domingo, janeiro 31, 2016

Congresso abre 2016: um ano curto, mas explosivo

Nuvens negras sobre o Congresso Nacional em Brasília 22/01/ 2015
Nuvens negras sobre o Congresso Nacional em Brasília 22/01/ 2015(Ueslei Marcelino/Reuters)
Depois de 45 dias de recesso, deputados e senadores retomam os trabalhos nesta segunda-feira com o sentimento de que 2015 não terminou. As questões que o Parlamento deixou pendentes no ano passado estão de volta, somadas à situação econômica cada vez mais grave e aos esforços do governo para aplacar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Há também, é claro, o fator Lava Jato, que alimenta a guerra por sobreviência no Congresso. Ano de eleições e Olimpíada, contudo, 2016 promete ser curto para os parlamentares. Resta saber se o Congresso está disposto a dedicar tempo de fato à solução dos problemas do país.
A herança de 2015 preocupa o governo. O ano foi marcado pela vitória acachapante de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na corrida pela presidência da Câmara. O desafeto do Planalto impôs derrotas em série à gestão Dilma. O governo até passou a respirar com mais tranquilidade depois da derrocada de Cunha, atingido em cheio pela Lava Jato, mas ainda teme que o deputado que deu aval ao impeachment da presidente ganhe sobrevida até o fim de 2016 - e continue causando dor de cabeça. A esperança, então, está no inconstante presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que no ano passado chegou a desafiar o Planalto em matérias ligadas ao ajuste fiscal.
A pauta que vai dominar a reabertura dos trabalhos é a ação contra Dilma Rousseff. Na Câmara, nada avançará até que o Supremo Tribunal Federal (STF) se manifeste sobre os embargos de Cunha sobre o rito do impeachment, o que mantém a fragilidade do governo por prazo indefinido. O Senado, por outro lado, deve se debruçar na análise da prestação de contas do governo de 2014, rejeitadas em unanimidade pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por causa das chamadas pedaladas fiscais, que infringem a lei de responsabilidade fiscal. Se os senadores seguirem o entendimento da corte, a situação da petista ficará ainda mais insustentável. A Casa, no entanto, tem ambiente mais favorável ao Planalto.
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Enquanto luta para salvar o próprio mandato, o governo também articula com os congressistas a aprovação de um pacote impopular de medidas para tirar a economia do atoleiro. A principal delas é a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o imposto do cheque, considerado vital para evitar o aprofundamento da crise. A medida encontra dura resistência entre os parlamentares. "Sem chance de passar", resume o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Sobre as demais medidas econômicas, ele pondera que "pautas complexas dependem muito mais do governo ter base do que qualquer outra coisa". "Ao governo nunca foi negado apreciar qualquer pauta. Quando não conseguiu, foi porque faltou voto", acrescentou o peemedebista. "O problema é a falta de credibilidade. A crise que está aí tem um nome: Dilma Rousseff, que é a grande responsável pelo descontrole das finanças no país. Ela não tem autoridade moral nenhuma para exigir mais um sacrifício da nação", afirmou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).
A situação de Cunha tampouco é confortável. Na corda bamba, o presidente da Câmara tenta se sustentar no cargo a todo custo. Investigado no esquema de corrupção da Petrobras, ele é alvo de pedido de afastamento apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e responde a processo de cassação no Conselho de Ética. A aliados, demonstra a segurança de permanecer no cargo.
Ano encurtado - Enquanto a crise econômica e a consequente fragilidade do governo Dilma se aprofundam em 2016, o ano legislativo dividirá as atenções com questões externas, como os Jogos Olímpicos e as eleições municipais. "É um ano quase perdido e o governo está trabalhando intensamente para perdê-lo por completo. Tenta mudanças com discursaria e marketing. O governo não tem condições de fazer reformas estruturantes", afirmou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE). A exemplo do que ocorreu há dois anos, com a corrida presidencial e a Copa do Mundo, a expectativa é a de que a morosidade domine a atuação parlamentar no segundo semestre. Apesar disso, não haverá qualquer punição aos congressistas. O salário de mais de 33.000 reais e os benefícios do mandato permanecem intactos.

