sexta-feira, setembro 23, 2011

GSI diz a Collor que só guarda 2 papéis ultra-secretos

Luiz Alves/Ag.Senado
Fernando Collor (PTB-AL) reiterou suas ressalvas ao projeto de lei que acaba com o sigilo eterno dos documentos produzidos pelo governo.
Deu-se nesta quinta (22), em sessão da Comissão de Relações Exteriores do Senado, presidida por Collor.
Collor expôs à comissão as respostas do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República) a um pedido de informações que ele formulara.
Ministro-chefe do GSI, o general José Elito Carvalho Siqueira informou, por escrito, o seguinte:
Os arquivos do órgão guardam 8.344 documentos "reservados", 56.644 papéis "confidenciais", 4.116 "secretos" e apenas dois "ultra-secretos".
Hoje, o governo pode manter em segredo eterno o papelório “ultra-secreto”. Projeto já aprovado na Câmara cria regras que acabam com o sigilo.
Pela proposta, o governo só poderia manter os documentos longe da luz do sol por 25 anos, renováveis por igual período. Decorridos 50 anos, a divulgação seria obrigatória.
Relator do projeto no Senado, Collor se insurge contra a nova regra. Alega que a divulgação de certos dados pode pôr problemas à segurança nacional.
Aferrado ao obscurantismo, Collor destilou insatisfação ao expor as respostas do general José Elito ao colegas de comissão.
Mais realista que o rei do GSI, Collor estranhou a informação do general sobre a existência de escassos dois documentos classificados como “ultra-secretos”.
Na resposta a Collor, o chefe do GSI informa, de resto, que assinou o projeto contra o qual o senador pega em lanças.
Mais: o general anota que participou dos debates internos que resultaram na formulação da proposta.
Mais ainda: declara-se pronto para promover os ajustes de procedimentos assim que o texto for aprovado no Senado.
E Collor: “O GSI informa que acompanha tramitação e aguarda a eventual aprovação do projeto, para posterior adaptação do órgão às novas regras…”
“…Coloca-se em posição passiva diante da matéria, apesar de ser, talvez, o maior interessado na nova lei.”
Collor queixou-se, de resto, da falta de respostas do general a quatro das oito perguntas que ele formulara.
Restaram irrespondidas, segundo Collor, questões relacionadas aoprocesso de classificação dos documentos…
…À existência de acordos internacionais sobre salvaguardas de assuntos sigilosos, à existência de estudos sobre os impactos da aprovação do projeto…
…E à eventual ameaça que a divulgação dos dados sigilosos acarretará à segurança nacional.
Presente à sessão da Comissão de Relações Exteriores, a senadora Ana Amélia (PP-RS) sugeriu que fosse enviado ao GSI um novo requerimento de informações.
Collor pareceu gostar da ideia. Porém, o senador Aníbal Diniz (PT-AC) disse que pediria verificação do quorum caso o novo requerimento fosse levado a voto.
Como o quorum era baixo, Collor refluiu. E anunciou para a próxima semana a votação de um requerimento que havia sido apresentado por Francisco Dornelles (PP-RJ).
Na peça, Dornelles pede que o general José Elito seja convocado para prestar escarecimentos na comissão.
Insatisfeito com as insatisfações de Collor, o Planalto prepara-se para dar de ombros ao seu pseudoaliado.
A pedido de Dilma Rousseff, o Senado já aprovou, à revelia de Collor, um pedido de urgência para a apreciação do projeto que acaba com o sigilo eterno dos documentos oficiais.
Significa dizer que a proposta já pode ser votada diretamente no plenário do Senado.

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