segunda-feira, setembro 04, 2017

Eduardo Cunha nega ter apresentado Lúcio Funaro a Michel Temer

O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha fez um movimento decisivo para se afastar de seu parceiro de negócios, o doleiro Lúcio Funaro. Preso em Curitiba, Cunha divulgou nesta segunda-feira (4) uma nota na qual, em resumo, nega ter feito a ligação entre Funaro e o presidente Michel Temer. Em cinco pontos, Cunha procura deixar claro que, se Funaro delata desvios de conduta de Temer, ele não teve nada a ver com isso e não pode confirmá-los.
Os cinco pontos da nota são os seguintes, nas palavras de Cunha:
1) Nunca estive ao mesmo tempo com os Srs. Lúcio Funaro e Michel Temer e tampouco os apresentei.
2) Nunca tratei qualquer assunto ou fiz qualquer comentário a Lúcio Funaro sobre Michel Temer.
3) Se algum momento o Sr. Lúcio Funaro foi apresentado a Michel Temer, não foi por meu intermédio.
4) Lúcio Funaro já me deu carona para a base área de Congonhas, onde é impossível ter encontrado Michel Temer, já que o acesso do então Vice-Presidente Michel Temer à base se dá, por questões de segurança, pela porta central direto ao degrau da pista ou para a sala privada da Presidência da República, sem acesso a quem entra pelo saguão principal e não faz parte da lista de embarque.
5) Não compactuarei com histórias inverídicas fruto de delações não comprovadas.
O ex-deputado Eduardo Cunha (Foto:  Theo Marques /Fotoarena/Folhapress)












Funaro é o mais novo colaborador da Lava Jato. O conteúdo de sua delação foi enviado na semana passada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. A intenção de Janot é usar as informações prestadas por Funaro para embasar parte da segunda denúncia que apresentará contra Temer, pelos crimes de obstrução da Justiça e organização criminosa, apurados graças a outra delação, do empresário Joesley Batista, do J&F.
O operador Lúcio Funaro em seu escritório (Foto:  HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO)












Funaro chegou à delação por ter sido, por mais de dez anos, um operador de Cunha e seu parceiro em negócios ilegais. Por meio de Cunha, Funaro se tornou uma espécie de banco central dos negócios sujos do PMDB da Câmara – um grupo que, segundo Rodrigo Janot, funcionava como uma organização criminosa chefiada por Temer. Foi por seu conhecimento dessa máquina de corrupção que Funaro se tornou um delator. Os procuradores da Lava Jato promoveram uma espécie de corrida entre Funaro e Cunha: quem fosse capaz de abrir mais informações ganharia os benefícios propiciados por um acordo de colaboração. Preso em Brasília, Funaro foi o escolhido; em Curitiba, Cunha foi preterido por ter se recusado a entregar o que os investigadores queriam.

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