Empreiteira gastou R$ 380 mil em mobília para o tríplex

No bolso dos corruptores: investigadores não têm dúvidas que o apartamento no Guarujá pertence a Lula e sua mulher, Marisa Letícia
No bolso dos corruptores: investigadores não têm dúvidas que o apartamento no Guarujá pertence a Lula e sua mulher, Marisa Letícia(Paulo Whitaker/Reuters)
A construtora OAS pagou até mesmo eletrodomésticos da cozinha de um tríplex do Guarujá (SP) que pertenceria ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo investigadores, a empresa adquiriu geladeira, no valor de 10.000 reais, forno de micro-ondas, 5.000 reais; tampo de pia de resina americana, 50.000 reais; e forno elétrico, 9.000 reais, do imóvel que está sob investigação da Operação Lava Jato e do Ministério Público de São Paulo por suspeita de ter sido usado para pagamento de propina. A cozinha e o quarto teriam custado à empreiteira 380.000 reais.
Oficialmente, o imóvel está em nome da OAS, mas há indícios de que pertence ao ex-presidente e sua mulher, Marisa Letícia. O promotor Cássio Conserino, do MP-SP, intimou o casal para prestar depoimento sobre o tríplex no próximo dia 17 a partir de depoimentos que revelaram a presença de Marisa Letícia supervisionando a obra. Todo o apartamento foi reformado pela construtora em obra que teria custado 777.000 reais. A empreiteira é alvo da Operação Lava Jato sob a acusação de ter pagado propina em troca de obras na Petrobrás.
Os eletrodomésticos da cozinha do tríplex, segundo investigadores, foram adquiridos pela OAS na loja Kitchens na Avenida Faria Lima, em São Paulo. Um sítio em Atibaia, no interior paulista, que também pertenceria ao ex-presidente, recebeu cozinha planejada da mesma loja que custou 180.000 reais. A contratação da Kitchens pela OAS para mobiliar o apartamento 164-A do condomínio Solaris, no Guarujá, foi revelada pelo site O Antagonista. O site também informa que a cozinha do sítio foi bancada pela mesma empreiteira e, nesse caso, paga em espécie.
A reforma no tríplex foi realizada entre abril e setembro de 2014, quando Lula já havia deixado a Presidência da República. Se comprovado que o petista omitiu o imóvel de sua declaração de bens, o próximo passo, segundo os investigadores, é saber a razão. Uma das hipóteses é a necessidade de encobrir suposto pagamento por tráfico de influência, uma vez que Lula teria renda para comprar o imóvel. O ex-presidente tem reiterado que, após deixar o governo, sua única atividade remunerada é a de palestrante. Ele também nega fazer lobby para empresas.
No total, as cozinhas do tríplex e do sítio custaram 312.000 reais. Incluindo os armários do imóvel, a conta chega em 560.000 reais. Segundo uma fonte com acesso aos dados relacionados à compra e que pediu para não ser identificada, a Kitchens vendeu, ainda para o apartamento, armários do dormitório, lavanderia e banheiro. Com a entrada da OAS em recuperação judicial, a empresa Kitchens ficou no prejuízo e não recebeu a última parcela de 33.000 reais referente à cozinha do tríplex. A loja vai tentar receber o valor na Justiça.
Outros itens - Documentos obtidos pelo Estado revelam que a OAS também financiou outros itens do apartamento comprados no mercado de luxo. Uma escada caracol custou 23.817,85 reais. Outra, que dá acesso à cobertura, 19.352 reais. O porcelanato para as salas de estar, jantar, TV e dormitórios foi estimado em 28.204,65 reais. O rodapé em porcelanato, 14.764,71 reais. O deck para piscina, 9.290,08 reais. O elevador instalado oferece a possibilidade de ser personalizado, com acabamento conforme a escolha do cliente, e custou 62.500 reais.
O jornal O Estado de S.Paulo tentou contato com a OAS ontem por telefone e e-mail, mas não obteve resposta. O ex-presidente Lula tem sustentado que ele não é dono do tríplex nem do sítio em Atibaia. "Lula nunca escondeu que sua família comprou, a prestações, uma cota da Bancoop, para ter um apartamento onde hoje é o edifício Solaris. Isso foi declarado ao Fisco e é público desde 2006. Ou seja: pagou dinheiro, não recebeu dinheiro pelo imóvel. Para ter o apartamento, de fato e de direito, seria necessário pagar a diferença entre o valor da cota e o valor do imóvel, com as modificações e acréscimos ao projeto original. A família do ex-presidente não exerceu esse direito. Portanto, Lula não ocultou patrimônio, não recebeu favores, não fez nada ilegal. E continuará lutando em defesa do Brasil, do Estado de Direito e da democracia".
(Com Estadão Conteúdo)

sexta-feira, janeiro 29, 2016

'PMDB quer comandar o país em 2018', diz Temer

O vice-presidente Michel Temer, em Brasília após reunião com a presidente Dilma Rousseff - 09/12/2015
O vice-presidente Michel Temer, em Brasília(Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
O vice-presidente da República, Michel Temer, disse nesta quinta-feira que o PMDB "quer comandar o país a partir de 2018", conforme informou o jornal Estado de S. Paulo nesta sexta-feira. O peemedebista esteve em Curitiba e deu início a um giro por várias capitais, para lançar sua campanha de recondução ao comando da sigla.
"Nós não podemos ser apenas um partido que acusa ou vai em busca de cargos. Nós queremos comandar o país a partir de 2018 para implantarmos um programa", afirmou Temer. O vice também disse que a intenção do PMDB é lançar o máximo de candidatos próprios nas eleições municipais deste ano, para construir uma candidatura à Presidência em 2018. Segundo ele, "as eleições de 2018 passam pela disputa de 2016".
Temer evitou falar sobre sua relação com a presidente Dilma Rousseff, mas disse que seu partido está buscando a "pacificação nacional". "Acredito que a presidente Dilma deve buscar o mesmo com a reunião do conselho que está sendo realizada hoje [quinta-feira]". Já sobre a aliança da sigla com o PT, o vice-presidente disse que "quem manda no PMDB é o PMDB".
De Curitiba, o vice-presidente seguiu para a cidade de Florianópolis, em Santa Catarina, onde foi recebido na Assembleia Legislativa do Estado por lideranças peemedebistas. Temer voltou a ressaltar a intenção do PMDB em ter candidatura própria nas próximas eleições presidenciais.
"Temos extraordinário poder político. Maioria de governadores, prefeitos, vereadores, presidência da Câmara e do Senado. Está na hora de o PMDB expor as suas intenções políticas", disse Temer.
Temer se comprometeu em garantir a governabilidade de Dilma Rousseff e em colocar os interesses do país acima dos interesses pessoais ou partidários. Ele justificou sua ausência no Conselhão, reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico, que reuniu ministros, secretários e a sociedade civil em Brasília para discutir estratégias de combate à crise. "Minha presença é dispensável", disse Temer. "Nossa crise é mais institucional e o PMDB garante a governabilidade do Brasil. Temos participações importantes, desde a Constituição até em programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida, que não seria possível sem o nosso apoio", complementou.
Como campanha presidencial, antecipou que será utilizada a promessa de saída da crise. Outro projeto, que já está em andamento, é o reforço da autonomia dos municípios brasileiros.
Após comparecer à Assembleia de Santa Catarina, Temer seguiu para a Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina). O peemedebista apresentou aos empresários o plano "Ponte para o Futuro", que faz críticas à elevação de tributos e analisa questões econômicas relacionadas a juros, ajuste fiscal e Previdência.
(Com Estadão Conteúdo)

