sábado, julho 30, 2016

O Planalto pediu propina

Em 7 de agosto de 2014, executivos de uma das maiores agências de publicidade do mundo, a Borghi Lowe, discutiam o que fazer diante de uma situação delicada. A campanha presidencial estava no início. Uma pesquisa divulgada naquele dia mostrava que a disputa entre a petista Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves seria acirrada. A angústia de Valdir Barbosa, vice-­presidente da Borghi Lowe, no entanto, decorria de outra encrenca. Ele e um colega da agência, Ricardo Hoffmann, representante da Borghi Lowe em Brasília, tinham sido convocados para uma reunião sigilosa com um diretor da Caixa Econômica Federal, Clauir Santos, responsável pelo marketing do banco. Ouviram dele um pedido de dinheiro, não para ele mesmo, mas para a campanha eleitoral do PT. E o pedido não partira do tesoureiro do partido ou da campanha. Clauir Santos disse que estava cumprindo ordens do Palácio do Planalto.
Em 2014, a Borghi Lowe era uma das quatro agências encarregadas da conta publicitária da Caixa Econômica, um butim excepcional de 560 milhões de reais, um dos maiores contratos do governo na área. Antes de qualquer providência, Valdir Barbosa preferiu consultar seu superior, Michael Wall, que fica em Londres. Em um e-mail, escrito em inglês, informou: “O diretor-presidente da Caixa foi chamado ao Palácio do Planalto e solicitado a ‘pedir aos fornecedores da Caixa que fizessem contribuições políticas ao partido do governo (PT)’”. Em seguida, comentou o incômodo da situação: “O próprio diretor-­presidente, que trabalhou como servidor público durante toda a sua carreira profissional, se sentiu completa e totalmente constrangido e desconfortável com tal solicitação”. Na época, o diretor-­presidente da Caixa era Jorge Hereda, que deixou o cargo no início do segundo mandato de Dilma. Hereda tem mais de trinta anos de serviço público.
Na mesma mensagem, Valdir Barbosa ressaltou ter informado a Clauir Santos, diretor de marketing da Caixa, que as normas da Borghi Lowe proibiam “contribuições políticas”, ao que o funcionário retrucou lembrando que as outras três agências aceitariam o “convite”. Era uma insinuação de que a Borghi Lowe poderia sofrer algum tipo de retaliação no futuro caso virasse as costas às necessidades do PT. Escreveu Barbosa: “Expliquei ao Clauir o con­teú­do da Política Anticorrupção e disse a ele que nós somos absolutamente proibidos de fazer este tipo de contribuição ou qualquer contribuição semelhante a esta. Ele obviamente lembrou-nos que provavelmente as três outras agências deveriam aceitar o ‘convite’ e fazer contribuições, ao que eu repliquei que elas eram agências 100% brasileiras e que, portanto, podiam fazer o que quisessem sem consultar ninguém”. Mesmo constrangido, Clauir tentou justificar que havia “base legal” à contribuição. A Borghi Lowe é brasileira, com um sócio estrangeiro, mas, pela legislação da época, poderia, de fato, fazer contribuições eleitorais, desde que legais. Mas esse não era o caso, segundo suspeitam os envolvidos na investigação.
Em poder da força-tarefa da Lava-­Jato em Curitiba, a mensagem obtida por VEJA é a evidência mais contundente até o momento de que o Palácio do Planalto atuou como uma central de arrecadação de recursos ilegais para o caixa dois do PT e, para tanto, constrangia graduados servidores públicos a trabalhar como achacadores. A mensagem pode ser mentirosa, uma invenção do vice de uma agência de publicidade? Até pode, por mais estranho que seja, mas os investigadores também acham que não é o caso. “Um pedido de doação legal jamais seguiria aqueles trâmites. Todos sabiam que a nossa política interna não autorizava contribuições ou doações a partidos políticos”, explica um dos envolvidos no caso.
Eles acreditam que a ordem veio mesmo do Planalto e o dinheiro era mesmo para o caixa dois porque já comprovaram que havia uma intimidade criminosa entre a Borghi Lowe e braços do governo. A mensagem integra uma investigação sigilosa que começou em abril de 2015, quando a polícia prendeu seis pessoas, entre elas o publicitário Ricardo Hoffmann, representante da Borghi em Brasília, e o ex-deputado petista André Vargas. Alvo de uma devassa, a agência de publicidade decidiu negociar um acordo de leniência, que está estranhamente parado há um ano na Controladoria-Geral da União. Já encaminhou ao Ministério Público e-mails, notas fiscais e balanços nos quais se constata que havia uma parceria clandestina para fraudar licitações.

