popular. Mas a popularidade dele não é baixa como a oposição diz. A sorte é que são tão ineptos e sem vontade política que parece que vivem na época das cavernas. Calculo que possam ter uns 60% dos votos, mas não tem capacidade de convocatória, mobilização e reação. Vemos isso cada vez que o deputado chavista Diosdado Cabello pede mobilização nos programas de televisão. Se a oposição tivesse mesmo todo esse apoio, já estavam no poder. O povo sabe o que deixaria de ter se o governo mudasse.
O que deixaria de ter?
O mesmo que aconteceu na Argentina com a Cristina Kircher e no Brasil com a Dilma: o investimento social seria congelado, eles chamam isso de gastos públicos.
A divergência vem desde a morte de Chávez?
Para nós, esse é um assunto muito doloroso. Hoje, nosso comandante eterno deve estar ao lado de Jesus, Deus e os apóstolos por seu cristianismo, por sua humildade e por tudo que fez pelos pobres do mundo. A morte dele foi a pior de nossa pátria desde a primeira república, foi o presidente e mais amado do mundo.
O senhor disse a Maduro o que pensa sobre ele?
Não, ele me catalogaria de contra-revolucionário. Chávez aceitava críticas, tinha atitude política. Se estivesse vivo, nada disso estaria acontecendo. Ele era muito perspicaz.
Assim como Nicolás Maduro, o senhor acha que a Assembleia Nacional está em desacato?
Não, acredito que ela seja legítima e foi eleita pelo povo. Nós devemos respeitar a vontade do povo, mesmo que vá contra a vontade do presidente. Se eu estivesse no poder, respeitaria a vontade popular e deixaria que legislassem.
Qual é o futuro do chavismo?
Vamos para um processo de recuperação do legado de Chávez nas mãos de Diosdado Cabello, Padriño López, Miguel Torres e dos militares. Vamos reconstruir a revolução, precisamos neste momento lutar dentro do marco da democracia para fortalecer as forças proletárias que amam o nosso comandante eterno.
O senhor funciona como um líder dos colectivos. Como eles operam?
O nome colectivo é usado para estigmatizar e diminuir quem somos pela extrema direita. Os movimentos revolucionários e populares, chamados de colectivos, têm como função realizar trabalhos sociais no seio das comunidades, sejam esportivos, culturais e organizacionais. No fundo, também a defesa do processo revolucionário dentro do marco constitucional que prevê a participação do povo da democracia venezuelana.
Qual seria um exemplo desse trabalho?
Neste momento, controlamos as filas contra o contrabando de produtos. Chegamos de madrugada e organizamos uma fila para os deficientes físicos, outra para idosos e uma terceira para o resto do povo. Nós não permitimos que uma pessoa leve dez sacos de arroz e outro fique sem nenhum, para que a pouca alimentação chegue de forma equitativa.
Qual a relação hierárquica com outros braços de segurança?
Respeitamos o trabalho deles, mas às vezes a adrenalina dos nossos combatentes é grande. Além disso, tem zonas que são impenetráveis pelas forças de segurança do Estado.
Como se resolvem as brigas entre setores diferentes dos colectivos?
Pelo diálogo. Às vezes, quando as coisas se tornam muito violentas, preciso intervir.
Que tipo de controle tem sobre o que acontece no país?
Total e absoluto. Sabemos quem é quem e o que fazem. Sabemos por exemplo quem está tentando produzir um golpe de Estado que não deixaremos acontecer.  Eu fui diretor de segurança cidadã da cidade de Caracas, controlei a polícia metropolitana, bombeiros, defesa civil, entendo disso.
Quantos homens estão disponíveis para a defesa da revolução socialista?
Isso é segredo militar.
Qual o papel dos colectivos nas atuais circunstâncias?
Vivemos em uma democracia pacífica, participativa e plural, mas que ninguém se engane. Saímos da clandestinidade mas temos nossos capuzes e armas nas mãos. Nunca as entregamos e nunca as entregaremos.  Se há golpe de Estado ou desconhecimento das leis e programas sociais que conquistamos, defenderemos o país disso com mobilizações nas ruas.
O senhor acha que as ruas da Venezuela ainda verão muito sangue?
Não sei dizer, mas se isso acontecer será de total responsabilidade dos golpistas.