Fornecedora liga Odebrecht à reforma no sítio de Lula

Segundo Léo Pinheiro, Lula pediu a ele que cuidasse da reforma do “seu” sítio em Atibaia. A propriedade está registrada em nome de um sócio de Fábio Luís da Silva, filho do ex-presidente
Propriedade frequentada pelo ex-presidente Lula, em Atibaia, interior de São Paulo, após reforma(Jefferson Coppola/VEJA)
A ex-dona de uma loja de materiais de construção e um prestador de serviço ligaram a empreiteira Odebrecht a obras no sítio do ex-presidente Lula, em Atibaia, interior de São Paulo. Conforme mostrou reportagem da revista VEJA em abril do ano passado, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, atendendo a pedidos do petista, fez uma ampla reforma no local. A empreiteira é acusada pela Operação Lava Jato de ter desviado 6 bilhões de reais dos cofres da Petrobras.
Segundo Patrícia Fabiana Melo Nunes contou ao jornal Folha de S. Paulo desta sexta-feira, a Odebrecht gastou cerca de 500.000 reais só em materiais para as obras. À época da reforma, que teve início no fim de 2010, Patrícia era proprietária do Depósito Dias, loja que forneceu produtos para a reforma. "A gente diluía esse valor total em notas para várias empresas, mas para mim todas elas eram Odebrecht", disse Patrícia, que também admitiu ter comercializado parte dos materiais sem registro fiscal.
O Sítio Santa Bárbara está no nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar - ambos sócios de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho do e­­x-presidente. Suassuna e Bittar compraram o sítio em agosto de 2010, quatro meses antes de Lula deixar o cargo, pelo valor de 1,5 milhão de reais.
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Originalmente, na propriedade rural havia duas casas, piscina e um pequeno lago. Quando a reforma terminou, a propriedade tinha mudado de padrão. As antigas moradias foram reduzidas aos pilares estruturais e completamente refeitas, um pavilhão foi erguido, a piscina foi ampliada e servida de uma área para a churrasqueira.Também há um lago artificial para pescaria, um dos esportes preferidos do ex-presidente.
Alguns funcionários da obra, que terminou em pouco mais de três meses, chegavam de ônibus, ficavam em alojamentos separados e eram proibidos de falar com os operários contratados informalmente na região e orientados a não fazer perguntas. Os operários se revezavam em turnos de dia e de noite, incluindo os fins de semana, e eram pagos em dinheiro.
De acordo com Patrícia, o engenheiro da Odebrecht Frederico Barbosa realizava os pagamentos semanalmente e sempre com a orientação de outra pessoa. "Eu lembro que o Quico [apelido do engenheiro] ligava para outro senhor, que orientava sobre como era para fazer as notas. Eu não tinha o telefone, o endereço, nada desse outro senhor. Só sabia que na sexta-feira, às três horas da tarde, ele passava lá para pagar. Os pagamentos giravam em torno de 75.000 a 90.000 reais por semana, em dinheiro vivo".
"Era uma mala que tinha outros valores também para pagar para os pedreiros, serventes etc. Ele ia tirando envelopes de papel pardo. Dava para ver que tinha uma organização na mala para ser rápido, pagar o pessoal e ir embora. Ele só fazia isso", contou. A empresária também lembrou que havia grande pressa para terminar a obra até 15 de janeiro de 2011 e que, durante certo período, a loja trabalhou quase exclusivamente para a obra. Os relatos da empresária seguem a mesma linha dos depoimentos ouvidos pela reportagem de VEJA no ano passado.
Na ocasião em que a reportagem visitou o local, o servente de pedreiro Cláudio Santos disse que recebeu mais do que o combinado para que o prazo fosse cumprido. "Ajudei a fazer uma das varandas da casa principal. Me prometeram 800 reais, mas me pagaram 2.000 reais a mais só para garantir que a gente fosse mesmo cumprir o prazo, tudo em dinheiro vivo", disse. "Nessa época a gente ganhou dinheiro mesmo. Eu pedi 6 reais por metro cúbico de material transportado. Eles me pagaram o dobro para eu acabar dentro do prazo. Eram 20.000 por vez. Traziam o pacotão, chamavam no canto para ninguém ver, pagavam e iam embora", contou o caminhoneiro Dário de Jesus.
O motorista e marceneiro Antônio Calor Oliveira Santos disse ao jornal ter prestado serviços de marcenaria no sítio e afirmou que os trabalhos eram chefiados por um engenheiro chamado Frederico. "Ele [Frederico] me disse que era da Odebrecht, que a Odebrecht que estava comandando aquilo. Fui pago por ele em dinheiro vivo. Me chamou a atenção a abundância de dinheiro na obra". "Todo mundo comentava que o sítio seria para o Lula, mas o Frederico nunca me disse isso", relatou. Comerciantes da última rua antes da estrada que leva ao sítio afirmam que a mulher do ex-presidente, Marisa Letícia, passa quase toda semana pelo local em seu caminho para a propriedade.
A empreiteira é acusada pela Operação Lava Jato de envolvimento nos desvios da Petrobras que somam 6 bilhões de reais.
À Folha, a Odebrecht disse que não identificou relação da empresa com as obras. Já o ex-presidente Lula não quis comentar o caso.

MP marca depoimento de Lula e Marisa para depois do Carnaval

Lula e sua esposa Marisa trocam alianças, em Brasília
Lula e a mulher, Marisa: na mira do MP(Ricardo Stuckert/VEJA)
O ex-presidente Lula e sua mulher, Marisa Letícia, terão pouco mais de duas semanas para elaborar uma versão para as várias perguntas que permanecem sem respostas no caso do tríplex do Guarujá, que a OAS construiu e reformou para a família presidencial. Responsável pela investigação, o promotor Cássio Conserino, do Ministério Público de São Paulo, marcou o interrogatório de Lula e dona Marisa para o dia 17 de fevereiro. No mesmo dia, o promotor irá interrogar o empreiteiro Léo Pinheiro, amigo de Lula e ex-presidente da OAS, e o engenheiro Igor Pontes, que fazia o papel de guia de Lula e Marisa durante as visitas do casal ao tríplex. Como VEJA revelou em sua edição mais recente, o Ministério Público paulista investiga o ex-presidente Lula e dona Marisa pelo crime de lavagem de dinheiro decorrente da ocultação da propriedade do apartamento.
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O promotor de justiça Cássio Conserino
O promotor de justiça Cássio Conserino(Divulgação/Agência Brasil)










Será a primeira vez que Lula e dona Marisa prestarão depoimentos como investigados. Na semana passada, o Ministério Público concedeu aos advogados do ex-presidente acesso integral aos documentos colhidos na investigação. Lula continua negando ser o proprietário do tríplex, embora o Ministério Público tenha colhido uma série de depoimentos de testemunhas que relatam as visitas do ex-presidente ao apartamento, cuidadosamente reformado pela OAS para o petista. Depois de ouvir o casal petista, o promotor Cássio Conserino deverá finalizar a denúncia.