‘A conta chega para todo mundo’, diz Delcídio sobre Lula

Autor da delação que levou à denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) disse que “um dia a conta chega para todo mundo”. Delcídio se referia ao fato de Lula ter se tornado réu em ação criminal na Justiça Federal em Brasília por tramar contra a Operação Lava Jato.
O próprio Delcídio também é réu na mesma ação, ao lado de outros cinco acusados de envolvimento em um plano para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró. Delcídio foi preso no dia 25 de novembro, por determinação do Supremo Tribunal Federal. Em fevereiro, ele foi solto. Seus depoimentos deram sustentação a várias denúncias da Procuradoria-Geral da República e abertura de inquéritos no âmbito da Lava Jato.
Para o senador cassado, a decisão judicial que recebeu a acusação da Procuradoria contra Lula “só fortalece” suas revelações. “Isso só fortalece a minha colaboração, mostra a efetividade da minha colaboração. O juiz, assim como a Procuradoria, se aprofundaram com relação a esse episódio da obstrução. As provas foram consideradas suficientes e levaram à denúncia e ao recebimento pela Justiça.”
Em troca de sua delação, o ex-senador deverá se livrar de uma eventual pena de prisão, mesmo que condenado na ação por tentativa de obstrução da Lava Jato.
Delcídio disse que está cumprindo todos os termos do acordo de colaboração que firmou com a Procuradoria-Geral da República, que em parecer afirmou que ele não estaria comparecendo quinzenalmente à Justiça e nem morando no endereço declarado.
‘Absolvição’ – A defesa de André Esteves disse que o juiz Ricardo Leite, da Justiça Federal em Brasília, “deve ainda examinar se é caso de absolvição sumária ou mesmo de rejeição da denúncia”. “Nós vamos lutar por isso, pois estamos convencidos de que nosso cliente não cometeu nenhuma irregularidade. Não há justa causa para abrir processo penal em bases tão fracas”.
O advogado Damian Vilutis, que defende Maurício Bumlai, negou que seu cliente entregou dinheiro a Delcídio para ser enviado a Cerveró ou para os familiares do ex-diretor.
O criminalista Conrado de Almeida Prado, que defende José Carlos Bumlai, afirmou que a aceitação da denúncia já era esperada e que vai se manifestar sobre o caso perante o juiz.
“Vamos pleitear que ela (denúncia) seja rejeitada e, caso seja mantida, a defesa vai provar que José Carlos Bumlai nunca deu dinheiro a Nestor Cerveró ou sua família a fim de comprar silêncio ou impedir o acordo de delação premiada”, afirmou. “Tanto isso é verdade que a delação aconteceu, e que o próprio Nestor admitiu em outro processo que não tratou com Bumlai a respeito de nenhuma irregularidade.”
Edson Ribeiro disse que “tanto o Ministério Público quanto o juiz foram induzidos a erro por Bernardo, filho de Nestor Cerveró”. “Eu jamais tentei obstruir de qualquer forma a Justiça.”
A reportagem não conseguiu contato ontem com a defesa de Diogo Ferreira Rodrigues.
(Com Estadão Conteúdo)

Em proposta de delação, Santana relata que Dilma sabia de tudo

A presidente afastada Dilma Rousseff vem ajustando seu discurso de acordo com o avanço da Lava-Jato. Há cerca de um ano, diante das acusações de que sua campanha recebera doações por fora da construtora UTC, ela afirmou: “Eu não aceito e jamais aceitarei que insinuem sobre mim ou a minha campanha qualquer irregularidade (…) porque não houve”. De lá para cá, as negativas da petista ganharam um tom cada vez mais baixo. Há duas semanas, após o marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, admitirem ter recebido dinheiro pelo caixa dois na campanha presidencial de 2010, Dilma disse: “Não autorizei pagamento de caixa dois a ninguém. (…) Se houve, não foi com meu conhecimento”. Cinco dias depois, eis que surge outra justificativa: “Minha campanha não tem a menor responsabilidade sobre em que condições pagou-se dívida remanescente da campanha de 2010. (…) Ele (João Santana) tratou essa questão com a tesouraria do PT”. Em pouco tempo, a negativa da existência de dinheiro sujo saltou do “eu não sabia” e pousou no “a culpa é do partido”.
Em breve, Dilma terá de atualizar a versão. Em sua proposta de delação premiada feita à Procuradoria-Geral da República, João Santana e sua mulher relatam que a presidente afastada não só sabia da existência do caixa dois como aprovou as operações ilegais. Segundo o casal, Dilma conhecia detalhes do custo real da campanha e o valor que era declarado oficialmente. A diferença, de algumas dezenas de milhões de reais, vinha de empresas envolvidas no petrolão. Uma parte dos recursos, oriundos de propinas avalizadas pela petista, foi usada até para pagar despesas pessoais da presidente. Para comprovar as acusações, que constam em mais de dez capítulos chamados de “anexos”, Santana apresentará documentos. Os detalhes do acordo do marqueteiro foram tratados recentemente numa reunião realizada com integrantes da PGR. Quem leu os anexos garante: o mago do marketing petista, que ajudou a construir a imagem de Dilma, está agora armado com provas para fulminá-la.

sexta-feira, julho 29, 2016

Desemprego sobe e atinge 11,58 milhões no 2º trimestre

A taxa de desocupação no Brasil ficou em 11,30% no segundo trimestre, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o maior patamar de desemprego já registrado pela Pnad Contínua desde o início da série, em 2012.
O resultado ficou alinhado com a previsão dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma taxa de desemprego entre 11,20% e 11,90%, com mediana de exatos 11,30%. Em igual período do ano passado, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 8,3%. No primeiro trimestre deste ano, a taxa havia ficado em 10,9%, no maior patamar da história até então.
A renda média real do trabalhador foi de 1.972 reais no segundo trimestre deste ano. O resultado representa queda de 4,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou 174,6 bilhões de reais no segundo trimestre, queda de 4,9% ante igual período do ano anterior.
Desde janeiro de 2014, o IBGE passou a divulgar a taxa de desocupação em bases trimestrais para todo o território nacional. A nova pesquisa substitui a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que abrangia apenas as seis principais regiões metropolitanas, e também a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) anual, que produz informações referentes somente ao mês de setembro de cada ano.

