terça-feira, novembro 30, 2010

Tiroteio entre aliados atrasa escolhas de Dilma


A presidente eleita, Dilma Rousseff, passou mais de seis horas ontem discutindo com seus coordenadores Antonio Palocci, futuro ministro da Casa Civil, e José Eduardo Dutra, presidente do PT, as demandas dos partidos aliados para a composição do novo governo.
Na reunião na Granja do Torto, houve queda de braço entre partidos e até entre aliados de uma mesma legenda: vetos, dossiês e denúncias contra nomes apresentados.
Essa artilharia tem dificultado a escolha de titulares de pelo menos cinco ministérios estratégicos: Saúde, Previdência, Integração Nacional, Cidades e Transportes.
O PMDB é a situação mais delicada. O principal nome do partido para a pasta das Cidades, o ex-governador Moreira Franco, foi vetado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ).
Cabral deixou clara sua contrariedade com o fato de o partido ter indicado um peemedebista do Rio sem seu aval.
Dilma decidiu repassar a pasta das Cidades para o PMDB, compensando a sigla pelo remanejamento de outros ministérios, como Comunicações e Integração Nacional. Mas não sabe como resolver essa disputa interna.
A contrariedade de Cabral cresceu com a chegada, ao núcleo da transição, de um dossiê com dados contra o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, cotado para o Ministério da Saúde. O dossiê cita investigação sobre denúncias de compra de medicamentos sem licitação na gestão de Cortês.
Outra vítima de dossiê foi o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), escolhido pela bancada do PMDB na Câmara para a Integração.
A informação repassada é que Castro pegou um empréstimo milionário com o Banco do Nordeste (BNB) para implantar um programa de irrigação no Piauí que não foi adiante. Castro confirmou um empréstimo feito por ele e seus irmãos há 15 anos, mas disse ter renegociado a dívida.
— Peguei um empréstimo para um projeto de produção de manga que não frutificou por causa do clima na região. Mas a dívida foi renegociada e está sendo paga — disse Castro.
O Ministério da Integração Nacional está no centro de outra guerra declarada pela bancada do PT do Nordeste, assunto também levado por Dutra a Dilma.
Os petistas nordestinos reclamam da "hegemonia absoluta do PT de São Paulo" entre os nomes conhecidos para a equipe: Antonio Palocci (Casa Civil), Miriam Belchior (Planejamento), Guido Mantega (Fazenda), Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) e José Eduardo Dutra (Justiça).
Os governadores petistas Jaques Wagner (BA) e Marcelo Déda (SE) lideram um movimento da bancada de deputados e senadores do PT do Nordeste para indicar o ministro da Integração Nacional.
O PSB do governador Eduardo Campos (PE) também quer esse ministério.
DEU EM O GLOBO


0 comentários:

Postar um comentário