quarta-feira, junho 28, 2017

Lula é acusado de ter imóvel de veraneio no Guarujá. Quando? 1982

Antes de discursar em um ato público, Luiz Inácio Lula da Silva desafia a todos aqueles que dizem que ele tem um imóvel de veraneio no Guarujá, litoral de São Paulo, e afirma que, se conseguirem provar que o bem pertence a ele, renuncia à sua candidatura.
Parece algo atual – Lula está para ser julgado pelo juiz Sergio Moro por, segundo o Ministério Público Federal, ser dono de um tríplex no Guarujá, fruto de esquema de corrupção na Petrobras.  Mas o ano era 1982. Lula, então um líder sindical do ABC paulista que rapidamente ganhava projeção nacional – um ano antes, ajudara a fundar o PT, do qual era presidente – disputava seu primeiro cargo público, o de governador de São Paulo.
Na reta final da eleição, em novembro, um panfleto apócrifo intitulado “Ao povo de São Bernardo – A honestidade de Lula” trazia a foto de um imóvel de alto padrão e dizia que era a “casa do Lula, onde ele passa suas férias no Guarujá”. Também por meio de panfletos apócrifos, Lula já havia sido acusado de morar em uma mansão no Morumbi (que nunca apareceu) e de viajar seguidamente ao exterior.
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de 13 de novembro de 1982 sobre o panfleto apócrifo (Reprodução/Reprodução)
“A onda da mansão do Morumbi não pegou, porque o Lula mora no Jardim Lavínia, à rua Maria Azevedo, 273 [em São Bernardo do Campo]. Agora, inventaram a casa de férias no Guarujá. Nos últimos dez anos, as únicas férias que o Lula teve foram os 31 dias que passou na cadeia do Dops (órgão de repressão política da ditadura). Desafiamos os acusadores do Lula a mostrarem a cara e darem o endereço da tal casa do Guarujá e sua escritura”, dizia nota oficial divulgada pelo PT.
Lula foi irônico: “Se soubessem que eu tinha uma casa no Guarujá, deviam publicar também seu endereço, e não só a foto, assim eu já ocupava a casa, porque é o sonho de todo trabalhador ter uma casa para morar ou para descansar”, disse.
O petista ficou em quarto lugar na eleição para governador de SP, com 9,87% dos votos, atrás de Jânio Quadros (PTB), Reinaldo de Barros (PDS) e Franco Montoro (PMDB), que foi eleito com o apoio de 44,92% dos eleitores.
A sentença de Moro sobre o tríplex do Guarujá deve ser emitida nos próximos dias.

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