segunda-feira, agosto 07, 2017

Concentração de usuários quase dobra em um mês na Cracolândia

A concentração de usuários de drogas na Cracolândia, no centro de São Paulo, praticamente dobrou no último mês. Se no início de julho a Prefeitura dizia que o “fluxo” não ultrapassava 300 dependentes químicos, os cálculos mais recentes da gestão João Doria (PSDB) apontam que, hoje, esse número varia entre 500 e 600 pessoas. A Prefeitura diz que o número é flutuante e há “um trabalho coordenado e integrado para ampliar a oferta de atendimento aos dependentes”.
Hoje, o “fluxo” está instalado nas proximidades da Praça Júlio Prestes e é monitorado pela Prefeitura, que faz a contagem por fotos e com um aplicativo que calcula multidões. Os usuários estão lá desde que deixaram a Praça Princesa Isabel, onde ficaram por um mês, após a operação policial que prendeu traficantes e desmontou a “feira de drogas”.
Antes da operação, o “fluxo” era maior e ocupava a quadra da Alameda Dino Bueno, entre a Glete e a Helvétia. Segundo a Prefeitura, uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Programa das Nações Unidas (Pnud) contou 1.861 frequentadores por dia, em média, em janeiro. Mesmo na Princesa Isabel, o número chegava a 900 à noite.
Mas o novo aumento preocupa comerciantes e acontece apesar do trabalho de equipes de assistência social e de saúde, que convenceram 1.196 usuários a se internar, entre 21 de maio e 30 de julho. “Tem mais gente chegando do que saindo”, afirma o vendedor Daniel Souza, de 60 anos.
Em nota, a Prefeitura diz que “é equivocado” fazer avaliação “com base em observações aleatórias ou mesmo atendo-se somente ao número flutuante de pessoas”. Segundo a gestão, equipes de assistência social fizeram 111.085 abordagens de rua, enquanto profissionais de saúde já realizaram mais de 18,4 mil atendimentos.
O número de roubos registrados na região quase triplicou após ações da Polícia Militar. O conflito quase semanal com traficantes tem prejudicado os comércios e provocado arrastões. Entre maio e junho foram registrados 38 roubos. A maior parte durante a operação. Foram 24 crimes entre os dias 21 de maio e 30 de junho. No mesmo período do ano passado, houve 12 ocorrências. A alta neste ano foi de 216%, considerando os dois meses.
Os índices podem estar subnotificados, uma vez que parte das vítimas não registra queixas. Os dados sobre a criminalidade na região da Cracolândia referem-se apenas aos trechos das Ruas Guaianases e Helvétia e das Avenidas Duque de Caxias e Rio Branco. Na época da ação policial o prefeito João Doria afirmou que “não havia possibilidade de a Cracolândia voltar”.
Naquele momento, porém, lojas foram depredadas e comerciantes já viam prejuízo. Alunos de uma das unidades de ensino de música sofreram um arrastão e tiveram os instrumentos musicais roubados. Além disso, os estudantes passaram a andar em grupos e sair das aulas mais cedo.

Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que, por causa do aumento dos roubos e furtos na região central, a 1ª Seccional realizou em julho uma operação visando a coibir os crimes contra o patrimônio que resultou na prisão de 103 pessoas, na apreensão de 109 celulares e na recuperação de mais de 3 mil objetos.
Além disso, desde 21 de maio “houve um reforço no policiamento da Nova Luz”. “A área conta com 212 policiais, sendo 92 da Caep (Companhia de Ações Especiais de Polícia) e do Choque, além dos 120 PMs que já atuam regularmente na área.”
De 21 de maio a 31 de julho, 313 pessoas foram presas ou apreendidas por envolvimento com tráfico na área. As polícias também apreenderam 287 quilos de entorpecentes, simulacros, facas, balanças de precisão e R$ 119 mil em dinheiro.
Já a Guarda Civil Metropolitana informou que atua de maneira complementar, “a partir do monitoramento realizado com drones, câmeras, um ônibus de vigilância e uma base comunitária”. “Também trabalhamos na proteção dos agentes de saúde, assistentes sociais e funcionários da zeladoria”, ressaltou.
(Com Estadão Conteúdo)

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