Postos de trabalho

O País já tem 11,586 milhões de desempregados, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). O montante representa um avanço de 38,7% no segundo trimestre do ano ante o mesmo período de 2015, o equivalente a 3,231 milhões de pessoas a mais em busca de uma vaga.
Ao mesmo tempo, 1,413 milhão de postos de trabalho foram fechados, uma redução de 1,5% na população ocupada no mesmo período. Ainda no segundo trimestre, a população inativa cresceu 0,5%, com 344 mil pessoas a mais nessa condição, fora do mercado de trabalho.
A taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua fechou o segundo trimestre em 11,3%, no maior patamar da série histórica iniciada no primeiro trimestre de 2012. No segundo trimestre de 2015, a taxa de desocupação era de 8,3%. No trimestre encerrado em maio, o resultado foi de 11,2%. Já no consolidado do primeiro trimestre deste ano, a taxa havia alcançado 10,9%.
(Com Estadão Conteúdo)

PM prende libanês ligado ao Hezbollah em SP

Um libanês que teria ligações com o grupo extremista Hezbollah foi preso na noite desta quinta-feira pela Polícia Militar de São Paulo em Caieiras, na Grande São Paulo. Fadi Hassan Nabha, de 42 anos, era procurado desde 2013 pela Interpol por tráfico internacional de drogas. Em maio, o Ministério da Justiça emitiu um mandado de expulsão de Nabha do país por uso de documentos falsos. As informações são da Polícia Militar.
Dada a sua ligação com o grupo islâmico xiita, a PM encaminhou o libanês para a sede da Polícia Federal, em São Paulo.  Ele teria morado durante dois anos no Líbano. “Eu conversei com ele diretamente, ele falou para mim que tinha um conhecimento, que ficou dois anos servindo as forças especiais do Hezbollah no Líbano. Ele teve um vasto conhecimento de armamento e de material explosivo”, afirmou o sargento da PM Geraldo Castro em reportagem do Bom Dia São Paulo, da TV Globo, exibida nesta sexta-feira.

Em delação, executivos da Odebrecht citarão mais de cem políticos

Defesa da Odebrecht apela ao STJ com pedido de habeas corpus
Em negociação para fechar o acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, Marcelo Odebrecht e executivos da empreiteira listaram mais de cem políticos, entre deputados, senadores, ministros e governadores, como beneficiários diretos de desvios de verba pública ou de repasses a campanhas eleitorais. Segundo reportagem do jornal O Globo publicada nesta sexta-feira, entre os citados estão os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB); de Minas, Fernando Pimentel (PT); e do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB). A matéria não deixou claro em que circunstâncias eles são mencionados na delação. Também aparece na lista o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que já foi citado por outros delatores, como o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Reportagem de VEJA publicada em junho já havia revelado os primeiros detalhes do que Odebrecht pretendia revelar aos procuradores em sua colaboração. Na ocasião, já havia a informação de que 13 governadores seriam citados. De acordo com VEJA, Odebrecht também diria que a campanha à reeleição de Dilma foi financiada com propina depositada em contas no exterior e que os detalhes do financiamento eram tratados diretamente com o ex-chefe de gabinete da presidente afastada Giles Azevedo.
As tratativas dos executivos da Odebrecht com o MP chegaram a emperrar no começo, mas agora estão avançando de forma significativa. Os depoimentos devem começar ainda hoje, segundo o jornal. “Foi superada a fase da conversa entre procuradores e advogados. Agora, a conversa é entre procuradores e réus. Nessas conversas eles indicam o que realmente vão dizer”, disse uma fonte.
O ponto crucial para o avanço do acordo foi a informação de que a Odebrecht estava conseguindo recuperar os arquivos do Setor de Operações Estruturas da empreiteira, responsável por operacionalizar a propina paga para a obtenção de contratos de obras públicas.
Em nota, o governador Geraldo Alckmin informou que todas as suas prestações de contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. “À frente do governo de São Paulo, Geraldo Alckmin sempre pautou suas ações de forma estritamente profissional na defesa do interesse público com empresários. Geraldo Alckmin não mantém e jamais manteve relações pessoais com executivos da empresa Odebrecht”, diz o texto.
Já o governador Pimentel afirmou, por meio de sua assessoria, que não irá comentar uma suposta delação “que, se de fato ocorreu, está resguardada pelo sigilo judicial”.
O governador licenciado Pezão não quis comentar por não ter detalhes do que está sendo dito na delação. E o ex-governador Cabral “manifestou sua indignação e seu repúdio ao envolvimento de seu nome com qualquer ilicitude”. O peemedebista afirmou que manteve com a Odebrecht apenas relações institucionais.