quinta-feira, janeiro 28, 2016

Brasil tem 21 cidades entre as 50 mais violentas do mundo

 Fortaleza, capital do Ceará
Fortaleza, capital do Ceará(Alan Barros/Getty Images)
Das cinquenta cidades mais violentas do mundo, 21 estão no Brasil. É o que mostra o ranking anual elaborado pela ONG Conselho Cidadão para a Seguridade Social Pública e Justiça Penal, do México, divulgado na quarta-feira. Em 2015, o Brasil tinha dezenove cidades listadas: Belo Horizonte (MG) deixou o preocupante ranking e deu lugar a Campo dos Goytacazes (RJ). Vitória da Conquista e Feira de Santana, ambas localizadas no Estado da Bahia, entraram para a lista neste ano.
Pobreza, instabilidade política, tráfico, corrupção e guerra entre facções criminosas influenciam os índices de homicídios dolosos nas cidades, de acordo com a ONG mexicana. O ranking se baseia apenas em localidades com mais de 300.000 habitantes e não inclui países que passam por conflitos, como a Síria. A ONG calcula a taxa de homicídios dolosos a cada 100.000 habitantes.
Em 2015, a hondurenha San Pedro Sula liderava o ranking, mas Caracas, na Venezuela, atingiu a primeira colocação na lista neste ano, com a taxa de 119,87 homicídios dolosos para cada 100.000 habitantes.

terça-feira, janeiro 26, 2016

Executivos da SBM fazem acordo e pagarão R$ 500 mil

Bruno Chabas, CEO da SBM Offshore
Bruno Chabas, CEO da SBM Offshore, e Sietze Hepkema vão pagar R$ 250.000 cada um em acordo extrajudicial(sbmoffshore/Divulgação)
O CEO da empresa holandesa SBM Offshore Bruno Chabas e o funcionário do conselho fiscal da companhia Sietze Hepkema fecharam no final da semana passada um acordo com o Ministério Público e concordaram em pagar 500.000 reais - 250.000 reais cada. O acordo extrajudicial não inclui a admissão de culpa dos dois executivos e ainda precisa ser confirmado pela Justiça.
Em dezembro, o Ministério Público concluiu que a SBM desembolsou cerca de 46 milhões de dólares em propina para ex-funcionários e ex-diretores da Petrobras. Segundo as investigações, entre 1997 e 2012 a companhia despejou dinheiro sujo nos bolsos de dirigentes da petroleira em troca de contratos envolvendo navios-plataforma ou de informações confidenciais sobre processos e transações envolvendo a Petrobras. O nome da offshore holandesa ganhou força na Operação Lava Jato a partir de depoimentos do ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, que disse que passou a receber propina da empresa ainda nos anos de 1990. Ao todo, foram 22 milhões de dólares até 2010, segundo o delator.
Antes disso, conforme revelou VEJA, um ex-funcionário da SBM Offshore apontou o empresário Julio Faerman como o lobista responsável por intermediar pagamentos de propina de pelo menos 30 milhões de dólares a funcionários da petroleira brasileira. O objetivo seria conseguir contratos, que somam mais de 9 bilhões de reais, para o aluguel de plataformas de exploração do petróleo. Uma auditoria interna da SBM mostrou que, de 2007 a 2011, a empresa subornou autoridades e políticos em Angola, Cazaquistão, Guiné Equatorial, Itália, Iraque e Malásia - até 250 milhões de dólares teriam passado por esses dutos de corrupção.
"Chabas, Hepkema e as diretorias de Fiscalização e Administração consideraram a proposta do Ministério Público para um acordo extrajudicial e decidiram aceitá-la", disse a SBM em nota. "A companhia enfatiza que esse acordo não inclui admissão de culpa e mantém a opinião de que as acusações são infundadas", completou. Segundo a SBM Offshore, o acordo oferece uma "oportunidade pragmática" para resolver o caso e evitar procedimentos legais onerosos.
Campanha - Segundo o delator da Lava Jato Julio Faerman, a empresa holandesa SBM Offshore pagou 300.000 dólares em propina à campanha da então candidata à Presidência Dilma Rousseff em 2010. No depoimento aos investigadores, Faerman afirma que transferiu o dinheiro para uma conta do então gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, que confirmou os repasses. A transação foi feita em contas na Suíça. Também em acordo de delação, Pedro Barusco disse que "no ano de 2010, durante a campanha presidencial, quando Serra encostou em Dilma nas pesquisas, foi solicitado por Renato Duque a intermediar o recebimento de uma contribuição de 300.000 dólares para a campanha de Dilma".

Gilberto Carvalho diz que acusação de venda de MPs é ‘absurda’

