TASSO DIZ !

Tasso diz que PSDB tinha obrigação de acabar com projeto hegemônico de Cid Gomes

FORTALEZA - Duas semanas depois de romper com o governador Cid Gomes (PSB), irmão do deputado Ciro Gomes, de quem continua dizendo ser amigo, o senador tucano Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que o PSDB tinha a obrigação de lançar candidato para acabar com a hegemonia de um só grupo político no estado.

Ao lado do deputado estadual Marcos Cals, candiato do partido ao governo, Tasso criticou Cid Gomes por reunir um grande leque de partidos num único bloco para acabar com a oposição, e de retroceder politicamente "40 anos" ao lotear cargos.

- Nós estamos aí para ganhar. Acho que temos a obrigação de acabar com a hegemonia de um grupo no estado do Ceará, em que praticamente se aniqulila toda a questão partidária para fazer um partidão só subdividido em clãs - disse.

Tasso irritou-se quando um repórter questionou a crítica, uma vez que o projeto que representou, e que incluiu o governo de Ciro Gomes (1991-1994), durou quase duas décadas.

- Eu nunca quis acabar com a oposição no estado do Ceará. Em cada eleição todos os partidos tinham seu espaço. Em nenhum dos momentos passou pela nossa cabeça juntar todos os partidos em um lado só eliminando a possibilidade de uma outra candidatura. É isso que chamo de (projeto) hegemônico - disse.

Em seguida, Tasso passou a criticar o que considerou retrocesso político com a indicação de parentes no governo, numa referencia implícita ao fato do deputado Ivo Gomes (PSB), irmão caçula do governdor, ter ocupado até abril o cargo de chefe de gabinete. No governo de Ciro, outro irmão, Lúcio Gomes, ocupava a mesma função.

- Nunca coloquei um irmão meu como presidente, como deputado, nunca coloquei um irmão meu como secretário de governo, como primeiro ministro, nem fiz uma reserva de mercado para que nas próximas eleições o outro que fosse prefeito de uma cidade.

Mesmo assim, disse que sua relação com Ciro Gomes não foi abalada. Eles conversaram na última terça-feira, em Brasíllia.

Ele fez uma mea culpa sobre o fato de o PSDB só ter mudado de lado depois de passar três anos no governo.

- Cid é do nosso DNA. O partido resolveu dar um voto de confiança ao governo. Mas a falta de oposição não foi boa para o Ceará e eu arco com a culpa por isso em determinado momento.

O candidato tucano ao governo foi secretário de Justiça de Cid Gomes até dois meses atrás. Marcos Cals disse que aceitou o convite porque é um profissional e que foi para cumprir uma missão partidária, mas que não tem nenhum pacto com o governo e nem votou em Cid em 2006.

Apesar de ter tido divergências enquanto esteve lá, segundo ele, não poderia sair "chutando o pau da barraca". Preocupado com os rumores de que sua candidatura fosse de fachada, afirmou que sua candidatura é para valer, mesmo reconhecendo que não fará uma oposição desvairada porque não esse o seu estilo. Depois de citar novas práticas políticas, ética e planejamento como três prioridades do seu governo, apontou qual vai ser sua diferença.

- Vou botar a simplicidade no lugar da ostentação. Vou colocar o meu diálogo à frente do absolutismo ou, pelo menos, da verdade absoluta.

Sobre o fato de ser filho de um dos coronéis derrotados em 1986, Marcos Cals disse que na época foi "autorizado" pelo pai, César Cals de Oliveira Filho, a apoiar o projeto de Tasso Jereissati, que ganhara as eleições.