Dilma apresenta alegações finais no processo de impeachment

A defesa da presidente afastada Dilma Rousseff entregou nesta quinta-feira na Comissão do Impeachment no Senado os documentos com as alegações finais do processo. A peça, com cerca de 500 páginas, foi entregue pelo ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, um dos advogados da defesa de Dilma.
“É uma peça que sintetiza todas as provas que foram reunidas ao longo desse período: testemunhas, perícias, prova documental”, explicou Cardozo. Segundo o advogado, na peça da defesa também foram abordados vários fatos que surgiram ao longo desse processo. “Um deles, muito importante, foi a proposta de arquivamento que o Ministério Público Federal fez relativamente ao inquérito que tratava das pedaladas.”
Após a entrega das alegações, a documentação será encaminhada ao relator da comissão, Antonio Anastasia (PSDB-MG), que terá cinco dias para apresentar seu parecer sobre a acusação. O relatório será votado pela comissão, por maioria simples – metade mais um dos senadores presentes à sessão. Em seguida, haverá nova votação no plenário da Casa, sob o comando do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, encerrando, assim, a fase de pronúncia do impeachment.

quinta-feira, julho 28, 2016

PF do Rio prende suspeito de ligação com terrorismo

A Polícia Federal do Rio de Janeiro prendeu nesta quarta-feira um homem suspeito de ter ligações com o terrorismo. De descendência libanesa, Chaer Kalaoun, de 28 anos, foi detido em sua casa no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense,  e encaminhado à sede da PF no Rio,  onde permanece até a manhã desta quinta-feira.
A prisão aconteceu a apenas nove dias da cerimônia de abertura da Olimpíada, que começa no dia 5 de agosto.  O advogado de Kalaoun, Edison Ferreira, disse que seu cliente foi preso por causa de uma postagem no Facebook na qual lamentou a destruição de uma mesquita por um atentado terrorista.
Segundo Ferreira, Kalaoun é brasileiro, muçulmano, trabalha no ramo de comércio de roupas e já morou na adolescência no Líbano. “A Polícia não tem nenhuma acusação contra ele. Só pediram a prisão temporária para investigações preliminares. Mas não fizeram nenhuma busca na casa dele, nem apreenderam nenhum elemento de interesse criminal”, disse o advogado. Em 2014, o suspeito havia sido preso por porte ilegal de arma
A PF foi procurada, mas ainda não forneceu nenhum detalhe sobre a prisão.
(Com Estadão Conteúdo)

quarta-feira, julho 27, 2016

Dilma ganha mais um dia para entregar defesa do impeachment

O presidente da Comissão Especial do Impeachment no Senado, Raimundo Lira (PMDB-PB), prorrogou por 24 horas o prazo para que a defesa da presidente afastada, Dilma Rousseff, entregue os documentos com as alegações finais do processo. Com isso, o prazo que vencia nesta quarta-fira foi estendido até amanhã.
Lira atendeu parcialmente a um pedido dos advogados de Dilma, que queriam prorrogar por dois dias o prazo para entrega da documentação. Por causa da suspensão dos serviços da página do Senado na internet, onde fica hospedada toda a documentação do processo, a defesa de Dilma argumentou que a presidente afastada teve o amplo direito de defesa prejudicado por ter ficado sem acesso aos autos do processo.
Em nota, Lira afirmou que a indisponibilidade do conteúdo se deu em virtude de manutenção programada, que a ação foi anunciada pelo portal do Senado e que o “sistema permite que os arquivos sejam baixados para consulta no computador do usuário sem necessidade de acesso à internet”. Segundo o senador, os sistemas começaram a ser religados, “tornando-se novamente disponíveis antes das alegadas 48 horas de suspensão” reivindicadas pela defesa de Dilma.
“Decido acolher em parte as razões da defesa para conceder-lhe prazo adicional de 24 horas, até o término do expediente da quinta-feira, 28 de julho, para apresentação de suas alegações finais, restando inalteradas as demais datas de reunião da comissão”, diz a nota assinada pelo senador peemedebista.
Após a entrega das alegações, a documentação será encaminhada ao relator da comissão, Antonio Anastasia (PSDB-MG), que terá cinco dias para apresentar seu parecer sobre a acusação. O relatório será votado pela comissão, por maioria simples – metade mais um dos senadores presentes à sessão. Em seguida, haverá nova votação no plenário da Casa, sob o comando do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, encerrando, assim, a fase de pronúncia do impeachment.
(Com Agência Brasil)