O ex-ministro Gilberto Carvalho chega ao prédio da Justiça Federal para prestar depoimentos como testemunha na Operações Zelotes
O ex-ministro Gilberto Carvalho chega ao prédio da Justiça Federal para prestar depoimentos como testemunha na Operações Zelotes(Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
O ex-ministro Gilberto Carvalho (PT), investigado na Operação Zelotes, disse nesta segunda-feira em depoimento na 10ª Vara Federal do Distrito Federal que é "absurda" a acusação do Ministério Público Federal, que investiga favorecimento de montadoras de automóveis na elaboração e aprovação de medidas provisórias (MPs) por meio do pagamento de propina a lobistas e agentes públicos. Carvalho foi chefe de gabinete do ex-presidente Lula e secretário-geral no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
Segundo investigadores, Gilberto Carvalho foi citado por vários personagens envolvidos no esquema. O nome do ex-ministro aparece em uma agenda do lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS. "As empresas se beneficiaram, mas quem se beneficiou muito mais foi o país. Por isso reputo como absurda essa acusação de que nós trabalhamos vendendo MPs. Tratava-se de uma questão de atender aos interesses do povo e do país, vide as taxas de crescimento que mantivemos nessas regiões até recentemente", disse ao depor como testemunha de defesa do lobista Alexandre Paes dos Santos, um dos réus presos.
Gilberto Carvalho confirmou que o lobista Mauro Marcondes, também preso pela Polícia Federal, frequentou reuniões no Palácio do Planalto, uma delas com o ex-presidente Lula. O ex-ministro afirmou que se lembra de pelo menos três reuniões com Marcondes enquanto esteve no primeiro escalão do governo petista e que faz parte de uma democracia o governo receber demandas da indústria. "O senhor Mauro participou de uma reunião no gabinete com representantes de várias montadoras. Os contatos que eu tive com ele no gabinete eram mais relativos a pessoas, chefes de multinacionais, que ele trazia para falar com o presidente Lula.", declarou. "É comum numa sociedade democrática a presidência se relacionar com representantes de empresas e políticos."
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Segundo Carvalho, as MPs faziam parte da política de estímulo à indústria automobilística do ex-presidente Lula e tinham objetivo de descentralizar o desenvolvimento econômico do país e gerar empregos em regiões afetadas pela crise.
O escritório de Marcondes, que representava a associação automobilística Anfavea, é suspeito de ter pago propina a agentes públicos para conseguir a aprovação de MPs no fim do governo Lula. Ele manteve seis contratos suspeitos de serem de fachada com a consultoria LFT Marketing Esportivo, de Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente. Os investigadores dizem que os contratos de 3,6 milhões de reais são pouco consistentes e podem ter encoberto o pagamento de propina. O ex-ministro disse que não conhece nada sobre os contratos entre o escritório de Marcondes e a consultoria do filho de Lula: "Esse assunto nunca passou por mim".
Carvalho negou ter recebido propina e disse que não manteve relações pessoais ou sociais com Marcondes. Ele afirmou ainda que nunca esteve, nem tomou café com Alexandre Paes dos Santos, outro lobista preso. "Nunca fui objeto de proposta diferenciada. Tem que ter muita maturidade para estar no governo", disse Carvalho. O petista disse que os únicos presentes que ganhou de Mauro Marcondes foram duas bonecas para suas filhas adotivas. Ele também declarou que nunca soube de pagamento de propina da quadrilha para políticos do Congresso, conforme denúncia. O petista disse que não pode ter certeza se os lobistas usavam o nome dele nas negociações. "A coisa mais comum é teu nome ser vendido por aí", disse. "Do ponto de vista do Executivo, coloco minha mão no fogo por todos. Pelo Guido [Mantega], por esse menino [Dyogo Oliveira, secretário-executivo do Ministério da Fazenda] e pelo ex-presidente Lula."
O ex-ministro disse que na tramitação das MPs havia uma série de interesses também dos Estados do Nordeste e que os ex-governadores da Bahia Antônio Carlos Magalhães (DEM) e de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), ambos mortos, articularam politicamente no Congresso para que fábricas de carros se instalassem em seus Estados.
O ex-ministro declarou que, já como secretário-geral da Presidência no governo Dilma, foi procurado novamente por Marcondes. O lobista pedia ajuda para tentar prorrogar a MP 512, que concedeu benefícios fiscais na região Centro Oeste. Foi elaborada uma nova Medida Provisória, 627. "Eu disse que tinha uma outra função no governo, de relação com movimentos sociais, mas que ele fosse na Fazenda."
"Não há dúvida nenhuma de que há politização e de que o presidente Lula virou alvo preferencial. Há um medo de que ele volte em 2018. A Operação Zelotes deveria estar preocupada, sobretudo, com a restituição aos cofres públicos pelas empresas que fraudaram o Carf. O foco dessa operação está completamente equivocado", disse o ex-ministro. "Eu posso assegurar que, ponto de vista do Executivo, não houve nenhuma negociação, nada que envolvesse recursos escusos em relação às MPs".
Entre as oito testemunhas que depuseram ao longo do dia estava o Dyogo Oliveira, secretário-executivo do Ministério da Fazenda e ex-secretário-adjunto de Política Econômica. Assim como Carvalho, o nome dele apareceu em documentos dos réus apreendidos pela Polícia Federal. Ele negou irregularidades na tramitação das MPs, disse não ter recebido propina e nem ter conhecimento de ninguém que recebeu.
Oliveira apontou, porém, uma anormalidade na troca de informações entre o governo e as empresas, quando tiveram acesso ao texto final de uma medida provisória antes da publicação no Diário Oficial. "O fato de ter havido esse acesso não é normal​, nesse estágio entre a saída dos ministérios e a publicação, realmente não é uma situação normal", disse. Ele ressaltou, porém, que as empresas "não tiveram vantagem" porque se tratava da prorrogação de benefícios já concedidos. O secretário defendeu, no entanto, a política de incentivos fiscais para que a produção de automóveis descentralizada em Estados do Nordeste e Centro-oeste pudesse se tornar competitiva no mercado brasileiro.
Os advogados de defesa reclamaram da estratégia do Ministério Público de abrir inquéritos paralelos para apurar fatos conexos descobertos ao longo das buscas realizadas no âmbito da Zelotes. Eles dizem que o inquérito 1621, um dos abertos, está "desvirtuado" porque também foram intimados Gilberto Carvalho e Dyogo Oliveira e que os réus já denunciados continuam sendo investigados. O procurador da República Frederico Paiva negou que o objeto dos inquéritos seja o mesmo.

Dirceu decide falar na Lava Jato: 'O Zé está pronto para responder tudo'

