terça-feira, julho 25, 2017

MST invade terras de ministro e senador em ação coordenada

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram pelo menos cinco fazendas em diferentes estados na manhã desta terça-feira. Entre as terras ocupadas estão supostas propriedades do ministro da agricultura, Blairo Maggi (PP), do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira, do Coronel Lima, amigo do presidente Michel Temer (PMDB) e do presidente do PP, senador Ciro Nogueira.
Segundo o MST, as terras invadidas estão envolvidas em “processos de corrupção ou a corruptos”. O movimento informa que as áreas são ocupadas por trabalhadores rurais, que  exigem a destinação das fazendas para assentamentos familiares.
O grupo também protesta pela violência no campo, que teria feito 68 vítimas em 2017, incluindo 13 jovens, 6 mulheres, 13 indígenas e 4 quilombolas.
Os latifundiários que possuem estas áreas são acusados, no cumprimento de função pública, de atos de corrupção, como lavagem de dinheiro, favorecimento ilícito, estelionato e outros”, afirma o MST. O movimento também se posiciona a favor do “afastamento imediato” de Michel Temer da Presidência e pede a convocação de eleições diretas. 
O ministro Blairo Maggi ainda não se manifestou sobre a invasão de sua fazenda. Os outros proprietários ainda não foram localizados.
A fazenda Nossa Senhora Aparecida, do ministro, é um dos latifúndios do Grupo Amaggi e fica no Mato Grosso, a 210 quilômetros da capital Cuiabá e a cerca de 25 quilômetros de Rondonópolis. Em nota, o MST menciona a fortuna da família Maggi, que, “segundo a Revista Forbes de 2014, ocupava o sétimo lugar no ranking entre as famílias mais bilionárias do Brasil, com uma fortuna estimada em 4,9 bilhões de dólares”, e afirma que a fazenda é fruto da apropriação de terras públicas.
Mais de 350 famílias ocupam a fazenda Santa Rosa, em Piraí, no sul do estado do Rio de Janeiro, que é citada pelo MST como sendo do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, “notório denunciado e indiciado em casos de corrupção”. A nota do movimento cita investigações contra Teixeira por estelionato e lavagem de dinheiro e alega que “muitas destas lavagens de dinheiro passam pelo contexto da aquisição e valorização especulativa de grandes extensões de terras”.  A propriedade tem cerca de 1.500 hectares, conforme o MST.

MST ocupa fazenda de Ricardo Teixeira
Mais de 350 famílias ocuparam a fazenda Santa Rosa, do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, em Piraí, Sul Fluminense, segundo o MST (MST/Reprodução)
Já a fazenda Esmeralda, do Coronel Lima, fica no município paulista de Duartina e também soma 1.500 hectares. Segundo o MST, a fazenda está oficialmente está registrada como sede da empresa Arquitetura e Engenharia LTDA (Argeplan), mas moradores da região a identificam como “fazenda do Temer” e afirmam que grande parte da área foi grilada.
No Piauí,  cerca de 1.000 famílias ocuparam a fazenda Junco, que pertenceria ao senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP —“partido aliado ao golpe”, segundo o MST. As famílias “denunciam a improdutividade da área” e reivindicam a desapropriação das terras para o fim de reforma agrária. A propriedade fica a 22 quilômetros da capital do estado, Teresina, perto da rodovia BR-316.  
No Paraná, cerca de 300 famílias ocuparam as fazenda Lupus 1, 2 e 3 na cidade de Alto Paraíso. O grupo  alega que, em 2007, o  Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) constatou em laudos técnicos a improdutividade da terra por “descumprir a sua função social, que é o uso adequado dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente”. Segundo o MST, após o dono das terras —que não foi identificado pelo movimento— ter entrado com recurso, a Justiça Federal de Umuarama manteve a decisão do Incra, em 2013. A ocupação nas fazendas visa acelerar a arrecadação das terras.

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