terça-feira, julho 26, 2016

Carta psicografada ajuda a polícia a desvendar caso de desaparecimento, no Ceará


Maria Lopes Farias Foto: Divulgação / Gente na TV - TV Jangadeiro/SBT

Carta dizia onde estava ossada de rapaz Foto: Divulgação
Fabrício Provenzano

Uma carta psicografada ajudou a Polícia Civil do Ceará a retormar, na última semana, as investigações sobre a morte de um homem, em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza, no Ceará. Galdino Alves Bezerra Neto tinha 47 anos quando desapareceu em 2011. Foi graças à comunicação do plano espiritual que a mãe dele soube onde sua ossada estava. A idosa agora acredita que, a partir de novas cartas escritas por um médium, ela pode ajudar investigadores a descobrir o que aconteceu com seu filho.
Maria Lopes Farias, de 75 anos, conta que o filho costumava passar alguns dias longe de casa, na companhia de parentes e amigos ou para fazer bicos. Mas, perto do fim de 2011, ele não voltou para casa. No início de 2012, então, ela procurou uma delegacia para registrar o desaparecimento do filho.
— Eu chorava muito. Queria saber o que tinha acontecido com meu filho, mas não tinha informação nenhuma. Eu já tinha procurado por ele em hospitais, no IML (Instituto Médico Legal) e nada — lembra a idosa que, em 2014, aconselhada por conhecidos, procurou um centro espírita: — Eu era católica. Somente depois de algumas visitas que fui ao centro que eu recebia a comunicação do meu sogro - já morto - dizendo para eu rezar uma missa pelo meu filho e para procurar a ossada dele perto da Lagoa do Juvenal (em Maranguape).
A idosa garante que se surpreendeu com a comunicação:
— Ninguém me conhecia lá (no centro espírita). O médium não sabia da minha história.
Galdino Alves Bezerra Neto
Galdino Alves Bezerra Neto Foto: Polícia Civil do Ceará / Divulgação
Em 2014, ela procurou a delegacia local, onde descobriu por meio de investigadores, de fato, uma ossada havia sido econtrada no local, no anterior, mas que nunca tinha sido identificada. Os restos mortais, então, foram guardados por peritos. Maria se submeteu a um exame de DNA que comprovou, em setembro de 2014, que a ossada pertencia a seu filho.
— Para mim, foi uma felicidade. Eu passei anos tentando descobrir o que havia acontecido com ele — conta a idosa.
Ossada foi encontrada em local onde dizia carta psicografada
Ossada foi encontrada em local onde dizia carta psicografada Foto: Divulgação / Polícia Civil do Ceará
Por problemas pessoais, durante anos após a descoberta, Maria não voltou à Delegacia de Maranguape, que investiga a morte de seu filho. Nesta semana, no entanto, ela voltou ao local e quer ajudar investigadores a descobrir o que pode ter acontecido com Galdino. Ela acredita que ele pode ter sido vítima de um latrocínio.
Carta dizia onde estava ossada de rapaz
Carta dizia onde estava ossada de rapaz Foto: Divulgação
— Eu recebi uma carta, desta vez dele (Galdino), dizendo que ele tinha ido até a lagoa para observá-la, mas criminosos o atingiram na cabeça, matando-no e, depois, puseram fogo no corpo. Não sabemos se ele foi assassinado, mas a Justiça virá.
Segundo o inspetor Wellington Pereira, que investiga o caso, não foi descobrir o que causou a morte de Galdino. Mas que, a partir do que foi trazido de informação pela mãe, será possível trazer um novo olhar para o caso.
— Esse é um caso intrigante, que chama atenção. Estou há muito tempo na Polícia e nunca vi algo assim. Mas agora vamos começar uma nova investigação com o temos das cartas. Vamos tentar ver se foi homicídio, o que houve — acrecentou.

Vila Olímpica recebe 600 novos trabalhadores em ‘força-tarefa’

A onze dias do início dos Jogos Olímpicos, o clima no entorno da Vila Olímpica reúne, ao mesmo tempo, esperança e preocupação. Um dia depois que a delegação australiana denunciou as precárias condições dos apartamentos em que seriam instalados e de membros da equipe argentina classificarem as instalações como ‘inabitáveis’, a organização da Rio 2016 está montando uma força-tarefa para limpar as acomodações da Vila e, consequentemente, a imagem da Cidade Olímpica. Até a próxima quinta-feira, 630 funcionários – entre encanadores, auxiliares de serviços gerais e eletricistas -, trabalharão durante 24 horas, em esquema de plantão, para sanar os problemas apontados pelas delegações que já habitam o complexo.
As reformas estão sendo feitas às pressas para atender às equipes, mas segundo a assessoria de imprensa da Rio 2016, este tipo de problema, embora não seja o desejado, é comum. “Os problemas que estamos resolvendo são de manutenção, não são questões estruturais. Os argentinos, que reclamaram conosco, estão sendo atendidos, assim como as outras delegações, mas não deixaram a Vila Olímpica”.
Até o início desta segunda, 1600 pessoas, das quais 400 atletas, já estavam instaladas nos apartamentos dos 32 prédios. Até o fim do dia a expectativa é de que novas equipes, totalizando 115 delegações, desembarquem por aqui.
Enquanto os funcionários contratados às pressas não chegavam, outras delegações foram abrindo a carteira para tentar diminuir os danos físicos e o desgaste emocional para seus atletas. As delegações da Holanda, Itália e Estados Unidos contrataram serviços terceirizados para completarem o serviço. Em entrevista à Rede Globo, a síndica da Vila, Janeth Arcain, chegou a duvidar da veracidade das fotos divulgadas após a revolta australiana, ainda no domingo. À tarde, a saída do diretor da Vila, Mário Cilenti, era dada como certa nos bastidores da organização. Mas ele participou de reuniões mornamente e, efundo o Comitê Organizador, será mantido no cargo.
Parte da delegação brasileira que já fez o check In na Vila também acabou sendo obrigada a mudar de apartamento em virtude da falta de estrutura de alguns imóveis, como a equipe de hóquei sobre a grama. Dos 465 integrantes da comitiva do Brasil, cerca de 60 já entraram na Vila.
Os problemas na precariedade das instalações, na verdade, começaram há duas semanas, fora da Vila Olímpica. Agentes da Força Nacional, responsável pela segurança interna de todas as arenas da Olimpíada, protestaram contra as condições insalubres dos apartamentos do condomínio popular também em Jacarepaguá e contra a falta de pagamento das diárias prometidas. Os militares chegaram a ameaçar abandonar o evento e voltar para seus estados de origem, mas após algumas reuniões (e de terem o pagamento normalizado) eles desistiram.
Soldado do Exército faz a segurança nos arredores do Parque Olímpico da Rio 2016
Soldado do Exército faz a segurança nos arredores do Parque Olímpico da Rio 2016 (Pilar Olivares/Reuters)
(com Estadão Conteúdo)