O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, durante audiência que ouve os presos da operação Lava Jato na CPI da Petrobras, no prédio da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, na manhã desta segunda-feira (31)
Reincidência e maus antecedentes podem aumentar a pena de Dirceu, caso o ex-ministro seja condenado na Lava Jato(Vagner Rosário/VEJA.com)
Preso há 175 dias por suspeitas de embolsar milhões de reais em propina no esquema do petrolão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu decidiu falar. Segundo o criminalista Odel Antun, defensor de Dirceu, o petista vai apresentar ao juiz Sergio Moro na sexta-feira sua versão sobre as acusações de que recebeu dinheiro sujo de empreiteiros da Lava Jato e de que lavou os recursos em viagens de jatinho, imóveis e consultorias fictícias. Entre os pontos que o próprio Dirceu deve mencionar em seu depoimento estão a tese de que o lobista Milton Pascowitch teria utilizado indevidamente seu nome para comprar um jatinho do também lobista Julio Camargo e a argumentação de que a escolha do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque não passou por suas mãos. "O Zé está pronto para responder tudo", disse Antun.
Segundo o Ministério Público, as suspeitas são de que Dirceu, réu pelos crimes de corrupção, crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa, atuava em um dos núcleos do esquema de corrupção na Petrobras para arrecadar propina de empreiteiras por meio de contratos simulados de consultoria com a empresa dele, a JD Consultoria e Assessoria. Os indícios nas investigações apontam que o petista recebeu 11,8 milhões de reais em dinheiro sujo, tendo lavado parte dos recursos não só em serviços fictícios de consultoria, mas também na compra e reforma de imóveis para familiares e na simulação de aluguéis de jatinhos.
De acordo com as investigações, o esquema do ex-chefe da Casa Civil na Lava Jato movimentou cerca de 60 milhões de reais em corrupção e 64 milhões de reais em lavagem de dinheiro. Ao todo, o MP calcula que houve 129 atos de corrupção ativa e 31 atos de corrupção passiva entre 2004 e 2011, além de 684 atos de lavagem de dinheiro entre 2005 e 2014.
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O nome de José Dirceu foi frequentemente citado por delatores da Lava Jato como o destinatário de propina do esquema criminoso. O lobista Julio Camargo, delator da Operação Lava Jato, voltou a afirmar na sexta-feira que repassou 4 milhões de reais em propina ao ex-ministro da Casa Civil. O dinheiro sujo foi recolhido, segundo Camargo, a mando do ex-gerente de Serviços da Petrobras Renato Duque e pago de forma parcelada: foram 2 milhões de reais entre abril de 2008 e abril de 2009, 1 milhão de reais entre julho e agosto de 2010 e o restante foi pago a partir de uma conta de afretamento de jatinhos que o petista utilizava.
A avaliação dos procuradores que atuam na Operação Lava Jato é a de que Dirceu é um criminoso reincidente, porque praticou crimes depois de o processo do mensalão já ter sido concluído. É possível que a Justiça imponha ao petista também o agravante de maus antecedentes, já que, segundo o procurador da República Roberson Pozzobon, ele praticou crimes de corrupção e lavagem de dinheiro pelo menos desde 2006, quando passou a receber dinheiro sujo de empreiteiras. A reincidência e os maus antecedentes são fatores considerados pela Justiça para aumentar a pena do suspeito em caso de condenação.

Governador do Amazonas tem mandato cassado por compra de votos

O governador do Amazonas, José Melo de Oliveira (PROS)
O governador do Amazonas, José Melo, foi cassado pelo TRE-AM por compra de votos na eleição de 2014(Alan Marques/Folhapress)
O governador do Amazonas, José Melo (Pros), e o vice-governador do estado, Henrique Oliveira (SD), tiveram os mandatos cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) amazonense nesta segunda-feira por compra de votos na eleição de 2014. Apenas um dos seis juízes que formam o colegiado, Márcio Rys Meirelles, foi contra a cassação da chapa de Melo. Cabe recurso à decisão.
A ação que levou à cassação de Melo foi impetrada pela coligação Renovação e Experiência, cujo candidato ao governo foi o senador licenciado e atual ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-AM). Apesar da decisão do TRE-AM, José Melo e Henrique Oliveira continuam nos cargos até que se esgotem os recursos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Reeleito em 2014, José Melo teve seu nome ligado a um esquema de compra de votos em reportagem exibida em março de 2015 pelo Fantástico, da TV Globo. O esquema desviou dinheiro público para bancar favores como a confecção de óculos (730 reais), festa de formatura (5.300 reais) e até a reforma de um túmulo (450 reais), todos negócios que contam com recibo. Em troca dos favores, eleitores dariam seus votos para Melo. De acordo com a reportagem, as transações foram realizadas por intermédio do irmão de José Melo, Evandro, um dos responsáveis pelo projeto da Copa do Mundo em Manaus, e de Nair Blair, fundadora de duas associações sem fins lucrativos.
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Ainda em 2014, o site de VEJA revelou que o subsecretário de Justiça do Amazonas, major Carliomar Barros Brandão, foi à cadeia, se reuniu com bandidos e, em troca de regalias, recebeu do líder da facção criminosa Família do Norte, que domina o tráfico em território amazonense, a promessa de apoio à reeleição de José Melo no segundo turno. "A mensagem que ele mandou para vocês, agradeceu o apoio e que ninguém vai mexer com vocês, não", prometeu Brandão, que foi exonerado pelo governador um dia depois da revelação do caso.
Liderada pelo advogado Yuri Dantas, a defesa do governador antecipou que vai decidir pelo tipo de recurso a ser empregado depois da publicação do acórdão pelo tribunal. "Para poder decidir, é preciso conhecer a íntegra do acórdão e dependendo do que encontrarmos lá. São possíveis embargos de declaração no TRE e um recurso extraordinário no TSE", disse Dantas. Após a publicação do acórdão, que contém as decisões dos juízes e a do relator, o prazo para recurso é de três dias.
Apesar da minirreforma eleitoral sancionada por Dilma Rousseff em 2015, que prevê a realização de novas eleições em casos como este, a defesa da coligação encabeçada por Eduardo Braga entende que, caso o TSE confirme a cassação do mandato de Melo, o ministro das Minas e Energia poderá sem empossado governador. "Uma manifestação recente do TSE diz, em relação à realização de novas eleições, que essa regra só vale para eleições posteriores à publicação da lei, ou seja, só a partir das eleições de 2016", diz Daniel Duarte, o advogado da coligação Renovação e Experiência.

