segunda-feira, abril 30, 2012

DIGA NÃO ÀS DROGAS

DIGA NÃO ÀS DROGAS
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> Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo 
> de " experimenta, depois quando você quiser é só parar..." e eu fui na 
> dele.
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> Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz", da terra, que 
> não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do Chitãozinho e Xororó e em 
> seguida um do Leandro e Leonardo. Achei legal, uma coisa bem brasileira;
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> Mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais frequente, 
> comecei a chamar todo mundo de "amigo" e acabei comprando pela primeira vez.
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> Lembro que cheguei na loja e pedi: Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano. 
> Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me 
> ofereceu um CD de Axé.
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> Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... Banda Eva, Cheiro de 
> Amor, Netinho, etc.
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> Com o tempo, meu amigo foi me oferecendo coisas piores: o Tchan, Companhia 
> do Pagode e muito mais.
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> Após o uso contínuo, eu já não queria saber de coisas leves, eu queria algo 
> mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer os quadris como eu nunca 
> havia mexido antes. Então, meu amigo me deu o que eu queria, um CD do 
> Harmonia do Samba. Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, razão 
> do meu existir. Pensava só nessa parte do corpo, respirava por ela, vivia 
> por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e 
> você começa a querer cada vez mais, mais, mais...Comecei a frequentar o 
> submundo e correr atrás das paradas.
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> Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show e ao encontro 
> dos grupos Karametade e Só Pra Contrariar, e até comprei a Caras que tinha 
> o Rodriguinho na capa. Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de 
> loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro. Meus 
> polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de 
> positivo.
>
> Não deu outra: entrei para um grupo de pagode. Enquanto vários outros 
> viciados cantavam uma música que não dizia nada, eu e mais outros 12 
> infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos 
> sinais combinados. Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e 
> pedi a Coletânea As melhores do Molejo". Foi terrível!! Eu já não pensava 
> mais!!!
>
> Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas miseráveis e letras 
> pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas 
> a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço, ao limiar da 
> condição humana, quando comecei a escutar popozudas, bondes, tigres, MC 
> Serginho, Lacraias, motinhas e tapinhas. Comecei a ter delírio e a dizer 
> coisas sem sentido.
>
> Quando saía à noite para as festas, pedia tapas na cara e fazia gestos 
> obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais 
> estranhas que queriam me mostrar o caminho das pedras... 
> Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser 
> dominado pela droga mais poderosa do mercado: Ki-Kokolexo.
>
> Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a 
> única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo 
> muito duro: doses cavalares de MPB, Bossa-Nova, Rock Progressivo e Blues. 
> Mas o médico falou que eu talvez tenha de recorrer ao Jazz, e até mesmo 
> a Mozart e Bach. Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas 
> a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no 
> dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam a visão 
> para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar 
> drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável, distante.
>
> Vai perder as referências e definhar mentalmente. Em vez de encher cabeça 
> com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que 
> é droga ou não, faça o seguinte:
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> * Não ligue a TV no domingo à tarde; 
> * Não escute nada qu e venha de Goiânia ou do interior de São Paulo; 
> * Não entre em carros com adesivos "Fui....."; 
> * Se te oferecerem um CD, procure saber se o indivíduo foi ao programa da 
> Hebe ou ao Sábado do Gugu; 
> * Mulheres gritando histericamente são outro indício; 
> * Não compre um CD que tenha mais de 6 pessoas na capa; 
> * Não vá a shows em que os suspeitos façam passos ensaiados; 
> * Não compre nenhum CD em que a capa tenha nuvens ao fundo; 
> * Não compre nenhum CD que tenha vendido mais de um milhão de cópias no 
> Brasil, e 
> * Não escute nada em que o autor não consiga uma concordância verbal 
> mínima.
>
> Mas principalmente, duvide de tudo e de todos. 
> A vida é bela!!!! Eu sei que você consegue!!! Diga não às drogas!!
>
> Luis Fernando Verissimo

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