‘Fomos conversando no caminho numa boa’, diz Suplicy sobre PMs

O ex-senador Eduardo Suplicy (PT), candidato a vereador em São Paulo, afirmou nesta segunda-feira que foi bem tratado pelos policiais militares que o prenderam e o encaminharam ao 75º Distrito Policial no bairro Jardim Arpoador, na Zona Oeste da capital paulista. O político foi detido ao tentar impedir uma reintegração de posse na Cidade Educandário, na região da Rodovia Raposo Tavares. Ao deixar a delegacia, Suplicy brincou com a situação.
“Fomos conversando no caminho numa boa. Eu perguntei que idade eles tinham, acho que era 28, 32 e 43 anos. Perguntaram a minha, eu falei 75 anos. Disse a eles que ainda hoje de manhã, às 6h45, eu tinha feito minha aula de ginástica, mantenho a boa forma”, declarou o ex-senador. “Dos 15 ao 21, eu treinei boxe, participei do campeonato da Gazeta Esportiva. E procuro me manter sempre em boa forma. Se necessário for, eu sei como fazer. Mas eu continuo um grande discípulo da não violência.”
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Em seguida, um fã entregou um marmitex ao político, que sorriu, aceitou o presente e agradeceu, deixando a delegacia em seguida.
Suplicy disse que se pôs na frente da Polícia Militar pois temia que um possível confronto pudesse terminar com pessoas feridas. “Felizmente nada aconteceu. Todo meu esforço foi para que não houvesse violência”, afirmou. “Houve uma preocupação maior depois do que aconteceu comigo. Não houve confrontos maiores.” O ex-senador se deitou diante dos policiais militares, precisou ser levantado à força e carregado pelos agentes para ser colocado na viatura.
Em nota, a Secretaria de da Casa Civil lamentou que o ex-senador “tenha aproveitado a fragilidade de famílias para tumultuar uma reintegração de posse em cumprimento a uma ordem judicial solicitada pela prefeitura de São Paulo, dona do terreno”. A Secretaria também informou que três reuniões prévias foram realizadas e parte das 400 famílias já tinham deixado o local.
(Com Estadão Conteúdo)

Berzoini pediu 1% sobre todo contrato da Andrade, diz delator

O executivo Flávio Machado, ex-dirigente da Andrade Gutierrez, afirmou ao juiz federal Sérgio Moro em depoimento nesta segunda-feira, 25, que, em 2008, o então presidente do PT, Ricardo Berzoini, pediu 1% de propina sobre “todo e qualquer contrato da Andrade Gutierrez junto ao governo federal”. Machado prestou depoimento em ação penal da Operação Lava Jato. Ele é um dos ex-dirigentes da empreiteira que fecharam delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. O ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo também é delator.
O executivo citou os ex-tesoureiros do PT João Vaccari Neto e Paulo Ferreira. Vaccari está preso na Lava Jato desde abril de 2015. Paulo Ferreira está custodiado na Operação Custo Brasil, que investiga desvios de R$ 100 milhões no âmbito do Ministério do Planejamento, na gestão de Paulo Bernardo.