domingo, janeiro 24, 2016

Prédio de Jaques Wagner em Salvador tem teleférico e píer particular

Jaques Wagner (Defesa)
O hoje ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, elevou bastante seu padrão de vida desde que se tornou governador da Bahia(Raul Spinassé/Folhapress)
O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, aumentou seu padrão de vida nos últimos anos, período em que ocupou o governo da Bahia. Wagner hoje é dono um apartamento no bairro mais luxuoso de Salvador. O prédio do petista conta até com teleférico e píer particular.
O imóvel fica no bairro Vitória, mais precisamente na região conhecida como Corredor da Vitória, um dos metros quadrados mais caros do país, comparado ao de áreas nobres da zona sul do Rio. No bairro, vive praticamente toda a elite política e empresarial da capital baiana, além de artistas famosos.
Segundo registro em cartório, o apartamento custou 1,45 milhão de reais. A compra foi efetivada em março de 2011, cinco meses após a reeleição de Wagner como governador. Até o fim de 2014, porém, ele continuou morando no Palácio de Ondina, residência oficial do governador. Mudou-se para o novo endereço no ano passado.
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Com a autorização de um morador, o jornal O Estado de S. Paulo conheceu as áreas comuns do condomínio. Além de píer e teleférico que dá acesso à praia, o prédio dispõe de academia, piscina, sala de cinema e quadra poliesportiva. O imóvel tem a melhor vista da cidade para a Baía de Todos os Santos.
Imóvel - Por meio dos dados registrados em cartório, a reportagem obteve detalhes sobre o apartamento de Wagner. O imóvel tem área privativa de 252,08 metros quadrados. Conta com sala de jantar, quatro quartos com suíte, lavabo, área de serviço de dois quartos de empregada.
Há cerca de seis meses, o corretor Raimundo Epifânio da Silva, especialista em imóveis no Corretor da Vitória, vendeu um apartamento igual ao de Wagner. Ele conta que o negócio foi fechado em 3,5 milhões de reais. "Depende do estado do apartamento. Se estiver arrumado, reformado, vale mais", disse Epifânio.
Antes de ser eleito pela primeira vez, Wagner morava no bairro Federação, num apartamento que ele declarou ter comprado por 150 mil reais, em 2001. O ministro vendeu o imóvel a Antonio Celso Pereira, que é ligado politicamente a Wagner. Ele foi superintendente no governo da Bahia e diretor na Companhia de Docas do Estado. Pereira pagou 900 mil reais pelo imóvel de Wagner.
Com formação de técnico de manutenção, Wagner atuou como dirigente sindical entre 1975 e 1990, quando se elegeu deputado federal. Por ter exercido dois mandatos, ele ganha uma aposentadoria de 10 mil reais. No fim de 2014, a Assembleia Legislativa da Bahia criou uma aposentadoria de 19 mil reais para ex-governadores, o que acabou beneficiando Wagner.
Por meio de sua assessoria, o ministro disse que a transação foi feita de acordo com valores de mercado e que o imóvel consta da declaração de imposto de renda dele.
(Com Estadão Conteúdo)

Manifesto de advogados contra a operação foi concebido pela defesa de Marcelo Odebrecht

O executivo Marcelo Odebrecht, preso na Operação Lava Jato, durante depoimento à CPI da Petrobras em Curitiba, nesta terça-feira (01)
O executivo Marcelo Odebrecht, preso na Operação Lava Jato(Vagner Rosário/VEJA.com)
Após o Supremo Tribunal Federal negar, em 8 de janeiro, um dos vários pedidos de habeas corpus apresentados pela defesa de Marcelo Odebrecht, seus advogados partiram para uma estratégia ousada. Reportagem do jornal Folha de S. Paulo afirma que o advogado Nabor Bulhões, principal articulador de defesa do empreiteiro, foi o mentor do manifesto com críticas à operação Lava Jato divulgado no último dia 15.
Segundo a reportagem, Bulhões e Emílio Odebrecht, pai de Marcelo, se encontraram em Salvador, onde o segundo mora, logo após o presidente do STF, Ricardo Lewandowiski, ter negado novo pedido de liberdade para Marcelo. O executivo está preso há sete meses. Na reunião, foi definido o conteúdo da carta, que compara os métodos usados na operação Lava Jato com os da ditadura e com a Inquisição. O texto foi escrito no escritório de Bulhões e apresentado a advogados da Odebrecht. Mônica, mulher de Marcelo, também participou da concepção.
A carta foi endossada por dezenas de criminalistas, entre eles diversos defendores de réus da Lava Jato como Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado do senador Edison Lobão (PMDB-MA), e Antonio Claudio Mariz de Oliveira, advogado de funcionários da Odebrecht.
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Na semana passada, o presidente do PT, Rui Falcão, classificou a carta de "denúncia relevante" a "desmandos perpetrados"pela força-tarefa. Entre os petistas presos por causa das investigações e suspeitas de desvios dos cofres da Petrobras para campanhas eleitorais estão o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, o ex-ministro José Dirceu e o senador Delcídio Amaral. Já procuradores e juízes criticaram duramente o conteúdo do manifesto.

Das dez maiores obras do PAC, só 2 foram concluídas

Dilma Rousseff em lançamento do PAC2 – programa é conhecida 'peça de ficção'
Em 2010, as obras ainda em andamento foram reembaladas, juntadas a outras e o governo Dilma lançou o PAC 2(Ricardo Stuckert/Presidência/VEJA)
Para tentar estimular a economia, em meio a uma profunda recessão, o governo prepara uma série de medidas para destravar investimentos, um plano tratado internamente como uma espécie de "novo PAC". Mas obras anunciadas ainda no primeiro PAC, em 2007, e que já deveriam ter sido entregues há anos, continuam inacabadas.
Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que, das 10 maiores obras anunciadas pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento do Programa de Aceleração de Crescimento, há nove anos, apenas duas, na área de petróleo, foram totalmente concluídas. Outras três usinas de energia e uma refinaria até entraram em operação, mas de forma parcial - e ainda estão em obras.
A maior obra anunciada em 2007, a refinaria Premium 1, no Maranhão, com projeção de investimentos de R$ 41 bilhões, foi simplesmente abandonada, com prejuízo de R$ 2,1 bilhões para a Petrobras.
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O PAC foi lançado no governo Lula, em tempos de bonança econômica, com o objetivo declarado de "estimular o aumento do investimento privado e do investimento público, principalmente na área de infraestrutura" e "desobstruir os gargalos que impedem os investimentos", nas palavras do então ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O programa previa um total de R$ 503,9 bilhões em investimentos em mais de mil projetos. Em 2010, as obras ainda em andamento foram reembaladas, juntadas a outras e o governo lançou o PAC 2, com projeção de investimentos de R$ 1 trilhão. No início do seu segundo mandato, no ano passado, a presidente Dilma Rousseff disse que lançaria a terceira fase do programa, que ainda não saiu do papel.
Apesar de ter sido criado para destravar a infraestrutura, dados compilados pela organização Contas Abertas mostram que, de 2007 a 2014, 34% de tudo que foi considerado investimento dentro do PAC se referiam a financiamentos habitacionais tomados pelos cidadãos em bancos públicos, a preços de mercado. Se incluídos os financiamentos subsidiados do programa Minha Casa Minha Vida, essa conta chega a 40%.
No complexo de favelas do Alemão, no Rio, onde Dilma foi batizada em 2008 por Lula de "mãe do PAC", só 53% das unidades habitacionais prometidas foram entregues. O teleférico é a obra na região que mais chama a atenção - apesar de ter sido fechado só no ano passado 11 vezes, em função de tiroteios.
(Com Estadão Conteúdo

quinta-feira, janeiro 21, 2016

Chuvas na Região

Inf: Cley Petros

Águas na região dos sertões de Crateús, maior chuva realejo 220mm.

