sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Mubarak piscou


O Globo
Ao dizer que pretende sair, mas que só não o faz para evitar o caos no Egito, o ditador Hosni Mubarak piscou pela enésima vez desde o início da crise. Tudo indica que o ditador egípcio Hosni Mubarak errou ao tentar dispersar as manifestações contrárias ao seu governo na base da ameaça. Ao colocar nas ruas bandos de capangas para se confrontar com os manifestantes, o governo egípcio tentava dar ao mundo uma demonstração de que existem cidadãos que se dispõem a sair às ruas para defendê-lo.
Mas a estratégia foi tão mal construída que vários desses “manifestantes” a favor do governo foram identificados como agentes das forças de segurança do governo, e muitos deles tinham inclusive carteiras de identificação como policiais.
Em vez de demonstrar força, a ação dos capangas pagos pelo dinheiro dos contribuintes egípcios, que estão nas ruas justamente contra os abusos do Estado, trouxe à opinião pública internacional a certeza de que o governo de Mubarak não tem mais condições, sejam morais, sejam práticas, de conter a situação.
Se a ideia era assustar os manifestantes, que estão nas ruas há dez dias, também não funcionou, pois as manifestações só fizeram aumentar a partir da constatação de que os que protestam têm razões genuínas para estar nas ruas, enquanto os “defensores” de Mubarak só são mobilizados à custa de dinheiro, o que expõe ao mundo a fragilidade do atual governo.
Mubarak piscara várias vezes nos últimos dias, primeiro quando anunciou que não se candidataria a um novo mandato. Depois, quando avisou que o vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, de seu esquema militar e nomeado nos primeiros dias da revolta popular para um posto que nunca havia sido ocupado, também não seria candidato. 

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