“O João Vaccari não era o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores àquela época. O tesoureiro, se eu não estou enganado, era o Paulo Ferreira. Fui apresentado ao João Vaccari, que era um assessor direto do presidente do Partido dos Trabalhadores, o Berzoini, Ricardo Berzoini, quando então o João Vaccari me solicitou que eu conseguisse agendar uma reunião com o presidente Otávio Azevedo com a presença do presidente Ricardo Berzoini. Essa reunião, eu não sei precisar exatamente a data, ocorreu em 2008 no nosso escritório, que era a sede da Andrade na época, em São Paulo”, declarou o executivo.
Perante o juiz Moro, o ex-dirigente da Andrade Gutierrez afirmou. “Nessa reunião, participaram pela Andrade, Otávio e eu, pelo Partido dos Trabalhadores, o presidente Berzoini, o João Vaccari e o Paulo Ferreira. Nesta reunião, o presidente do PT à época, Ricardo Berzoini, fez essa colocação que gostaria de todo e qualquer contrato da Andrade Gutierrez junto ao governo federal tivesse o pagamento de vantagens indevidas no valor de 1%. Isso foi uma conversa entre eles, nós outros 3 ficamos praticamente calados.”
Flávio Machado declarou que a conversa foi “muito desagradável”. “Senti claramente a reação do Otávio Azevedo. Ele, inclusive, se resguardou para que desse uma posição final mais à frente em outra reunião, alguma coisa nesse sentido. Ele tinha que internalizar essa colocação. Essa reunião realmente ocorreu, e eu estava presente”, disse.
“Os desdobramentos, até onde eu sei, o próprio Otávio Azevedo procurou o presidente à época, Rogério Nora de Sá, da construtora, para colocar essa colocação. Foi uma reação muito desagradável dentro da empresa. Não se achava, os executivos envolvidos em diversas áreas não achavam que isso seria devido, porque não tinha nenhuma ajuda especial, não tinha nada. O que até onde meu conhecimento que isso aí foi “aceito” no processo daí pra frente, porque a ideia era retroagir os efeitos para outros contratos que ainda não tivesse recolhido. Foi uma conversa entre Rogério Nora e Otávio Azevedo, não participei dessa conversa.”
(Com Estadão Conteúdo)

Temer veta 100% de capital estrangeiro em aéreas brasileiras

Após acordo costurado com senadores, o presidente interino Michel Temer vetou a liberação total de capital estrangeiro para participar de companhias aéreas brasileiras. O dispositivo vetado consta em lei sancionada nesta segunda-feira por Temer que trata de modificações no setor aéreo como a reestruturação dos débitos da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) com a União.
A nova legislação provém de uma medida provisória enviada em março pela presidente afastada Dilma Rousseff, que ampliava de 20% para 49% a permissão de participação de capital estrangeiro nas empresas de aviação civil do país. Durante tramitação do texto na Câmara, o governo Temer atuou para expandir o porcentual para 100%.
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Porém, diante da resistência de senadores, que desejam estudar mais o assunto por se tratar de uma questão complexa, os governistas se comprometeram em vetar o aumento.
De acordo com o Palácio do Planalto, os demais trechos da matéria foram sancionados integralmente por Temer. Aprovada no Senado no fim de junho, a medida provisória também institui a cobrança de tarifa adicional do passageiro que fizer conexão.
(Com Agência Brasil)

O maior sequestro do Brasil

Aparecida Schunck , sogra do empresário da Fórmula-1 Bernie Ecclestone, foi sequestrada na sexta-feira à noite, no bairro de Interlagos, em São Paulo. Ela é mãe da brasileira Fabiana Flosi, de 38 anos, que é casada com Ecclestone , de 85. O casal mora em Londres. Os dois se conheceram em 2009, quando Fabiana trabalhava na organização do Grande Prêmio do Brasil. Bacharel em direito, ela era casada com um médico e vivia em São Paulo. Em 2010, Ecclestone, então dono de uma fortuna avaliada em quase 8 bilhões de reais, protagonizou um dos mais ruidosos divórcios da Inglaterra. Ao final do processo, o chefe da Fórmula 1 concordou em pagar 1,7 bilhão de reais à ex-modelo croata Slavica Radic, com quem viveu por 25 anos. Pouco depois da separação, Fabiana deixou o Brasil e, em 2012, casou-se com Ecclestone em uma cerimônia em Gstaad, na Suíça.
Fontes consultadas por VEJA disseram que o valor do resgate pedido a Ecclestone é de 120 milhões de reais – o que faria desse o maior sequestro do Brasil. Os criminosos pediram para que os pagamentos fossem feitos em libras esterlinas, com o dinheiro dividido em quatro sacolas. Entre 2001 e 2002, essa modalidade de crime atingiu o auge no país. O ano de 2002 terminou com 321 casos apenas no Estado de São Paulo – um a cada 27 horas. A Delegacia Anti-Sequestro (DAS) chegou a monitorar, num único dia, 43 cativeiros – num deles estava o publicitário Washington Olivetto, que só foi libertado depois de 53 dias em poder de seus captores, que haviam pedido 18 milhões de dólares por ele.