Quebrada,130mm
Poty 120mm
Cabaças 130mm
São gonçalo prox.realejo 170mm
Morro alegre 120mm
Estrela do norte 120mm
Salgado 142mm
Ipase 53mm
Bom bocadinho nova russas 120mm
Boqueirao dos gaudinos 83mm
Açude dos servolos 38mm
Semeão 75mm
Açude dos barrosos 56mm
Santa terezinha 80mm
Varzea cumprida 140mm
Bairro são vicente 50mm
Baixa do juazeiro 140mm
Ingà 48mm
Pociano 112mm
Varzea da palha 52mm
Pau de oleo 115
Capão da areia 120mm
Barra do rio 100mm
Boa vista 45mm
Angico ipaporanga 150mm
Filomena 120mm
Lagoa das pedras dos bras 50mm
Ibiapaba 150mm
Assis 70mm
Barro vermelho 132mm
Mosquito 110mm
Tapuio 120mm
Tucuns 133mm
Cacimba de baixo 70mm
Tapera 50mm
Quirino 95mm
Varzea grande 49mm
Santana 117mm
Assentamento lagoa 70mm
Riacho do mato 75mm
Radio educadora,centro 55mm
Açudinho novo oriente 40mm
Carrapateiras 140mm
Curral velho 105mm
Tombador 43mm
Assentamento ritiro 35
Lagoa das pedras dos rodrigues 105mm
Vaca morta 105mm
Graciosa 48mm
Assentamento Xaviè 110mm
Queimadas 142mm
Ipaporanga 103mm
Feijão 30mm

terça-feira, janeiro 19, 2016

Cunha entra em campo para barrar ação do Planalto na eleição do PMDB

O presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante coletiva de imprensa em Brasília (DF) - 29/12/2015
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)(Ueslei Marcelino/Reuters)
Em reação à investida do Palácio do Planalto nas tratativas para escolher o novo líder do PMDB na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), resolveu entrar em campo de forma ainda mais incisiva nas articulações. Com o Congresso em recesso, ele dedicou esta terça-feira a traçar estratégias para derrotar o candidato à reeleição Leonardo Picciani (PMDB-RJ), considerado um nome do governo na disputa. Ministros da presidente Dilma Rousseff chegaram a ofertar um ministério em troca da pacificação da bancada, tradicionalmente dividida entre a ala rebelde e a governista, e que pode ser decisiva durante o processo de impeachment da petista. Cunha agora atua para "bagunçar" a disputa.
O presidente da Câmara passou a tarde recebendo deputados mais próximos em busca de um novo adversário contra Picciani. Atualmente há apenas Leonardo Quintão (PMDB-MG) no páreo. A ideia é forçar a realização de um segundo turno com a chegada de um novo nome. Em reunião, foram ventilados ao menos três nomes: Hugo Motta (PB), João Arruda (PR) e Mauro Mariani (SC).
A estratégia de Cunha, no entanto, divide até mesmo a ala contrária a Picciani. "Esse é um jogo de xadrez. Ele quer um terceiro candidato, nós não. Nós temos confiança na campanha do Quintão e o presidente pode nos ajudar com alguns votos de reforço", afirmou o deputado Darcísio Perondi (RS), considerado um dissidente do partido. "Essa proposta será abortada. O grupo entende que eu sou o candidato, e o Eduardo não conduz o grupo. Essa tática vai dividir o nosso lado", disse o candidato Leonardo Quintão.
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A batalha contra Picciani pode passar inclusive por uma representação contra ele. Em busca de acelerar o processo e evitar maior influência do Planalto, adversários defendem que a eleição aconteça na primeira semana após o fim do recesso parlamentar e argumentam que o próprio deputado afirmou, da tribuna, que as eleições seriam realizadas no dia 3 de fevereiro. Picciani, porém, definiu que a disputa será apenas no dia 17 de fevereiro, depois do Carnaval. Para Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), se a proposta for mantida, o atual líder mentiu em plenário, o que caracterizaria a quebra de decoro parlamentar - a mesma punição, aliás, que levou Eduardo Cunha ao Conselho de Ética.
Provocações - Nesta tarde, Picciani esteve reunido com seus adversários para definir o rito da disputa. O peemedebista também não cedeu na contagem dos votos - antes havia o acordo de que, em caso de reeleição, o atual líder apenas seria eleito se obtivesse o aval de dois terços da bancada. Agora, ele defende que seja apenas maioria simples, o que o favorece.
Diante de deputados insatisfeitos, ele chegou a ouvir provocações: "Já que você é assessor de Dilma, faça logo o Mauro Lopes (MG) virar ministro", disse Darcísio Perondi, referindo-se à sondagem do Planalto feita a Lopes para ocupar a Secretaria de Aviação Civil (SAC). O vice-presidente Michel Temer deu aval à "promoção" de Lopes, mas o governo ainda não decidiu se entrega ou não o ministério a ele.
Questionado por jornalistas se não poderia desistir da disputa em troca de uma comissão de peso, Leonardo Quintão também atirou contra o atual líder: "Eu estou oferecendo a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ao Picciani para ele nos apoiar", ironizou o deputado mineiro. Em um afago a Mauro Lopes - ou recado ao Planalto - Quintão afirmou ainda que o colega merece um ministério mais robusto, como o dos Transportes. "Aviação Civil é muito pouco. Nós não temos nenhum interesse em um ministério como esse", disse.