sexta-feira, julho 22, 2016

Saiba quem são os brasileiros suspeitos de planejar atentado

O grupo de brasileiros alvo da Operação Hashtag da Polícia Federal, que prendeu dez pessoas sob suspeita de tramar ataques terroristas durante a Olimpíada, inclui catorze nomes – alguns deles adotaram nomes árabes ou falsos para se comunicar nas redes sociais: Alisson Luan de Oliveira, Antonio Andrade dos Santos Junior (Antonio Ahmed Andrade), Daniel Freitas Baltazar (Caio Pereira), Hortencio Yoshitake (Teo Yoshi), Israel Pedra Mesquita, Leandro França de Oliveira, Leonid El Kadri de Melo (Abu Khalled), Levi Ribeiro Fernandes de Jesus (Muhammad Ali Huraia), Marco Mario Duarte (Zaid Duarte), Matheus Barbosa e Silva (Ismail Abdul-Jabbar Al-Brazili), Mohamad Mounir Zakaria (Zakaria Mounir), Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo (Ali Lundi), Valdir Pereira da Rocha (Valdir Mahmoud) e Vitor Barbosa Magalhães (Vitor Abdullah). Da lista, dois suspeitos foram conduzidos coercitivamente para depor e outros dois estão foragidos. El Kadri e Pereira da Rocha já foram condenados por homicídio.
Levantamento de VEJA publicado nesta semana revela que 32 brasileiros juraram fidelidade ao Estado Islâmico. Pelo menos quatro deles, incluindo Vitor Magalhães e Antônio Andrade dos Santos (o último à direita e o primeiro à esquerda) estão entre os investigados pela Operação Hashtag.
Suspeitos – Mohamad Mounir Zakaria é brasileiro e dono de cinco empresas de confecção na região do Brás, bairro onde mora em São Paulo. As confecções de Zakaria, a exemplo da Raio Jeans Confecções, ficam na Rua Barão de Ladário. Ele também trabalhou na Rua Oriente, um dos principais pontos de venda do Brás, e é o 2º diretor de patrimônio da Liga da Juventude Islâmica Beneficente do Brasil, cuja mesquita fica no Pari, bairro próximo do Brás na capital paulista.
O sul-matogrossense Leonid El Kadri é mecânico em uma agropecuária em Campos de Júlio (MT), cidade onde vive. Ele já cumpriu pena de 18 anos e oito meses de prisão por homicídio e roubo qualificados. Durante o período em que esteve preso em Araguaína (TO), El Kadri chegou a fugir da prisão e se apresentou em Vila Bela da Santíssima Trindade (MT). No mesmo processo foi condenado  Valdir Pereira da Rocha. Atualmente divorciado, El Kadri estudou em uma escola evangélica, participou de um grupo escoteiro no Tocantins entre 1989 e 2000 e cursa engenharia mecânica na Faculdade Anhanguera.
Zaid Mohammad Abdul-Rahman Duarte nasceu Marcos Mário Duarte em maio de 1974 na cidade maranhense de Ilha de São Luis do Maranhão. Convertido ao islamismo há treze anos, ele vive em Amparo (SP) e se declara idealizador, fundador, vice-presidente e Emir da Sociedade Islâmica do Maranhão.
Ele assina um blog chamado Islam Maranhão, cuja imagem principal diz, em inglês: “você está entrando em uma zona controlada pela Sharia. Regras islâmicas aplicadas”. A Sharia é o conjunto de leis que rege o islamismo.
Em postagens no blog, Zaid Duarte publica textos de apologia ao Estado Islâmico e ao anti-americanismo. “Eu não sou o primeiro nem o único nem o último muçulmano vivendo num país ocidental vítima de todo tipo de má sorte imposta pela propaganda guerreirista que a mídia sensacionalista pró-guerra sangrenta americana vem travando contra a religião de Allah”, escreveu Zaid Duarte em uma postagem em novembro de 2015.
Investigação – A Divisão Antiterrorismo da Polícia Federal monitorou mensagens trocadas pelos brasileiros em redes sociais, especialmente via Telegram e Whatsapp, e detectou conversas em que eles demonstravam apoio aos últimos atentados do Estado Islâmico e faziam referências a uma tentativa de compra de uma arma no Paraguai.
Um dos investigados entrou em contato, por e-mail, com um fornecedor de armas clandestinas naquele país, solicitando a compra de um fuzil AK-47. A PF não sabe se o grupo tinha apoio financeiro externo. “Houve pedido do líder [do grupo] para que começassem a pensar uma forma de financiamento, mas não houve [o financiamento em si]”, relatou o ministro.
Nas conversas monitoradas com autorização judicial, os suspeitos, que em parte utilizavam nomes fictícios para se identificarem, também discutiam táticas de guerrilha e propagavam intolerância racial, de gênero e religiosa. Pelo menos um menor de idade participava das conversas, enquanto dois dos brasileiros investigados já haviam sido condenados por homicídio. Foram interceptadas mensagens de comemoração pelas execuções feitas pelo grupo extremista no Oriente Médio e pelos recentes massacres em Orlando e em Nice.
As prisões e buscas na Operação Hashtag foram realizadas no Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Uma ONG com atuação na área humanitária também é investigada por evidências de que fez palestras que incitavam o público a favor do Estado Islâmico. O presidente da instituição foi levado coercitivamente para prestar esclarecimentos.
O recrutamento do grupo preso nesta quinta-feira foi feito via internet, prática habitual do Estado Islâmico. Não houve contato direto do grupo de brasileiros com terroristas do grupo, embora um deles tenha informado nas mensagens trocadas que estaria disposto a viajar ao exterior para se encontrar com líderes extremistas.